Minutos de Paz !

domingo, maio 31, 2009



Vida e Valores:O valor da oração para a vida

Por Raul Teixeira




Existe uma saída importante para o rio da vida nos levar ao mar, ao estuário da paz.Todas as vezes que queremos sair do nosso burgo e tomar a grande estrada, percorremos caminhos.





Quando queremos sair do riacho, chegar ao rio e encontrar o oceano, existem meios.





No nosso caso de vida interior, de vida espiritual, sempre que queiramos sair um pouco de nós mesmos e ir ao encontro da Divindade, desse estuário de paz, de amor, de ventura, nós o faremos através da oração.





É tão importante, é tão significativo, é tão indispensável orar, como é importante e significativa a alimentação de cada dia, o comer diário.





Afinal de contas, o que significa oração? O que quer dizer orar?





Orar é um verbo diretamente saído do latim. Orare. E orare, significa falar. Todas as vezes que falamos, oramos.





Não é à toa que os pregadores, os conferencistas são chamados de oradores.





E porque eles oram, não estão fazendo preces obrigatoriamente, estão falando.





E, por que é que nós chamamos a prece de oração?Porque nesse caso, nós estaremos falando com o nosso Criador.





Orar significará para nós, falar com Deus.E é tão importante falar com Deus.





Mas, Deus não está em toda parte? Não está em nossa intimidade e na intimidade das coisas? Por que há necessidade de nos posicionarmos, para falar com Deus?Em verdade, Deus está em toda parte; Ele é onipresente.





Deus sabe de todas as coisas. Ele é onisciente.





Nada obstante, somos nós que temos necessidade de começar a buscar o contato com Deus.





Nós é que temos necessidade de nos aprimorar para esse grande encontro no estuário da vida.





Somos nós que, quando oramos, aprendemos, pouquinho a pouquinho, a nos acercar do nosso Criador, a nos apresentar a Ele, a identificar a nossa necessidade, identificar a nossa carência, a nossa mazela.





Por causa disto, nós aprendemos a orar.





É tão importante orar.





Jesus Cristo quando esteve entre nós no mundo, nos deu lições importantíssimas a respeito da oração.





Disse-nos Ele em dado momento:Quando orardes, não façais como os hipócritas, que oram nos cantos das praças, no meio das ruas, para que sejam vistos pela multidão.





Esses, já obtiveram com isso seu galardão.





Então, Jesus Cristo nos está chamando a atenção para que não tenhamos no ato de orar, o exibicionismo dos hipócritas.





Eles querem gritar nas praças, nos cantos das ruas, mas não é porque desejam falar com Deus, eles querem receber os elogios, pelo modo como oraram, como falaram, como discursaram.





Quando Jesus Cristo propõe que não façamos como os hipócritas, é porque a oração tem sentido quando as coisas se passam em nossa intimidade.





A oração que verte pelos nossos lábios, precisa vir das nossas entranhas.





Por mais simples que seja, por mais sensível que seja, vem do nosso íntimo.





Então Jesus nos disse assim:Quando orardes, entrai para o vosso aposento e orai em secreto, uma vez que o Pai que vê tudo que se passa em secreto, vos atenderá.





Minha gente, como é importante saber isso com Jesus.





Como é importante ter essa consciência cristã de que as coisas verdadeiras são aquelas que se passam em nossa intimidade.





Quando Cristo nos pede para procurar o nosso aposento íntimo, não é o aposento físico, não é a nossa sala, o nosso quarto de dormir obrigatoriamente, é o nosso mundo íntimo.





Quando lemos o Evangelho de Lucas, no capítulo VI, Jesus nos diz que as coisas boas que o homem fala provém do bom tesouro do seu coração, como as coisas ruins advêm do mau tesouro do seu coração.





Esse coração intimidade.





Então, quando nos propõe orar em secreto, orar no íntimo, entrar para o nosso aposento, Ele está nos dizendo da importância das ações íntimas, das ações da nossa interioridade.



* * *



A oração nos traz uma outra reflexão. Como é que nós deveremos orar?





Se é um gesto da nossa intimidade, será que as posições exteriores nos ajudam a orar? Possivelmente não.





Não vale a pena pensar que, para que oremos, tenhamos que estar de pé, assentados, de joelhos, deitados.





As posições exteriores não interferem na grandeza da nossa conversa com Deus.





Se tivéssemos por obrigação que orar de joelhos, como poderia orar de joelhos alguém que estivesse acamado, operado, com uma enfermidade deformante e que não pudesse se ajoelhar?





Tudo que não pode ser aplicado em todas as circunstâncias, não pode ser uma verdade Divina.





A verdade Divina se aplica em qualquer circunstância.





Por causa disso, vale a pena nós pensarmos que, para a oração, não precisamos de gestos exteriores.





Poderemos até fazê-los, mas isso não vai pesar no conteúdo da nossa oração.





