quarta-feira, agosto 31, 2011







Cantando com alegria





Quem já não se extasiou com as interpretações de Andrea Bocelli? A sua versatilidade encanta.


Ele tanto interpreta magnificamente peças religiosas quanto canções de amor, de gosto bem popular.


No entanto, o que chama a atenção não é somente a voz, mas o sorriso sempre presente em sua face.


E, contudo, é cego. Como pode alguém, desprovido da visão, viver a sorrir?


Mas, Andrea, ao nascer não era cego. Veio à luz em Lajatico, cresceu na fazenda da família, a cerca de quarenta quilômetros da cidade de Pisa, na Itália.


Cedo demonstrou ser portador de evidentes problemas de visão. Estudos clínicos diagnosticaram glaucoma.


Como todo menino brincava, ia à escola, praticava esportes.




Desde a infância, ele se apaixonara pela música e sua mãe costumava dizer que a música era a única coisa que o consolava, após a perda completa da visão.


Aos seis anos de idade, iniciara suas aulas de piano, depois as de flauta, saxofone, trompete, harpa, violão e bateria.


Na infância, tocava órgão na igreja que se situava próxima à casa, onde ia todos os domingos com a avó.



Aos doze anos, enquanto jogava futebol, Andrea foi atingido na cabeça e perdeu definitivamente a visão.Poderemos pensar que para quem nunca teve visão, fácil será a aceitação e adaptação.



Foi também, aos doze anos de idade, que venceu o prêmio Margherita D'oro, com a canção O sole mio. Foi a primeira de muitas vitórias em competições musicais.


Bocelli graduou-se em Direito, pela Universidade de Pisa, chegando a advogar durante um ano.


A música, contudo, era sua paixão e a ela se dedicou em tempo integral.


Nunca parou o treinamento vocal e o sucesso foi chegando. Em 1994, apresentou-se no festival de San Remo e venceu com a canção Il mare calmo della sera, o que o levou ao primeiro disco de ouro.


Depois, foram apresentações em óperas, concertos, parcerias com grandes nomes da música internacional.


Se Deus colocou uma flauta mágica em sua garganta, que ele bem sabe aproveitar, para espalhar alegria no mundo, jamais esqueceu de servir ao bem.



Bocelli cantou em muitos eventos de caridade, no mundo inteiro, como no local dos destroços do World Trade Center, em outubro de 2001.



Participou no projeto de cd para o Fundo de Ajuda para as Vítimas do Tsunami de 2004 e apresentou-se num grande concerto transmitido pela televisão na Itália, em março de 2005, chamado Música para a Ásia.



Ofereceu concertos para a Fundação de Pesquisa Arpa, da qual ele é presidente honorário.




Não se limitando a cantar, Andrea contribuiu para vários trabalhos escritos. Escreveu, inclusive, uma autobiografia, A música do silêncio, que foi publicada em 1999.


*
Andrea percorre o mundo e canta, com a alma, com sua alegria. Louva ao Senhor a cada dia, tornando o mundo mais musical.



Colabora para a elaboração do mundo melhor que todos desejamos. O mundo que podemos auxiliar a construir, com o que temos, com o que somos.



Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita, com dados biográficos de Andrea Boccelli.


Disponível em www.momento.com.br



Certamente Andrea Bocelli está no Limiar das Estrelas !!!



A profissão ideal



Uma vida equilibrada e feliz possui como um de seus importantes ingredientes o aspecto profissional.

Afinal, uma parcela substancial da existência humana é gasta no trabalho.

Muitos escolhem sua atividade com base em questões financeiras.

Também costumam levar em conta a vaidade e o orgulho.

Nessa equação, entram em cena o histórico familiar e a opinião dos outros.

Não se indagam a respeito de seus gostos e tendências.

Por conta disso, mais parecem condenados a trabalhos forçados do que profissionais livres e realizados.

Abominam os dias úteis, enquanto esperam ansiosamente os finais de semana, os feriados e as férias.

