Retorno dos Habitantes da Cidade Estranha
Dra. Marlene Rossi Severino Nobre
O artigo Cidade Estranha de Karl
W. Goldstein, pseudônimo de Hernani Guimarães Andrade, publicado na Folha
Espírita de janeiro de 1989, relata impressionante revelação feita pelo médium
Xavier.
Os habitantes da cidade estranha foram responsáveis pela liberação
sexual do final dos anos 60 e de toda a década de 70, com repercussões
decisivas na mudança dos costumes e do relacionamento humanos.
Eis o artigo:
―Incapacitados de prosseguir além
do túmulo, a caminho do Céu que não souberam conquistar, os filhos do desespero
organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral, disputando, entre si,
a dominação da Terra.
Conservam, igualmente, quanto ocorre a nos mesmos, largos
e valiosos patrimônios intelectuais e anjos decaídos da Ciência, buscam, acima
de tudo, a perversão dos processos divinos que orientam a evolução planetária. (XAVIER, F.C. Libertação, pelo espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1949,
Capítulo 1, página 20).
*
No Plano Astral Inferior — Em
1949, a Federação Espírita Brasileira lançou a obra intitulada Libertação,
ditada pelo espírito André Luiz através da psicografia de Chico Xavier.
Esse
trabalho contém minucioso relato acerca das regiões umbralinas situadas no
mundo Astral Inferior.
Em obras anteriores, André Luiz já houvera também feito
alusões a essas tenebrosas zonas purgatoriais existentes no Além.
Com o desenvolvimento da
Transcomunicação Instrumental (TCI), efetuada por inúmeros investigadores nos
EUA e principalmente na Europa, obtiveram-se interessantes revelações a
respeito das paragens espirituais inferiores que confirmam e complementam as
informações fornecidas por André Luiz, através da mediunidade do nosso querido
Chico Xavier.
As primeiras alusões detalhadas,
feitas por comunicadores espirituais, às zonas do Astral Inferior, obtidas
através de instrumentos, encontram-se na obra de Friedrich Juergenson,
intitulada: Sprechfunk Mit Verstorbenen (1967).
Este livro foi vertido para o
português e editado, em 1972, sob o título Telefone para o Além, pela Editora
Civilização Brasileira.
No capítulo 20 do trabalho de
Friedrich Juergenson, encontram-se interessantes descrições acerca do que ele
chama de ―cavernas do submundo.
Ei-las:
―Depois me foi descrito o plano
inferior, que abriga os representantes de pavorosas deformações do espírito
humano.
Tais deformações podiam assinalar-se como consequência direta da
crueldade em geral, cuja força cega criou, dentro da plasticidade de fácil
configuração da matéria das esferas sutis, regiões ocas, que os meus amigos
chamam de cavernas.
As ondas negativas de pensamento e emoções - sobretudo o
pavor, a inveja, e o ódio — mediante a força do desejo e da imaginação, formam,
facilmente, com a matéria astral, elementos que correspondem exatamente ao
caráter desses impulsos emocionais.
O estado da coisa em si, ou seja,
a formação do ambiente, parece processar-se de modo quase automático,
independentemente portanto da vontade individual (Juergenson, 1972, páginas
80 e 81).
Os espíritos daqueles que
sistematicamente praticaram o mal, exercendo a crueldade e vivendo à custa de
atividades criminosas, ao morrer resvalam automaticamente para o interior
dessas cavernas do Astral Inferior.
Ali demoram anos e até séculos, engolfados
em delírios horrendos e sofrendo terríveis torturas criadas por eles próprios,
como consequência dos fatores ideoplásmicos criados pelas suas mentes
enfermiças e maléficas.
Juergenson foi informado pelos
seus amigos espirituais comunicantes, através de instrumentos eletrônicos, que
sobrevieram mudanças significantes para os habitantes daquelas regiões
tenebrosas.
Essas mudanças têm ocorrido graças à ―propagação de ondas especiais
de rádio.
Tais ondas criadas no próprio Plano Astral, por técnicos
desencarnados, ―atuam de forma estimulante sobre os encarcerados naquelas
lúgubres cavernas.
Devido à sua natureza mecânica e
impessoal, as referidas ―ondas‖ produzem um despertamento casual e passageiro
nos espíritos em estado de intensa perturbação, facilitando o estabelecimento
de um melhor contato com eles.
Por essa razão, um certo grupo de espíritos
resolveu irradiar uma onda especial de propagação, visando apressar o
reerguimento dos referidos condenados.
Essa operação libertadora, cuja
denominação é Despertar dos Mortos, tem um papel relevante.
Como diz Juergenson, embora possa
parecer fantástico, tudo indica que ―a maioria dos mortos das regiões do Astral
Inferior encontra-se em um estado de sono profundo, principalmente aqueles que
tiveram morte violenta‖. (Ob. cit., p. 81).
A referida operação de
―despertamento equivale a uma intervenção psíquica — diz Juergenson — mediante
a qual os adormecidos podem ser arrancados do jugo de seus pesadelos e
obsessões.