Para falarmos com Deus, não haverá nenhuma necessidade de roupas especiais.





Eu tenho que estar de rosa, de verde, de branco, de azul, de preto.





Nada disso importa.





Os panos que usamos por fora, não resolvem a questão da sintonia de dentro.





Para que nós oremos, nós precisamos apagar a luz, acender a luz, colocar fundo musical, tirar o fundo musical?





Nada disso interfere.Embora, nada disso atrapalhe.





Se o indivíduo se sente melhor orando com o fundo musical, que ele o ponha.





Se se sente melhor orando com luz acesa ou com luz apagada, nenhum problema.





O que tem que ser importante, para quem ora, é a sua postura interior, é a sua atitude interior.





Diz-se que arar é orar. Arar é o símbolo do trabalho no campo.





Então, a questão é que trabalhar é orar.





Imaginemos como ora um médico cuidando do seu paciente, à cabeceira do seu enfermo, lidando com ele na tentativa de salvar-lhe a vida, de devolver-lhe a saúde.





A integração com os poderes Superiores da vida é uma oração.





Imaginemos a oração daquele homem lavrador, que põe a semente na terra para que germine.





Germinada, possa atender à mesa e dar o pão às pessoas.





Com que unção aquele homem coloca as suas sementes na terra.





É a oração.Oração também é aquele esforço da professora.





Da professora primária, aquela que toma a criança nos seus primeiros anos, para abrir-lhe a mente e retirá-la da escuridão, dar-lhe claridade ao raciocínio, apresentando-lhe o mundo, a vida, as coisas.





Para que alguém se submeta a esse esforço de tirar água da pedra, tem que ser alguém que ore.





O trabalho de uma professora é um ato de oração, é um gesto oracional.





Nós encontraremos no trabalho das mães, ao educar seus filhos, dos pais, a orientar sua prole, o gesto oracional.





Como nós sabemos que toda ocupação útil é trabalho, todas essas coisas maravilhosas, que se realizam em nome do bem, em benefício das criaturas, da Humanidade, será um trabalho.





Alguém que leia um bom livro, alguém que faça um alimento, que prepare um prato, alguém que passe um café, que varra uma casa, que cure um doente, que defenda um necessitado, que advogue a causa dos simples, alguém que planta, que colhe, que vende.





Todos esses trabalhos, feitos honestamente, representam oração.





Nosso relacionamento com Deus, a nossa possibilidade de sair desse recanto de nossa existência, e ganharmos o mar aberto do amor Divino, pode ser conseguido através de coisas simples: uma pausa, um silêncio íntimo, e a nossa emissão para Deus.





Como os nossos pensamentos são de origem eletromagnética, naturalmente que o nosso pensamento será elevado ao mais alto que tenhamos conseguido impulsioná-lo.





E é por causa disso que verificamos a importância e a beleza de orar.





Abrir com essa chave os arquivos Divinos, abrir com essa chave os arcanos de Deus e com ela, comungar com Deus, saídos do nosso subúrbio de necessidades, para a grande metrópole do amor de Deus.




Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 135, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em janeiro de 2008. Exibido no dia 23.11.2008.



Tem Coragem

Joanna de Ângelis




Nas contingências afligentes do cotidiano e ao largo das horas que parecem estacionadas sob a injunção de dores íntimas, extenuantes, que se prolongam, não te deixes estremunhar, nem te arrebentes em blasfêmias alucinadas, com que mais complicarás a situação.



Tempestade alguma, devastadora quão demorada, que não cesse.



Alegria nenhuma, repletada de bênçãos e glórias, que se não acabe.



A saúde perfeita passa; a juventude louçã desaparece; o sorriso largo termina; a algaravia de festa silencia...



Da mesma forma, o aguilhão do infortúnio se arrebenta; a enfermidade se extingue; a miséria muda de lugar; a morte abre as portas da vida em triunfo...



Tudo quanto sucede ao homem constitui-lhe precioso acervo, que o acompanhará na condição de tesouro que poderá investir, conforme as circunstâncias que lhe cumpre enfrentar, ao processo da evolução.



Os que aspiram a fortunas alegam, intimamente, que se as possuíssem mudariam a situação dos que sofrem escassez.



No entanto, os grandes magnatas que açambarcam o poder e usufruem da abundância, alucinam-se com os bens, enregelando os sentimentos em relação ao próximo...



Quantos anelam pela saúde, afirmam, no silêncio do coração, as disposições de aplicá-la a benefício geral.



Não obstante, os que a desfrutam, quase sempre malbaratam-na nos excessos e leviandades com que a comprometem, desastrados...



O bem deve ser feito como e onde cada qual se encontre.



Em razão disso, as situações e acontecimentos de que se não é responsável, no momento, devem ser enfrentados com serenidade e moderação de atos, por fazerem parte do contexto da vida, a que cada criatura se vincula.