As aptidões naturais são um valioso indicativo das atividades que se pode realizar com competência e satisfação.

Não se olvida que a vida material apresenta exigências, que devem ser satisfeitas.

Quem assume compromissos precisa dar conta deles.

Não é viável decidir que de nada se gosta e tornar-se um peso para os parentes e a sociedade.

Existem profissões adequadas ao próprio caráter e habilidades.

Mas, qualquer que seja a atividade, alguns problemas se apresentam.

A vida humana sempre tem desafios e dificuldades.

É mediante seu enfrentamento que o caráter é burilado e as virtudes se afirmam.

Quem procura uma profissão ideal, bem remunerada, sem pressão e isenta de crises, não a encontra.

Caso se dedique a buscá-la, trocará constantemente de emprego e atividade, sem nunca se dar por satisfeito.

Assim, não se trata de buscar a perfeição, que realmente não existe na Terra mas, de identificar algo cujo realizar traga satisfação.

Em uma sociedade que evolui, as diferenças salariais se tornam menores.

As profissões mais sofisticadas, que pressupõem grande preparo, sempre ensejam remuneração superior.

Contudo, os trabalhadores mais modestos também conseguem viver com dignidade.

Nesse contexto, o talento pessoal é algo a ser considerado
Havendo possibilidade, trabalhar em algo de que se gosta torna a vida leve e agradável.

Talvez esse trabalho não seja considerado o melhor pelos amigos e pela família.

Provavelmente, não renderá uma fortuna.

Mas quem irá desempenhá-lo é que deve decidir o que lhe convém.

Ademais, ninguém consegue realmente se sobressair ao fazer algo que não aprecia.

Sem vocação para uma tarefa, o desempenho tenderá a ser sempre mediano, quando não sofrível.

E é difícil ser bem remunerado fazendo algo que se detesta.

Assim, ao escolher sua profissão, preste atenção em seus talentos.

Sem olvidar aspectos práticos, procure algo que consiga fazer bem e com prazer.

Isso tornará sua vida mais simples e feliz!


 

Redação do Momento Espírita, com base no item 928 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

Disponível em www.momento.com.br

segunda-feira, agosto 29, 2011


Amigo de si mesmo

Verdadeiras amizades são presentes que a vida nos oferece. Sempre haverá escritores, poetas, romancistas a cantar as benesses e alegrias que uma amizade pode nos ofertar.


A vida sem amigos é menos colorida, mais pesada, um tanto atribulada. São os amigos que dão uma cor a mais no cotidiano, que aliviam nossas penas e acalmam nossa caminhada.


E tão excelente se faz uma amizade quanto raro é se encontrar um amigo. Amigo desses de verdade, que tem no altruísmo, na generosidade e no carinho o toque do seu agir.


Amigo que é capaz de nos dizer não, quando o mais fácil seria concordar; de não compactuar com nossos desatinos quando o mais cômodo seria consentir; de não aquiescer com nosso erro quando mais confortável seria aprovar.


Faz-nos tanta falta o aconchego de um amigo! Somos tão carentes de uma amizade verdadeira que, não raro, damos o nome de amigo a quem não faz jus a tal apreço.


Confundimos a nobre virtude da amizade com aqueles que conseguem conosco dividir os risos fáceis, mas que percebemos se ausentam nos dias de austeridade.


Incluímos no rol dos nossos amigos, enobrecendo-os com o título, aqueles que são capazes de, afundados em erros e infelicidades próprias, nos arrastarem para os mesmos vales de dificuldades morais pelos quais trafegam.


Carregamos, não raro, marcas profundas de carências emocionais e uma ansiedade intensa por criar laços de amizades para aplacar a sede de afeto.


Por conta disso, vinculamo-nos a essa ou aquela pessoa que pouco faz por nos merecer a honraria da amizade.


De maneira rápida e breve, já estamos nós a confiar e a fiar longas horas em conjunto com esse ou aquele que nos surge, sem nos apercebermos do que traz na alma, dos valores, nem sempre nobres, com os quais prefere pautar sua vida, e das viciações morais que elegeu para se conduzir.


