Oração curativa – Padre Estáquio
Arnaldo Rocha
A reunião da noite de
11 de novembro de 1954 trouxe-nos a confortadora visita do Espírito de Padre
Eustáquio.
Sacerdote extremamente consagrado ao bem, nosso amigo
residiu, por alguns anos, em Belo
Horizonte, onde, através de seu nobre coração e de sua mediunidade curadora,
inúmeros sofredores encontraram alívio.
Sempre rodeado por verdadeira multidão de Infelizes, Padre
Eustáquio foi o apóstolo das curas, das
quais se ocuparam largamente os jornais de nosso País.
E, continuando,
além-túmulo, o seu ministério sublime, conforme a observação dos médiuns
clarividentes de nosso grupo, compareceu às nossas preces acompanhado por uma
pequena multidão de Espíritos conturbados e infelizes a lhe pedirem socorro.
O prezado visitante senhoreou as faculdades psicofônicas do
médium com todas as características de sua personalidade, inclusive a mímica
oratória e a voz que lhe eram peculiares quando encarnado.
Sua alocução, de grande beleza para nós, em vista da
simplicidade em que foi vazada, é portadora de expressivos apontamentos com
respeito à oração.
O DVD Instruções Psicofônicas, lançado pela Versátil Vídeos,
contém esta gravação de alto valor histórico.
Meus amigos.
Que a paz do Cristo permaneça em nossos corações, conduzindo-nos para a
luz.
Fui padre católico romano, naturalmente limitado às
concepções do meu ambiente, mas não
tanto que não pudesse compreender todos os homens como tutelados de Nosso
Senhor.
A morte do corpo veio dilatar os horizontes de meu
entendimento e agora vejo com mais clareza a necessidade do esforço conjunto de
todas as nossas escolas de interpretação do Evangelho, para que nos
confraternizemos com fervor e sinceridade, à frente do Eterno Amigo.
Com esse novo discernimento, visito-vos o núcleo de ação
cristianizante, tomando por tema a oração como poder curativo e definindo a
nossa fé como dom providencial.
O mundo permanece coberto de males de toda a sorte.
Há epidemias de ódio, desequilíbrio, perversidade e
ignorância, como em outro tempo conhecíamos a infestação de peste bubônica e
febre amarela.
Em toda parte, vemos enfermidades, aflições,
descontentamentos, desarmonias…
Tudo é doença do corpo e da alma.
Tudo é ausência do Espírito do Senhor.
Não ignoramos, porém, que todos temos a prece à nossa
disposição como força de recuperação e de cura.
É necessário orientar as nossas atividades, no sentido de
adaptar-nos à Lei do Bem, acalmando nossos sentimentos e sossegando nossos
impulsos, para, em seguida, elevar o pensamento ao manancial de todas as
bênçãos, colocando a nossa vida em ligação com a Divina Vontade.
Sabemos hoje que outras vibrações escapam à ciência
terrestre, além do ultravioleta e aquém
do infravermelho.
À medida que se desenvolve nos domínios da inteligência,
compreende o homem com mais força que
toda matéria é condensação de energia.
Disse o Senhor: — «Brilhe vossa luz» — e, atualmente, a
experimentação positiva revela que o próprio corpo humano é um gerador de
forças dinâmicas, constituído assim como um feixe de energias radiantes, em que
a consciência fragmentária da criatura evolui ao impacto dos mais diversos
raios, a fim de entesourar a Luz Divina e crescer para a Consciência Cósmica.
Vibra a luz em todos os lugares e, por ela, estamos
informados de que o Universo é
percorrido pelo fluxo divino do Amor Infinito, em freqüência muitíssimo
elevada, através de ondas ultracurtas que podem ser transmitidas de espírito a
espírito, mais facilmente assimiláveis por intermédio da oração.
Cada aprendiz do Evangelho necessita, assim, afeiçoar-se ao
culto da prece, no próprio mundo íntimo, valorizando a oportunidade que lhe é
concedida para a comunhão com o Infinito Poder.
Para isso, contudo, é indispensável que a mente e o coração
da criatura estejam em sintonia com o amor que domina todos os ângulos da vida,
porque a lei do amor é tão matemática como a lei da gravitação.
Mentalizemos a eletricidade, por exemplo, na rede
iluminativa. Caso apareça qualquer hiato na corrente, ninguém se lembrará de
acusar a usina, como se o fluxo elétrico deixasse de existir.
Certificar-nos-emos sem dificuldade de que há um defeito na lâmpada ou na
tomada de força.
Derrama-se o amor de Nosso Senhor Jesus-Cristo para todos os
corações, no entanto, é imprescindível que a lâmpada de nossa alma se mostre em
condições de receber-lhe o Toque Sublime.
Os materiais que constituem a lâmpada são apetrechos de
exteriorização da luz, mas a eletricidade é invisível.