A vida são o conteúdo superior que dela se deve extrair e a forma levada com que se pode retirar-lhe os benefícios.



Um dia sucede o outro, conduzindo as experiências de que se reveste, formando um todo de valores, que programam as futuras injunções para o ser.



Recorre, as situações diversas, aos recursos positivos de que dispões, e aguarda os resultados desse atitude.Jesus é sempre o exemplo.



Poderia haver liberado todos os enfermos que encontrou pela senda; mas não o fez.Se quisesse, teria modificado as ocorrências infelizes, que o levaram às supremas humilhações e à cruz; todavia, sequer o intentou.



Conferiria fortuna à pobreza, à mole esfaimada que O buscava, continuamente; todavia, não se preocupou com essa alternativa.



Elegeria para o Seu labor somente homens que O compreendessem e Lhe fossem fiéis, sem temores, nem fraquezas; porém optou pelo grupo de que se cercou.Modificaria as estruturas sociais e culturais da Sua época; sem embargo, viveu-a em toda a plenitude, demonstrando a importância primacial da experiência interior e não dos valores externos, transitórios.Apresentar-se-ia em triunfo social, submetendo o reizete que Lhe decidiu a sorte; apesar disso, facultou-se viver sob as condições do momento em plena aridez de sentimentos e escassez de amor entre as criaturas...



Jesus, no entanto, conhecia as razões fundamentais de todos os problemas humanos e a metodologia lenta da evolução; identificava que a emulação pela dor é mais significativa e escutada do que a do amor, sempre preterido; sabia do valor das conquistas superiores do Espírito, em detrimentos das falazes aquisições que se deterioram no túmulo e dissociam os tesouros da alma.



Tem, portanto, coragem e faze como Ele, ante dificuldades e problemas que passarão, armando-te hoje de esperança para o teu amanhã venturoso.



Divaldo P. Franco. Da obra: Alerta. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.




No Mundo

Letícia



Contemplas, filho meu, com deslumbrada admiração, as fulgurantes expressões da inteligência culta, e reconheces, acanhado, que são modestos os teus conhecimentos.



Vês com reverencial atenção os celebrados detentores do poder político, e observas que estás longe de ostentar tão vastos cabedais de liderança.



Verificas, entusiasmado, a maravilhosa atuação dos grandes artistas, e percebes quão distanciado te encontras dos seus primores de genialidade.



Enlevam-te as demonstrações de glorioso poder de quantos se alçam em proeminência na sociedade humana, e admites que te inseres no rol dos inumeráveis anônimos da multidão.



Não sofras por isso, nem te imagines improdutivo ou inútil.



Lembra-te de que o Divino Senhor não procurou, para o seu sublime apostolado, os sábios da Terra, os potentados do tempo, os ases das elites privilegiadas.



Buscou os pescadores mais humildes do Lago, os corações mais simples e mais doces, as almas mais desprendidas e sinceras.



Foi a eles que enviou a disseminar os seus ensinos e anunciar as primícias do Reino de Seu Pai.



E foi no solo dos seus nobres sentimentos que fincou os alicerces do seu Evangelho de Luz.



Basta-te seguir, no silêncio dos bons exemplos e na singeleza das palavras alentadoras e fraternas, as luminosas pegadas do Mestre, para que o Céu opere, através de ti, os mais sublimes milagres de graça e de amor.



A riqueza divina oculta-se no mundo, ainda envolto nas trevas da ostentação e do egoísmo, anestesiado pelas enganosas aparências do falso poder.



Por isso, a bondade fecunda, que reanima e redime, ainda calça, na Terra, as sandálias da humildade e da pobreza, nos caminhos empedrados da desolação.


Hernani T. Sant'Anna. Ditado pelo Espírito Letícia. Página psicografada no Grupo Ismael, da Federação Espírita Brasileira em 15-10-1992.



Nas Conversações

André Luiz



Não se irrite com o interlocutor, se não lhe corresponde à expectativa.



Talvez não tenha sido você suficientemente claro na expressão.



Se o interpelado não atende, de pronto, cale as reclamações.



É provável que ele seja gago e, se o não for, a descortesia é uma infelicidade em si mesma.



Quando alguém não lhe der a informação solicitada, com a presteza que você desejaria, não se aborreça.



Recorde que a surdez pode atacar a todos.



Evite os assuntos desconcertantes para o ouvinte.



Todos temos zonas nevrálgicas no destino, sobre as quais precisamos fazer silêncio.



Não pergunte a esmo.



Quem muito interroga, muito fere.



Cultive a delicadeza com os empregados de qualquer instituição ou estabelecimento, onde você permaneça de passagem.



Sua mente, quase sempre, está despreocupada em semelhantes lugares e ignora os problemas de quem foi chamado a servi-lo.



Seja leal, mas fuja à franqueza descaridosa.