Assim, o dito popular que afirma antes só do que mal acompanhado passa a fazer sentido, nesses momentos de ansiedade por construirmos laços de amizade, nem sempre saudáveis e proveitosos.



Se aguardas aquelas almas que façam jus ao galardão da amizade, asserena-te um tanto mais. Elas chegarão.


A solidão, em alguns momentos, se fará melhor companhia do que ilusórias amizades que poderão te carregar por experiências de difícil monta.


Apacienta-te perante a vida, e aguarda sem desanimar.


Fica atento e tranquilo porque o tempo não decepciona a quem sabe esperar trabalhando.


Sê, antes de tudo, o melhor amigo de ti mesmo.


Não te permitas corromper teus valores, desviar o rumo que elegeste, sair do roteiro feliz e correto que escolheste.


Lembra que ficarás carregando felicidades ou dificuldades que amealhaste na vida, respondendo por todas as opções que fizeste no teu caminhar.


Redação do Momento Espírita, com base no cap.15, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

Disponível em www.momento.com.br
Nossa homenagem ao Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, pelos 180 anos de seu renascimento em Riacho do Sangue - CE no dia 29 de Agosto de 1831 .

Nossa gratidão a esse Espírito tutelado pela Mãe Santíssima e que do Plano Espiritual prossegue na sua missão de Médico dos Pobres e Amigo de todos que a ele pedem socorro para suas dores físicas e morais.

Que Jesus permita que essas flores cheguem até Ele como rosas espirituais com o perfume da nossa gratidão pelos seus ensinamentos .









PRECE DA SERENIDADE


Senhor, conceda-me serenidade


para aceitar as coisas


que não posso modificar,


coragem para modificar

aquelas que posso,


e sabedoria para reconhecer


a diferença entre uma e outra.

domingo, agosto 28, 2011









A Vida



Henfil


"Por muito tempo eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.

Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de

começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga.

Aí sim, a vida de verdade começaria.

Por fim, cheguei a conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade.

Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade.

A felicidade é o caminho!

Assim, aproveite todos os momentos que você tem.

E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.

Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade;

Até que você volte para a faculdade;

Até que você perca 5 quilos;

até que você ganhe 5 quilos;

até que você tenha tido filhos;

até que seus filhos tenham saído de casa;

até que você se case;

até que você se divorcie;

até sexta à noite;

até segunda de manhã;

até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova;

até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos;

até o próximo verão, outono, inverno;

até que você esteja aposentado;

até que a sua música toque;

até que você tenha terminado seu drink;

até que você esteja sóbrio de novo;

até que você morra;

E decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo ...

Lembre-se:

"Felicidade é uma viagem, não um destino"

sábado, agosto 27, 2011

Decisão de Ser Feliz

Joanna de Ângelis

Empenha-te ao máximo para tornar tua vida agradável a ti mesmo e aos outros.
É importante que, tudo quanto faças, apresente um significado positivo, motivador de novos estímulos para o prosseguimento da tua existência, que se deve caracterizar por experiências enriquecedoras.
Se as pessoas que te cercam não concordarem com a tua opção de ser feliz, não te descoroçoes, e, sem qualquer agressão, continua gerando bem-estar.

És a única pessoa com quem contarás para estar contigo, desde o berço até o túmulo, e, depois dele, como resultado dos teus atos…

Gerar simpatia, produzindo estímulos otimistas para ti mesmo, representa um crescimento emocional significativo, a maturidade psicológica em pleno desabrochar.

É relevante que o teu comportamento produza um intercâmbio agradável, caricioso, com as demais pessoas. No entanto, se não te comprazer, transformar-se-á em tormento, induzindo-te a atitudes perturbadoras, desonestas.

Tuas mudanças e atitudes afetam aqueles com os quais convives. É natural, portanto, que te plenificando brindem-te com mais recursos para a geração de alegrias em volta de ti.

