sábado, maio 20, 2006

CONVITE AO DESPRENDIMENTO


CONVITE AO DESPRENDIMENTO


"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam..."
(Mateus: 6-19.)


Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice nem dissipação.
Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob condicionamentos retentivos

se transforma em cadeia escravizante.
Os objetos a que o homem se apega valem os preços que lhes são emprestados,

constituindo-se elos a impedirem o avanço do possuidor, na direção do futuro...


Desapego, portanto, em forma de libertação do liame pessoal egoístico
e tormentoso que constitui presídio e patíbulo para quem se fixa
negativamente como para aquele que se faz vítima afetiva.



Liberta-se das aflições constritivas, asfixiantes, para marchar com segurança.
Doa com alegria quanto possas, generosamente.
O que distribuis com equilíbrio e lucidez multiplica-se,

o que reténs reduz-se.


Abundância, como excesso engendram miséria e loucura.
Distende assim, mão generosa na alfândega da fraternidade,

mas liberta-te da emotividade desregrada, da posse afetuosa e objetos,
animais e pessoas, porquanto mais carinhos que te mereçam,
mais devoção que lhes dês,
chegará o dia de atravessares o portal do túmulo,
fazendo-o soledade, livre de amarras ou jungido ao que se demorará,
a desgastar-se pela ferrugem, pelo azinhavre,
corroído ou simplesmente
em trânsito por outras mãos ante
a tua tormentosa impossibilidade de reter e interferir.

Joanna de Ângelis


Psicografia de Divaldo P. Franco
Livro: Convites da Vida

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