A pretexto de ser realista, não pretenda ser mais verdadeiro que Deus, somente de cuja Autoridade Amorosa recebemos as revelações e trabalhos de cada dia.



Se o companheiro lhe fere o ouvido com má resposta, tenha calma e espere o tempo.



Possivelmente já respondeu com gentileza noventa e nove vezes a outras pessoas, ou, talvez, acabe de sofrer uma perda importante.



Ajude, conversando.



Uma boa palavra auxilia sempre.



Lembre-se de que o mal não merece comentário em tempo algum.



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1999.


Temas de Esperança
Emmanuel



Quem goste de pessimismo, e se queixe de solidão, observe se alguém estima repousar no espinheiro.



Pense que se não houvesses nascido para melhorar o ambiente em que vives, estarias decerto em Planos Superiores.



Com a lamentação é possível deprimir os que mais nos ajudam.



Se pretendes auxiliar a alguém, começa mostrando alegria.



A conversa triste com os tristes, deixam os tristes muito mais tristes.



Quem disser que Deus desanimou de amparar a Humanidade, medite na beleza do Sol, em cada alvorecer.



Se tiveres de chorar por algum motivo que consideres justo, chora trabalhando, para o bem, para que as lágrimas não se te façam inúteis.



Nos dias de provação, efetivamente, não seriam razoáveis quaisquer espetáculos de bom humor, entretanto, o bom ânimo e a esperança são luzes e bênçãos em qualquer lugar.



Guarda a lição do passado, mas não percas tempo lastimando aquilo que o tempo não pode restituir.



Quando estiveres à beira do desalento pergunta a ti mesmo se estás num mundo em construção ou se estás numa colônia de férias.



Deus permitiu a existência das quedas d’água para aprendermos quanta força de trabalho e renovação podemos extrair de nossas próprias quedas.



Não sofras pensando nos defeitos alheios; os outros são espíritos, quais nós mesmos, em preparação ou tratamento para a Vida Maior.



Se procuras a paz, não critiques e sim ajuda sempre.



Indica a pessoa que teria construido algo de bom, sem suor e sofrimento.



Toda irritação é um estorvo no trabalho.



Deixa um traço de alegria onde passes e a tua alegria será sempre acrescentada mais à frente.



Quem furta a esperança, cria a doença.



O sorriso é sempre uma luz em tua porta



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Companheiro. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 25 edição. Araras, SP: IDE. 1999.

segunda-feira, maio 25, 2009




A Vontade



As causas da felicidade não se acham em lugares determinados do espaço.



Elas estão em nós, nas profundezas da alma.



"O reino dos céus está dentro de vós", disse o Cristo.



Tal premissa é confirmada por várias outras doutrinas.



É na vida íntima, no desabrochar de nossas faculdades, de nossas virtudes, que está o manancial das felicidades futuras.



Olhemos atentamente para o fundo de nós mesmos.



Fechemos, por alguns instantes, nosso entendimento às coisas externas.



Depois de havermos habituado nossos sentidos ao silêncio, seremos capazes de ouvir vozes fortificantes e consoladoras.



As vozes de nossas próprias consciências.



Há poucos homens que sabem ouvir seus próprios pensamentos.



Raros são aqueles capazes de reconhecer e explorar os próprios potenciais.



Geralmente alguns de nós gastamos a vida em coisas banais, improdutivas.



Percorremos o caminho da existência sem nada saber a respeito de nós mesmos, de nossas riquezas íntimas.



E então nos perguntamos: como poderemos nos valer das nossas capacidades, orientado-as para um ideal elevado?



Pela vontade!



É através dela que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado.



Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar.



Sua mobilidade constante e sua variedade infinita oferecem pequeno acesso às influências superiores.



É preciso saber concentrar-se, colocando o pensamento em sintonia com o pensamento divino.



Só assim a alma humana poderá ser envolvida pelo espírito divino, tornando-a, dessa forma, apta para realizar nobres tarefas.



A vontade é a maior de todas as potências e seu poder é ilimitado.



Sua ação é comparável a de um ímã.



O homem, consciente de si mesmo e de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços que desenvolve em determinado sentido.



Sabe que, tudo o que de bem e bom desejar há de mais cedo ou mais tarde realizar-se, nesta ou em existência futuras, quando seu pensamento estiver de acordo com as leis divinas.


*


Como é belo e consolador poder dizer: Conheço a grandeza e a força que habitam em mim.



Elas hão de ser meu amparo e minha certeza, em todos os instantes de minha vida.



Com o auxílio de Deus e dos benfeitores espirituais, hei de elevar-me acima de todas as dificuldades.



Vencerei o mal que ainda há em mim.



Abrirei mão de tudo o que me acorrenta às coisas grosseiras deste mundo, para levantar vôo em direção de estágios mais felizes.



Vejo claramente o longo caminho a ser percorrido.