Todos os grandes líderes da Humanidade lutaram até lograr sua meta – alcançar o que haviam elegido como felicidade, como fundamental para a contínua busca.

Buda renunciou a todo conforto principesco para atingir a iluminação.

Maomé sofreu perseguições e permaneceu indômito até lograr sua meta.

Gandhi foi preso inúmeras vezes, sem reagir, fiel aos planos da não-violência e da liberdade para o seu povo.

E Jesus preferiu a cruz infamante à mudança de comportamento fixado no amor.

Todos quanto anelam pela integração com a Consciência Cósmica geram simpatia e animosidade no mundo, estando sempre a braços com os sentimentos desencontrados dos outros, porém fiéis a si mesmos, com quem sempre contam, tanto quanto, naturalmente, com Deus.
Quando se elege uma existência enriquecida de paz e bem-estar, não se está eximindo ao sofrimento, às lutas, às dificuldades que aparecem. Pelo contrário, eles sempre surgem como desafios perturbadores, que a pessoa deve enfrentar, sem perder o rumo nem alterar o prazer que experimenta na preservação do comportamento elegido. Transforma, dessa maneira, os estímulos afligentes em contribuição positiva, não se lamentando, não sofrendo, não desistindo.

Quem, na luta, apenas vê sofrimento, possui conduta patológica, necessitando de tratamento adequado.
A vida é benção, e deve ser mantida saudável, alegre, promissora, mesmo quando sob a injunção libertadora de provas e expiações.

Tornando tua vida agradável, serão frutíferos e ensolarados todos os teus dias.

Franco,Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis
 


Definição

Leopoldo Fróis



Disse alguém que a permanência na Terra é semelhante a um baile de máscaras, em que alguns entram, enquanto outros saem.


Para mim, no entanto, que me consagrei ao teatro na última romagem por aí, suponho mais razoável a comparação do mundo a velho e sempre novo cenário, onde representamos nossos papéis, ensaiando para exercer funções gloriosas de almas conscientes na eternidade.


Cada existência é uma parte no drama evolutivo. Cada corpo é um traje provisório, e cada profissão uma experiência rápida.


A vida é a peça importante.


O período de tempo, que medeia entre uma entrada pelo berço e uma saída pelo túmulo, é precisamente um ato para cada um de nós no conjunto.


Muito importante é a arte de viver cada qual o seu próprio papel.


Há lamentáveis distúrbios, no elenco e na platéia, sempre que um dos artistas invada as atribuições do colega no argumento a ser vivido no palco, sobrevindo verdadeiras calamidades, com desagradável perda de tempo, em todas as ocasiões em que se despreze aquela norma.


A representação reclama inteligência, fidelidade, firmeza, emoção e eficiência, com aproveitamento integral dos lances psicológicos, e alta capacidade de autocrítica.


Nunca chorar no instante de rir e jamais sorrir no momento da lágrimas.


Providenciar tudo a tempo.


Tonalizar a voz e medir os gestos, para não converter a tragédia em truanice; respeitar as convenções estabelecidas, a fim de que o artista não desça da galeria do astro ao terreiro do bufão.


Segundo o parecer dos sensatos homens da antiguidade, o sapateiro não se deve exceder no salão do pintor, e o pintor, a seu turno, precisa comedir-se na tenda do sapateiro.


Encarnando um juiz, um político, um sacerdote, um beletrista, um negociante ou um operário, não será aconselhável apresentarmos obra muito diferente do trabalho daqueles que nos precederam, investidos em obrigações idênticas: correríamos o risco da excentricidade e do apedrejamento.


Compete ao nosso bom senso talhar o figurino, tendendo para o melhor, sem escandalizar, contudo, os moldes anteriores.


O comerciante não deve absorver o papel do filósofo, embora o admite e lhe siga as regras. O homem de idéias, por sua vez, não deve furtar o papel do mercador, apesar de convidá-lo à meditação.