Ele acrescenta o seguinte:
―Esse
sonho astral, que é uma espécie de tolhimento, é intensamente vivido pelos
adormecidos como imaginação plástica fluídica, portanto como realidade
objetiva.
Com o despertar, eliminar-se-ia
uma parte das maiores dificuldades, pois então os mortos encontrariam aberto o
caminho para os seus novos planos de existência em comunhão com almas humanas.
(Ob. cit., p.81).
Essas operações de despertamento
e resgate de entidades devedoras situadas nos abismos do Astral Inferior têm
sido levadas a efeito há muitos milênios e por variadas formas.
Incumbem-se
delas os espíritos das esferas mais elevadas.
Dessa forma, periodicamente,
levas imensas de entidades espirituais são reinjetadas nas correntes da vida
carnal, provocando mudanças profundas nos hábitos sociais, revoluções, guerras
e também progresso, desenvolvimento cultural e técnico.
Os mentores espirituais, que
orientam o processo evolutivo da humanidade, dosam sabiamente o ingresso dos
―ingredientes‖ espirituais na massa humana planetária, de maneira a obter-se,
finalmente, algum progresso efetivo das criaturas.
Está claro que,
concomitantemente, retornam novamente à esfera em que vivemos, também, aqueles
espíritos missionários que se destinam a promover a elevação intelectual e
moral dos homens, o desenvolvimento científico e tecnológico, a melhoria das
condições de vida etc.
Em contato com a influência desses seres superiores
encarnados, as entidades inferiores devolvidas às correntes da vida carnal
ganham certo aprimoramento, ao mesmo tempo em que contribuem para maior
aperfeiçoamento dos espíritos missionários incumbidos de ensiná-los.
Tal processo de interação
dialética vem se processando ao longo dos milênios, representando a paciente e
sistemática forma como a Divina Consciência opera no sentido de levar as
criaturas a máxima perfeição.
Quem compulsar cuidadosamente a História,
verificara a realidade dessas transformações periódicas; dos momentos de
grandes crises, lutas e tragédias sociais, seguidas de progresso e revoluções
nos costumes e comportamentos humanos.
Esse atrito constante, gerador de altos
e baixos, seguidos de mudanças e progresso, não ocorre apenas no total da
humanidade.
Tal fenômeno manifesta-se, também
particularmente, em cada setor da vida diária, nos países, nos estados, nas
cidades, nos núcleos menores de atividade, nos lares e nos próprios pares de
indivíduos.
Para termos uma ideia do preparo
de uma operação de reciclagem de espíritos devedores, destinados ao reingresso
nos circuitos da vida carnal, tomamos como exemplo um episódio que nos foi
relatado, há trinta anos, pelo nosso caro amigo, o conferencista espírita
Newton Boechat.
Ei-lo:
A Cidade Estranha
- Em 1959
ficamos conhecendo Newton Boechat.
Ele acabara de findar um roteiro de
palestras e, passando por São Paulo, aproveitou a oportunidade para
visitar-nos, iniciando então um relacionamento amistoso conosco, o qual tem
durado até os dias de hoje, cada vez mais firme e cordial.
Naquela ocasião ouvíamos,
interessados, as informações muito atualizadas que Newton nos comunicava sobre
o movimento espírita e, particularmente, a respeito de seu convívio com o
grande médium de Pedro Leopoldo: Chico Xavier.
Newton Boechat esteve no IBPP,
para uma breve visita, no dia 16 de janeiro de 1989, às 14 horas, em companhia
do professor Apolo Oliva Filho e sua digna esposa, dona Neyde Gandolfi Oliva.
Naquela oportunidade,
aproveitamos para relembrar nosso primeiro encontro ocorrido há trinta anos.
Pedi ao Newton que tornasse a contar o episódio que lhe fora revelado por Chico
Xavier, em Pedro Leopoldo, e que ele me transmitira naquela ocasião em que nos
vimos pela primeira vez.
Os que conhecem Newton são
testemunhas da sua notável memória.
Aproveitamos, então para obter a gravação
do seu depoimento e conservá-lo, mais fielmente, para a posterioridade e para
os arquivos do IBPP. Eis uma súmula do que nos foi informado pela segunda vez:
Newton Boechat iniciou explicando
que inúmeros fatos têm sido contados por Chico Xavier, em caráter íntimo, aos
seus amigos e que, na ocasião, algumas vezes não era oportuna a sua revelação
ao público.
Entretanto, com o passar do tempo, tais confidências foram se
tornando livres de censura e poderiam ser dadas a conhecer, sem quaisquer
inconvenientes.
Assim, por exemplo, quando Newton estivera com Chico Xavier, em
1947, na cidade de Pedro Leopoldo, o livro intitulado No Mundo Maior, tinha
sido recentemente psicografado por aquele médium (mais precisamente, terminou
de recebê-lo em 25 de março de 1947).
Nesse livro há um capítulo versando sobre
o sexo (cap.XI).
Cerca de 30% da matéria deste capítulo, recebida psicograficamente,
teve de ser suprimida, para não causar reações negativas, devido aos
preconceitos ainda vigentes em nosso meio, naquela época.
Somente mais tarde,
puderam vir a lume livros que abordaram um tanto livremente as questões ligadas
ao sexo.