Nada, porém, poderá me impedir de prosseguir nessa estrada.



Tenho um guia seguro que é a vontade de enobrecer-me e elevar-me.



Hei de conservar-me firme e inabalável, sempre em frente.



Com minha vontade conquistarei a plenitude da existência.



Farei de mim uma criatura melhor.



Para isso, basta que eu queira alcançar toda essa ventura com energia e com constância.



E diga, para mim mesmo, conclamando-me à elevação e à marcha, apressando-me, assim, para a conquista de meu próprio destino: a felicidade verdadeira.



Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na terceira parte, item XX, do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor de Léon Denis.»



Mudar e não mudar



É muito conhecida a oração que diz:



“Senhor, dê-me forças para mudar as coisas que podem ser mudadas;paciência para tolerar as que não podem ser mudadas; esabedoria para distinguir umas das outras”.



Chama-se Oração da Serenidade, e é de autoria do escritor alemão Reinhold Niebuhr.



O que é que podemos mudar?



No geral, aquilo que está dentro de nós, e depende de nossa vontade.



E o que é que não podemos mudar?



Também no geral, aquilo que está fora de nós, e não depende de nossa vontade.



Por exemplo: podemos mudar nosso caráter, mas não podemos mudar as pessoas com as quais convivemos.



Se você tiver um real interesse, desenvolverá sabedoria suficiente para distinguir o que pode e o que não pode ser mudado.



Texto extraído do Livro “Caminhos da Sabedoria” – Ubiratan Rosa



A cada um segundo suas obras

Por Momento Espírita



Nessa sentença de Jesus estão sintetizadas todas as leis que regem as questões ético-morais.



Mas de que maneira essa justiça se estabelece?



Que mecanismo coordena essa distribuição, com justiça?



Primeiro é importante lembrar que a justiça dos homens está calcada na legislação humana, com base em códigos legais criados pelos próprios homens.



Quando há um litígio qualquer, um grupo de pessoas especializadas nesses códigos analisa o processo, julga e define as penalidades aplicáveis ao réu.



A duração das penas também é estabelecida pelo juiz.



Então podemos concluir que a justiça dos homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos magistrados.



Mas com a justiça divina é diferente.



As conseqüências dos atos se dão de forma direta e natural, sem intermediários.



Em caso de uma falta qualquer, a penalidade se estabelece de maneira natural, e cessa também naturalmente, com o arrependimento efetivo e a reparação da falta.



Importante destacar que na justiça divina não há dois pesos e duas medidas.



As leis são imutáveis e imparciais, e não podem ser burladas.



Um exemplo talvez torne mais fácil o entendimento.



Se alguém resolve beber uma dose considerável de veneno, as conseqüências logo surgirão no organismo, de maneira direta e natural.



Não é preciso que alguém julgue o ato e decida o que vai acontecer com o organismo do indivíduo.



Simplesmente o resultado aparece.



Castigo? Não.



Conseqüência natural derivada do seu ato, da sua livre escolha.



Os efeitos produzidos no corpo físico não fazem distinção entre o pobre ou o rico, o religioso ou o ateu, a criança ou o adulto.



As leis divinas não contemplam exceções, nem concessões.



São justas e equânimes.



E essas conseqüências duram tanto quanto a causa que as produziu.



Uma vez passado o efeito do veneno, resta consertar o estrago e seguir em frente.



Por isso a necessidade da reparação.



Nesse caso devemos considerar que a lei da reencarnação se torna uma necessidade, para que cada um receba conforme suas obras, segundo a justiça divina.



Se a pessoa bebe veneno e morre, as conseqüências do seu ato a seguirão no mundo espiritual, pois ela sai do corpo mas não sai da vida.



Por vezes, é necessário renascer num novo corpo marcado pelos estragos que o veneno produziu.



Castigo? Certamente não.



Conseqüência direta e natural.



No campo moral a justiça divina se dá da mesma maneira, distribuindo a cada um segundo suas obras, sem intermediários.



Mas como conhecer essas leis?



Ouvindo a própria consciência, que é onde se encontra esse código divino.



Não é outro o motivo que leva a pessoa corrupta, injusta, violenta, hipócrita, a tentar anestesiar a consciência usando drogas, embriagando-se para aplacar o clamor que vem da sua intimidade.



Uma vez mais podemos considerar que Jesus realmente é o maior de todos os sábios.



Numa sentença sintética ele ensinou tudo o que precisamos saber para conquistar a nossa felicidade.



Sim, porque se as conseqüências dos nossos atos são diretas e naturais, podemos promover, desde agora, conseqüências felizes para logo mais.



E se hoje sofremos as conseqüências de atos infelizes já praticados, basta colher os resultados, sem se queixar da sorte, e agir com uma conduta ético-moral condizente com o resultado que desejamos obter logo mais.



Pense nisso!Nas leis divinas não existem penas eternas.