Assim também, nós vemos o Amor de Deus em nossas vidas, por
intermédio do Grande Mediador, Jesus-Cristo, em forma de alegria, paz, saúde,
concórdia, progresso e felicidade; entretanto, acima de todas essas
manifestações, abordáveis ao nosso exame, permanece o invisível manancial do
Ilimitado Amor e da Ilimitada Sabedoria.
Usando imagens mais simples, recordemos o serviço da água no
abrigo doméstico.
Logicamente, as fontes são alimentadas por vivas reservas da
Natureza, mas, para que a água atinja os recessos do lar, não prescindiremos da
instalação adequada.
A canalização deve estar bem disposta e bem limpa.
Em vista disso, é necessário que todas as atitudes em
desacordo com a Lei do Amor sejam extirpadas de nossa existência, para que o
Inesgotável Poder penetre através de nossos humildes recursos.
O canal de nossa mente e de nosso coração deve estar
desimpedido de todos os raciocínios e sentimentos que não se harmonizem com os
padrões de Nosso Senhor.
Alcançada essa fase preparatória, é possível utilizar a
oração por medida de reajuste para nós e para os outros, incluindo quantos se
encontram perto ou longe de nós.
Ninguém pode calcular no mundo o valor de uma prece nascida
do coração humilde e sincero diante do Todo-Misericordioso.
Certamente as tinturas e os sais, as vitaminas e a
radioatividade são elementos que a Providência Divina colocou a serviço dos
homens na Terra.
É também compreensível que o médico seja indispensável,
muitas vezes, à cabeceira dos doentes,
porque, em muitas situações, assim como o professor precisa do discípulo e o
discípulo do professor, o enfermo precisa do médico, tanto quanto o médico
necessita do enfermo, na permuta de experiência.
Isso, porém, não nos impede usar os recursos de que dispomos
em nós mesmos. E estejamos convictos de
que, ligando o fio de nossa fé à usina do Infinito Bem, as fontes vivas do Amor
Eterno derramar-se-ão através de nós, espalhando saúde e alegria.
Assim como há lâmpadas para voltagens diversas, cada
criatura tem a sua capacidade própria
nas tarefas do auxílio. Há quem receba mais, ou menos força.
Desse modo, conduzamos nossa boa-vontade aos companheiros
que sofrem, suplicando a Infinita Bondade em favor de nós mesmos.
É indispensável compreender que a oração opera uma
verdadeira transfusão de plasma espiritual, no levantamento de nossas energias.
Se nos sentimos fracos, peçamos o concurso de um
companheiro, de dois companheiros ou
mais irmãos, porque as forças reunidas multiplicam as forças e, dessa forma,
teremos maiores possibilidades para a eclosão do Amparo Divino que está
simplesmente esperando que a nossa capacidade de transmissão e de sintonia se
amplie e se eleve, em nosso próprio favor.
Mentalizemos o órgão enfermo, a pessoa necessitada ou a
situação difícil, à maneira de campos em que o Divino Amor se manifestará,
oferecendo-lhes nosso coração e nossas mãos, por veículos de socorro, e veremos
fluir, por nós, os mananciais da Vida Eterna, porque o Pai Todo-Compassivo e
Jesus Nosso Senhor nunca se empobrecem de bondade.
A indigência é sempre nossa.
Muitos dizem «não posso ajudar porque não sou bom», mas, se
já fôssemos senhores da virtude, estaríamos noutras condições e noutras
esferas.
Consola-nos saber que somos discípulos do bem e, nessa
posição, devemos exercitá-lo.
Movimentemos a boa-vontade.
Não temos ainda as árvores da generosidade e da compreensão,
da fé irrepreensível e da perfeita
caridade, mas possuímos as sementes que lhes correspondem. E toda semente bem plantada
recolhe do Alto a graça do crescimento.
Assim, pois, para que tenhamos assegurado o êxito da nossa
plantação de qualidades superiores, é
preciso nos disponhamos a fazer da própria vida um canal de manifestação do
Constante Auxílio.
Todos temos provas, dificuldades, moléstias, aflições e
impedimentos, contudo, dia a dia, colocando nosso espírito à disposição do
Divino Amor que flui do centro do Universo para todos os recantos da vida,
desenvolver-nos-emos em entendimento, elevação e santificação.
Trabalhemos, portanto, estendendo a oração curativa.
A vossa assembléia de socorro aos irmãos conturbados na sombra é uma exaltação da prece desse teor, porque trazeis
ao vosso círculo de serviço aquilo que guardais de melhor e contais
simplesmente com o Divino Poder, já que nós, de nós mesmos, nada detemos ainda
de bom senão a migalha de nossa confiança e de nossa boa-vontade.
Em nome do Evangelho, sirvamos e ajudemos.
E que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos assista e abençoe.
Eustáquio
XAVIER, Francisco Cândido organizado por Arnaldo Rocha .
Instruções Psicofônicas. FEB.