Atulhando o edifício em que funciona o teatro, há sempre grande massa de bonecos, no almoxarifado da instituição. É a turba compacta de pessoas que nada fazem pela própria cabeça, constituída por ociosos de todos os feitios, a formarem o “grand-guignol” da vida comum, habitualmente manejados por hábeis ventríloquos da inteligência.


E, enchendo o subterrâneo ou cercando as gambiarras e os tangões, temos o exército dos que arrastam escadas e pedras, móveis e cortinas, na qualidade de tecelões do verdadeiro urdimento para as mutações necessárias. São eles os rito'>espíritos acovardados ou preguiçosos, que renunciam ao ato de escolher o próprio caminho e que abominam o conhecimento, a elevação e a aventura, entronizando o comodismo em ídolo de suas paixões enfermiças. Demoram-se longo tempo na imbecilidade e na teimosia, suportando pesos atrozes pela compreensão deficiente.


No proscenio, focalizados por luzes de grande efeito, movimentam-se os atores e as atrizes da ação principal. São pessoas que se impõem no palco vivo. Discutem. Apaixonam-se. Gritam. Criam emoções para os outros e para si mesmos. Agitam-se, imponentes, na grandeza ou na miséria, na glória ou na decadência. Respiram, conscientes da missão que lhes cabe.


São geralmente calmos na direção e persistentes na ação. Transitam, através dos bastidores, obstinados e serenos, com segurança matemática. Pronunciam frases bem meditadas, usam guarda-roupa adequado e não traem a mímica que lhes compete.


Homens e mulheres, acordados para a vida e para o mundo, caminham para os objetivos que traçaram a si mesmos. Entre eles vemos príncipes e sábios, rainhas e fadas, ricaços e pobretões, poetas e músicos, comendadores e caravaneiros, noivas e bruxas, artífices e palhaços. Com diferenças na máscara e no coração, cada um deles funciona dentro da posição que a peça lhes designa. Cada qual responde pela tarefa que lhe é peculiar.


O espírito, que, durante alguns dias, desempenhou com maldade e aspereza a função da governança, volta à mesma paisagem na situação do dirigido. O juiz que interferiu, indebitamente, no destino de muitas pessoas, regressa ao palco nalgum caso complicado, para conhecer, com mais precisão, o tribunal onde colaborou vestindo a toga, depressa restituída a outros julgadores. O operário inconformado, que se entrega à indisciplina e à rebelião, volta, às vezes, ao grande teatro da vida, exibindo o título de administrador, a fim de conhecer quantas aflições custa o ato de responsabilizar-se e dirigir. O médico distraído na ambição do lucro efêmero volve em algum catre de paralítico, de modo a refletir na importância da Medicina. Sacerdotes indiferentes ao progresso das almas retornam curtindo a desventura dos órfãos da fé. Homens endemoninhados, que atravessam a cena quais faunos bulhentos, perturbando as ninfas da virtude e impossibilitando-lhes o ministério maternal, não raro se vestem com trajes femininos e comparecem, de novo, ao palco, sabendo, agora, quanto doem na mulher o abandono e o menosprezo, a ironia e a humilhação.


O papel mais pesado é sempre aquele que se reserva aos heróis e aos santos, porque esses atores infelizes vivem cercados pelas exigências do teatro inteiro, embora, no fundo, sejam também personalidades frágeis e humanas.


O que conforta de maneira invariável é que há lugar e missão para todos. Cada criatura dá espetáculo para as demais. Entretanto, para a tranqüilidade de todos, ninguém se lembra disso. E a peça vai sendo admiravelmente representada, sob recursos de supervisão que estamos muito longe de aprender.


Eis-me, pois, amigo, nestas páginas, que estimularão entre as pessoas sensatas a certeza da sobrevivência da alma.


Não tenho qualquer mensagem valiosa a enviar-lhe. Digo-lhe apenas, usando a experiência pessoal que o tempo hoje me confere, que esse mundo é, realmente, um grande teatro. Represente o seu papel com serenidade e firmeza e, decerto, você receberá tarefa mais importante no ato seguinte.

 
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Leopoldo Fróis. Do livro: Falando à Terra.