As conseqüências infelizes duram tanto quanto a causa que as produziu.



Assim, como depende de cada um o seu aperfeiçoamento, todos podem, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou abreviar seus sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto não lhes põe termo.



Dessa forma, se você deseja um futuro mais feliz, busque ajustar seus atos a sua consciência, que é sempre um guia infalível onde estão escritas as leis de Deus.



E, se em algum momento surgir a dúvida de como agir corretamente: faça aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, e não haverá equívoco.



Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em A Gênese, de Allan Kardec, item 32, cap. I.



O Talento Esquecido

Emmanuel



No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões.



Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.



Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.


*


Há, porém, um talento de luz acessível a todos.



Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos.



Aparece em toda parte.



Salienta-se em todos os ângulos da luta.



Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.



E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.



É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhâ fale sem palavras de nossas elevadas intenções.


*


Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.



Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.



É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias obras.




Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Araras, SP: IDE. 1978.

sábado, maio 23, 2009


Trabalho abençoado

Por Momento Espírita


A palavra trabalho pode ser definida como um exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa.



Então, tudo aquilo que fizermos para nos melhorar material, moral ou intelectualmente pode ser chamado de trabalho.



Desde as tarefas domésticas, passando pelos estudos e pelo trabalho remunerado, o homem passa a maior parte de sua vida voltado para o trabalho.



Muitos não valorizam as tarefas domésticas por não achá-las dignas, ou porque não são remuneradas.



Na verdade, este é um trabalho fundamental na família, pois organiza o lar deixando-o acolhedor.



Nas tarefas domésticas temos a oportunidade de expressar nosso amor pela casa e família, com limpeza, organização, alimentação.



Também, uma forma de iniciar as crianças no trabalho, solicitando sua cooperação.



Os estudos, desde a infância até a vida adulta, são uma forma de evoluirmos intelectualmente, preparando-nos para uma futura profissão.



O trabalho remunerado ou emprego é lembrado, pela maior parte das pessoas, como uma forma de conseguir um salário e assim sustentar-se e à sua família.



Sem dúvida, esta é uma das razões pela qual trabalhamos, mas seria muito limitado ver esta atividade apenas desta forma.



Em nosso emprego podemos aplicar, muitas vezes, tudo aquilo que estudamos.



Isso nos realiza, e, geralmente nos faz buscar mais aperfeiçoamento.



No ambiente de trabalho aprendemos a nos relacionar com pessoas muito diversas, trabalhando nossa humildade para obedecer, nossa paciência, nossa solidariedade, e, não raro, nossa bondade e bom senso para bem chefiar.



Há muitos que iniciam seu trabalho precocemente devido à necessidade de sustento próprio, não tendo a oportunidade de escolher uma profissão através do estudo.



Isso, de maneira alguma, diminui a importância de seu trabalho.



Lembremos que, não importa o que fazemos, devemos ter em mente que somos parte de uma imensa cadeia, e que devemos fazer o melhor que pudermos.



Se o emprego que temos nos desagrada, procuremos outro com paciência e humildade.



Estudemos mais, melhoremos nosso currículo para, no tempo certo conseguirmos outra oportunidade.



Se o salário não nos parece suficiente, sejamos prudentes com nossos gastos e nos eduquemos financeiramente, pois, talvez este seja o objetivo de passarmos por esta situação.



O importante é lembrar que o trabalho é uma forma de evolução a nós concedida por Deus.



Por isso, a importância de sempre ser feito com amor e dedicação.



Lembremos que Jesus, Espírito puro, trabalhou como carpinteiro, junto a Seu pai, para o sustento da família, nos dando um admirável exemplo de humildade e dedicação.



Não nos esqueçamos de agradecer diariamente a Deus, o trabalho que temos, braçal, intelectual, seja o que for.



Tenhamos em mente que pelo trabalho desenvolvemos e exercitamos habilidades, progredindo material e espiritualmente.



Redação do Momento Espírita com base no cap. 11 do livroEstudos espíritas, pelo Espírito Joanna de Ângelis,psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.Feb.



O bambu chinês
Por Momento Espírita



O bambu chinês (bambusa mitis) é uma planta da família das gramíneas, nativa do Oriente.



Destacamos aqui uma particularidade muito interessante, relativa ao seu crescimento.



Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.



Durante 5 anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu.



O que ninguém vê, é que uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo cuidadosamente construída.



Então, lá pelo final do quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir a altura surpreendente de 25 metros.



Quantas coisas em nossa vida são similares ao bambu chinês...



Trabalhamos, investimos tempo, esforço, dedicação, e às vezes não vemos resultado algum por semanas, meses ou anos.



Quem sabe, se lembrarmos desta lição que a natureza nos dá, através do bambu chinês, teremos a paciência necessária para esperar o tal quinto ano.