Mas o episódio que Newton ficou
sabendo, foi-lhe relatado justamente logo após Chico Xavier haver recebido o
livro No Mundo Maior, aproximadamente há uns 41 anos atrás.
Em Pedro Leopoldo,
Minas Gerais, havia um bambuzal onde o médium costumava passear e conversar com
os amigos que o procuravam.
Foi ali que Chico revelou o caso ao Newton.
Ei-lo:
Em um dos constantes
desdobramentos astrais ocorridos com o nosso médium maior, durante o sono,
Emmanuel conduziu o duplo-astral de Chico Xavier a uma imensa ―cidade espiritual‖,
situada numa região do Umbral.
Esta lhe pareceu extremamente inferior e
bastante próxima da crosta planetária.
Era uma cidade estranha não só
pelo seu aspecto desarmônico e antiestético, como pelas manifestações de
luxúria, degradação de costumes e sensualidade dos seus habitantes, exibidas em
todos os logradouros públicos, ruas, praças etc.
Emmanuel informou a Chico que
aquela vasta comunidade espiritual era governada por entidades mentalmente
vigorosas, porém negativas em termos de ética e sentimentos humanos.
Eram esses
maiorais que davam as ordens e faziam-se obedecer, exercendo sobre aquelas
entidades um poder do tipo da sugestão hipnótica, ao qual tais espíritos
estariam submetidos, ainda mesmo depois de reencarnados.
Pelas ruas da referida cidade
estranha, desfilavam, de maneira semelhante a cordões carnavalescos, multidões
compostas de entidades que se esmeravam em exibições de natureza pornográfica,
erótica e debochada.
Os maiorais eram conduzidos em andores ou tronos colocados
sobre carros alegóricos, cujos formatos imitavam os órgãos sexuais masculinos e
femininos.
Uma euforia generalizada parecia dominar aquelas criaturas, ou mais
apropriadamente, assistia-se a uma ―festa de despedida‖ de uma multidão
revelando a certeza da aproximação de um fim inexorável, que extinguiria a
situação cômoda, até então, usufruída por todos.
De fato, aqueles Espíritos,
sem exceção, haviam recebido um aviso de que estava determinado, de maneira
irrevogável, pelos Planos da Espiritualidade Superior, o seu próximo reingresso
à vida carnal na Terra.
A esse decreto inapelável não iriam escapar nem os
próprios maiorais.
Alguns Anos se Passaram
- O
relato de Newton Boechat foi-nos transmitido aproximadamente dez anos depois do
seu bate-papo com Chico Xavier, em Pedro Leopoldo.
Na ocasião em que o ouvimos,
o fato causou-nos forte impressão e pudemos gravá-lo bem na memória.
Cerca de
doze anos se passaram depois que Newton nos fez esta revelação.
Lembramo-nos de que ainda
trabalhávamos em uma Divisão do DAEE, em São Paulo.
Um dos nossos colegas
havia regressado de uma viagem de férias.
Ele estivera nos países do norte da
Europa e, surpreendidíssimo, vira em bancas de jornais, em algumas capitais,
revistas pornográficas expostas à venda livremente.
Impressionado com aquela
novidade, ele adquiriu algumas revistas e trouxe-as, para mostrar aos amigos o
que estava se passando naqueles países ―ultracivilizados.
No dia em que o
nosso colega recomeçou a trabalhar, ele nos mostrou as tais revistas.
Imediatamente lembramo-nos do episódio
que nos fora relatado por Newton e, inadvertidamente, deixamos escapar uma
expressão que nenhum dos nossos colegas entendeu:
―Oh! Eles já estão aí !.
Realmente, percebemos imediatamente que aquelas revistas deviam ser um dos
sinais típicos do reingresso daqueles espíritos que jaziam nas zonas do Baixo
Astral, na corrente da vida terrena.
Com eles viriam mudanças profundas nos
costumes da humanidade:
a licenciosidade;
as músicas ruidosas e
desequilibrantes;
a rebeldia dos nossos filhos;
a instabilidade das
instituições familiares e sociais;
e, finalmente, o que presenciamos, hoje em
dia, com o recrudescimento da criminalidade e da insegurança, além do cortejo
de outros inúmeros problemas com os quais se defrontam as criaturas humanas,
neste atribulado fim de século.
"O que não podemos entender, confiemos em Deus.
A ordem do mundo está sob as Suas mãos "
Conclusão
É elementar, e poucos
ignoram que a História da espécie humana apresenta-se pontilhada de períodos de
grandes crises, seguidos de fases de prosperidade e reequilíbrio.
É semelhante
a uma sucessão de ciclos que se desenvolvem como uma espiral em constante
ascensão.
Há um lento progredir, apesar dos episódios negativos.
Provavelmente
os Planos Superiores da Espiritualidade velam pela humanidade, dosando
sabiamente os ―ingredientes injetados na corrente da vida.
A par dos espíritos
rebeldes, reencarnam também aqueles que lutam pelo bem, pela Ciência e pelo
aperfeiçoamento do homem.
Não percamos a esperança. (HGA, janeiro de 1990)
Fonte