sábado, maio 17, 2008

Não morreram, partiram antes

Choras teus mortos com tamanho desconsolo que, dir-se-ia, és imortal.
Não morreram, partiram antes.
Tua impaciência se move como loba faminta, ansiosa de devorar enigmas.
Pois não morrerás logo depois, e forçosamente não virás a saber a solução de todos os problemas que são de uma diáfana e deslumbrante sutilidade?
Partiram antes...
Por que interrogá-los com nervosa insitência ?
Deixa que eles sacudam o pó do caminho, que descansem no rergaço do Pai e ali curem as feridas de seus pés andarilhos; deixa que ponham seus olhos nos verdes prados da paz...
O trem espera.
Por que não preparar o bornal de viagem?
Esta seria mais prática e eficaz tarefa.
Ver teus mortos é de tal modo premente e inevitável que não deves alterar com a menor ansiedade as poucas horas do teu repouso.
Eles, com um conceito total do tempo, cujas barreiras transpuseram de um salto, também te aguardam tranquilamente.
Foi que simplesmente tomaram um dos trens anteriores.
Amado Nervo

Hoje sinto uma imensa saudade de minha mãe querida, que partiu há 10 anos, nos deixando órfãos do seu carinho, proteção e amor... Mãe não tem duplicada, segundo o poema...

"Desde milênios sem data

Que o progresso se avoluma;

Tudo encontra duplicata,

Mãe, porém, só se tem uma".


Autora: Presciliana D. de Almeida


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