Assim não deixaremos de persistir, de lutar, de investir em nós mesmos, sabendo que os frutos virão com o tempo.



Muitos ainda somos imediatistas, desejando o retorno fácil, a conquista instantânea.



Esquecemos que todas as grandes e valorosas conquistas da alma demandam tempo, exigem esforço de muitos e muitos anos, e às vezes de muitas vidas.



Este hábito de não desistir de nossos objetivos, de continuar tentando, de não se abalar perante os inevitáveis obstáculos, constitui uma virtude.



Continuar, persistir, manter constância e firmeza, fazem parte da importantíssima virtude da perseverança.A perseverança é o combustível dos vencedores.



Mas não dos vencedores mundanos, de vitórias superficiais e transitórias.



Mas daqueles que vencem a si mesmos, que vencem dificuldades no anonimato.



Thomas Edison, homem perseverante, afirmou que nossa maior fraqueza está em desistir, e que o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez.



E quantas centenas de vezes ele tentou fabricar sua lâmpada, sem sucesso...



E o mais interessante é que as muitas tentativas frustradas lhe davam mais forças ainda.Eu não falhei. - dizia ele.



Encontrei 10 mil soluções que não davam certo.



Em outro momento afirmou que os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro: senso comum.



Aprendamos com esses expoentes que muito conseguiram, não vislumbrando apenas os louros da glória, ou apenas admirando contemplativamente.



Respeitemo-los por suas aquisições valorosas, e enxerguemos o caminho todo que trilharam até conseguir seu sucesso.


* * *


Não asseveres: É-me impossível fazer!Não redargas: Não consigo!


Nunca informes: Sei que é totalmente inútil aceitar.


Nem retruques: É maior do que as minhas forças.


Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.



Redação do Momento Espírita com base no cap. 39, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

segunda-feira, maio 18, 2009



Quem Eu Sou?



Penso em Deus, penso na vida, penso em tudo que me cerca e me interrogo a respeito da função de tudo quanto vibra, de tudo quanto existe sob os céus e guardo grande ansiedade de saber sobre mim mesmo.



Quem sou eu no contexto do universo?



Serei, tão-somente, um corpo que desfila inteligentes quão misteriosas habilidades?



Serei um caminhante solitário, em meio à gigantesca massa humana, destinado a encarar complicados problemas, a enfrentar desafios?



Serei um átomo excitado diante dos esplendores das incontáveis galáxias?



Serei, porventura, produto da casualidade sem projeto, sem programa, sem razão de ser?



Como explicar-me a mim próprio como um itinerante aprendiz das pautas do infindo cosmo?



Serei alguém fadado ao sofrimento, a chorar de pesar em todos os momentos?



Serei um ser destinado à intensa dor, duradoura, sem esperança de tempos melhores, de felicidade?



Serei um indivíduo levado pelas mãos do desencanto à estalagem das ansiedades e das frustrações?



Somente há dor e fel por onde eu possa trilhar, como se toda a existência não passasse de um fumo entediante, asfixiante, a sugar-nos a vontade de avançar, de sorrir, de louvar?



Retorno à fonte do meu senso interno e vejo que há lucidez em cada coisa que existe, em cada ser que erra.



Sinto que não nascemos pra ser tristes e viver entre dor, gemido e pranto, mas, aqui estamos para alcançar o bem mais santo, e avançar para o progresso e conquistar o encanto de agir com Deus nas lutas do mundo, de vibrar na alegria, no júbilo fecundo, até o tempo longínquo da áurea plenitude.



Sinto que sou caminhante do infinito, e, não obstante o horror, a amargura, o choro, o grito, embora estando na terra entre teimosias, aflito, o meu destino é sem dúvida estelar.



Agora sei que nasci para servir, pra ser feliz, crescer e amar.



Cheguei ao mundo nos planos do Criador, que espera que me faça um lavrador a semear nos corações, em redor dos meus passos, as sementes de esperança, de alegria e de paz, que onde eu vá me transforme num servidor da verdade, do trabalho e da harmonia.



Sei que sou cidadão universal, irmão da humanidade, indubitavelmente, filho do Deus altíssimo, bom, justo e clemente, dotado do melhor recurso para fazer brilhar a divina luz em mim.



E, ante os desafios terrenos, dizer não ou dizer sim, com responsabilidade, com razão e com ternura.



Sou caminhante da eternidade.



Sou dedicado aprendiz buscando disciplina, revestido de um manto de matéria fina, quintessência, formosura que impulsiona para Deus.



E agora que me vejo repleto de certezas que me asseguram a estabilidade na consciência do que sou, sei que imerso no hálito paterno do Criador da vida me completo, a cada dia vivendo virtudes, transformando em ternuras gestos rudes, suavizando o que sou para o futuro, obra-prima de Deus, luz coagulada, a galgar a evolução em toda estrada, o que é do senhor sagrado fim, ver-me, astro a brilhar, nas rotas do infinito.


