domingo, janeiro 27, 2008

Setenta anos da desencarnação de Cairbar Schutel
Orson Peter Carrara
Foi no dia 30 de janeiro de 1938 que ele retornou à pátria espiritual. Nascido no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1868, fixou-se posteriormente em Matão, onde plantou as sementes do bem, conforme registra a história do grande seareiro.
Mais que lembrar a data de desencarnação, vale destacar o esforço empreendido pelo notável Cairbar Schutel, em Matão, na divulgação do Espiritismo, o que deixou clara sua posição de grande comunicador.
Tomando conhecimento dos ensinos trazidos pelo Espiritismo, o moço que viera do Rio de Janeiro e se instalara no pequeno município paulista que ele mesmo auxiliara emancipar-se politicamente, não teve dúvidas: lançou-se de corpo e alma para que tais ensinos se tornassem conhecidos e pudessem beneficiar mais e mais pessoas.
A partir da fundação de um centro espírita e de um jornal que já é centenário, sua atuação extrapolou os limites da então pequena Matão, projetando-se através das décadas para o cenário internacional, principalmente após o surgimento de sua querida RIE, fundada em 1925.
Da distribuição avulsa pelas ruas da cidade, nos trens de passageiros, na remessa a cidades vizinhas e na postagem que se ampliou gradativamente para todo o Brasil, o pequeno jornal foi um farol a despertar consciências adormecidas para a realidade da imortalidade da alma, da pluralidade das existências e da comunicabilidade dos espíritos, entre outros princípios da Doutrina Espírita.
Vale acentuar que, em 1905, quando Schutel iniciou seu apostolado, sua idade era de apenas 36 anos. Durante os próximos 33 anos, de 1905 a 1938, dedicou sua vida completamente à divulgação e à vivência do Espiritismo.
É importante destacar também o aspecto de vivência. Afinal ele foi um autêntico cristão, nunca desprezando ou ignorando quem quer que o buscasse. Jamais teve atitudes de indiferença ou discriminação quanto aos pobres e necessitados que o procuravam em busca de consolo moral ou em busca do socorro material.
Mas sua grande marca foi mesmo o de comunicador. Além dos periódicos que publicou, dos livros que escreveu, das palestras proferidas, do incentivo doutrinário distribuído, ele igualmente influenciou expressivamente toda uma geração de espíritas.
Seu exemplo, seu estímulo, a notável seqüência pioneira dos programas radiofônicos (depois transformada em livro), fizeram dele um comunicador por excelência. Há que se destacar também que, mesmo após a desencarnação, seu trabalho continua.
Ditou várias mensagens, por diferentes médiuns, já foi identificado igualmente mediunicamente em locais onde o assunto é divulgação espírita e, por relatos idôneos, pode-se afirmar que ele é um dos espíritos coordenadores da expansão do pensamento espírita, inclusive no âmbito internacional.
Cairbar percebeu de imediato a proposta do Espiritismo, exposta com clareza por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, obra que alcançou seus 150 anos de publicação em 2007, pois que lançada em 18 de abril de 1857. Fica claro perceber o alcance da comunicação espírita. Ela, a Doutrina Espírita, não é estanque, mas dinâmica.
Sua própria índole cristã é comunicativa. Surgiu com a publicação de livros, projetou-se através de livros e comunicação verbal, alcançou respeito pela comunicação vivida na prática e atualmente vive a realidade de ver seus temas essenciais serem tratados abertamente pela mídia.
Ora, o trabalho iniciado pelos espíritos, percebido por Allan Kardec – que lhe organizou metodicamente os ensinos –, vitalizado pela marcante presença de Chico Xavier, mas igualmente estimulado pelo trabalho de homens da fibra de Cairbar Schutel, entre tantos anônimos ou conhecidos, do presente ou do passado, é fator que nos convida à reflexão.
Que atuação estamos tendo para continuar referido empreendimento, cujo objetivo é espiritualizar o ser humano? Especialmente na condição de dirigentes e coordenadores das instituições inspiradas pelo ideal espírita... Exemplos não nos faltam.
Entre eles, um comunicador por excelência: Cairbar de Souza Schutel (1868-1938).

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