...............


Nesta bela página ditada pelo Espírito Ivan de Albuquerque, através da mediunidade de Raul Teixeira, encontramos a resposta transcendente para a pergunta que cala fundo em nós: "quem sou eu?"




Equipe de Redação do Momento Espírita, adaptação de mensagem do Espírito Ivan de Albuquerque, psicografada em 03.7.2002, na Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ, pelo médium Raul Teixeira.»

domingo, maio 17, 2009


As profissões de minha mãe

Momento Espírita



Minha mãe foi, com certeza, a mulher que mais profissões exerceu em toda sua longa vida, sem ter sequer concluído o curso fundamental.


Tudo que ela aprendeu foi nas primeiras quatro séries que cursou, quando criança. Contudo, era de uma sabedoria sem par.


Descobri que minha mãe era uma decoradora de grandes qualidades, à medida que eu crescia e observava que ela sempre tinha um local no melhor móvel da casa, para as pequenas coisas que fazíamos na escola, meu irmão e eu.


Em nossa casa, nunca faltou espaço para colocar os quadrinhos, os desenhos, os nossos ensaios de escultura em barro tosco.


Tudo, tudo ganhava um espaço privilegiado. E tudo ficava lindo, no lugar que ela colocava.


Descobri que minha mãe era uma diplomata, formada na melhor escola do mundo (nosso lar), todas as vezes que ela resolvia os pequenos conflitos entre meu irmão e eu.


Fosse a disputa pela bicicleta, pela bola, pelo último bocado de torta, de forma elegantemente diplomática ela conseguia resolver.


E a solução, embora pudesse não agradar os dois, era sempre a mais viável, correta, honesta e ponderada.


Descobri que minha mãe era uma escritora de raro dom, quando eu precisava colocar no papel as idéias desencontradas de minha cabecinha infantil.


Ela me fazia dizer em voz alta as minhas idéias e depois ia me auxiliando a juntar as sílabas, compor as palavras, as frases, para que a redação saísse a contento.


Descobri que minha mãe era enfermeira, com menção honrosa, toda vez que meu irmão e eu nos machucávamos.


Ela lavava os joelhos ralados, as feridas abertas no roçar do arame farpado, no cair do muro, no estatelar-se no asfalto.


Depois, passava o produto antisséptico e sabia exatamente quando devia usar somente um pequeno bandaid, o curativo ou a faixa de gaze, o esparadrapo.


Descobri que minha mãe cursara a mais famosa Faculdade de Psicologia, quando ela conseguia, apenas com um olhar, descobrir a arte que tínhamos acabado de aprontar, o vaso que tínhamos quebrado.


E, depois, na adolescência, o namoro desatado, a frustração de um passeio que não deu certo, um desentendimento na escola.


Era uma analista perfeita. Sabia sentar-se e ouvir, ouvir e ouvir.


Depois, buscava nos conduzir para um estado de espírito melhor, propondo algo que nos recompusesse o íntimo e refizesse o ânimo.


Era também pós-graduada em Teologia.


Sua ciência a respeito de Deus transcendia o conteúdo de alguns livros existentes no mundo.


O seu era o ensino que nos mostrava a gota a cair da folha verde na manhã orvalhada e reconhecer no cristal puro, a presença de Deus.


Que nos apontava a fúria do temporal e dizia: Deus vela. Não se preocupem.


Que nos alertava a não arrancar as flores das campinas porque estávamos pisando no jardim de Deus.


Um jardim que Ele nos cedera para nosso lazer, e que devíamos preservar.


Ah, sim. Ela era uma ecologista nata.


E plantava flores e vegetais com o mesmo amor.


Quando colhia as verduras para as nossas refeições, dizia: Não vamos recolher tudo.

Deixemos um pouco para os passarinhos.


Eles alegram o nosso dia e merecem o seu salário.


Também deixava uns morangos vermelhinhos bem à mostra no canteiro exuberante, para que eles pudessem saboreá-los.


Era sua forma de manifestar sua gratidão a Deus pelos Seus cuidados: alimentando as Suas criaturinhas.


Minha mãe, além de tudo, foi motorista particular.


Não se cansava de ir e vir, várias vezes, de casa para a escola, para a biblioteca, para o dentista, para o médico, para o teatro e de volta para casa.


Também foi exímia cozinheira, arrumadeira, passadeira, babá.


E tudo isto em tempo integral.


Como ela conseguia, eu não sei.


Somente sei que agora ela está na Espiritualidade.


E Deus, como recompensa, por tantas profissões desempenhadas na Terra, lhe deu uma missão muito, muito especial: a de anjo guardião dos filhos que ficaram na bendita escola terrena.


Redação do Momento Espírita.Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep


Muitas flores e o nosso carinho para minha mãe, que há 11 anos nesta data partia para a Pátria Espiritual ...