terça-feira, fevereiro 03, 2009




Vibrações compensadas


Martins Peralva



Sintonia significa, em definição mais ampla, enten­dimento, harmonia, compreensão, ressonância ou equiva­lência.



Quando dizemos que «Fulano sintoniza com Beltra­no», referimo-nos, sem dúvida, ao perfeito entendimento entre ambos existente.



Sintonia é, portanto, um fenômeno de harmonia psí­quica, funcionando, naturalmente, à base de vibrações.



Duas pessoas sintonizadas estarão, evidentemente, com as mentes perfeitamente entrosadas, havendo, entre elas, uma ponte magnética a vinculá-las, imantando-as profundamente.


Estarão respirando na mesma faixa, intimamente associadas.



Estudemos o assunto à luz do seguinte diagrama:



SINTONIA, RESSONÂNCIA, VIBRA­ÇÕES COM­PENSADAS = {Sábios = {ideais superiores, assuntos transcendentes = {ciência, filosofia, religião, etc. {Índios = {Objetivos vulgares, assuntos triviais. = {caça, pesca, lutas, presentes, etc.



{Árvores = {Maior vitalidade, melhor produção. = {Permuta dos princípios germinativos quando colocadas entre companheiras da mesma espécie.



Pelo exame desse gráfico, notaremos que tudo den­tro do Universo, por conseguinte dentro do nosso orbe, funciona e movimenta-se na base da sintonia, ou seja, da mútua compreensão.
Exemplifiquemos: o sábio, de modo geral, não se detém, indefinidamente, para trocar idéias sobre assuntos transcendentes com o homem rude do campo, nada fa­miliarizado com questões científicas ou artísticas, que demandam longos estudos.



Seria rematada tolice afirmar-se que o astrônomo, o físico, o jurisconsulto, o matemático, o biologista ou o cientista consagrado a problemas atômicos possam en­contrar, no índio ou no homem inculto, elemento ideal para as suas tertúlias. Os seus companheiros de pales­tras serão, sem dúvida, outros sábios.



A seu turno, o silvícola das margens de Kuluene preferirá, sem dúvida, entender-se e confabular com os companheiros de taba que lhe falam da pesca ou da caça, das próximas incursões ao acampamento inimigo ou de espelhos, facões e ornamentos que as expedições civilizadoras possam levar-lhe aos domínios.



O assunto foi aclarado pelo instrutor Albério, no capítulo Estudando a Mediunidade.Neste capítulo, procuramos, apenas, torná-lo ainda mais compreensível ao entendimento geral, extraindo, por fim, as conclusões de ordem moral cabíveis, considerando a finalidade sobretudo evangélica do presente trabalho.



Esclarece, o referido instrutor, que as próprias ár­vores não prescindem do fator sintonia.Serão dotadas de maior vitalidade e produzirão mais, se colocadas ao lado de companheiras da mesma espécie.



Exemplo: Plan­tando-se laranjas entre abacaxis ou jaboticabas, as la­ranjeiras produzirão menos do que se a plantação fosse só de sementes de laranja, formando um laranjal.



A permuta dos princípios germinativos assegura-lhes robustez e verdor, garantindo-lhes, consequente­mente, frutificação mais abundante.



Como notamos, o problema da sintonia não está ausente das próprias relações no reino vegetal.



Uma árvore precisa de outra ao lado, da mesma espécie, para que ambas, reciprocamente alimentadas, se cubram de folhas viçosas e flores mais belas e, dentro da função que lhes é própria, embelezem a Natureza, enriqueçam e nutram o homem.



Acentuando tal fato, o irmão Albério, prelecionando magistralmente, recorre, com sabedoria, à mecânica ce­leste, para demonstrar que idênticos princípios magné­ticos regem também as relações do mundo cósmico, sem dúvida não apenas na órbita planetária terrestre, mas noutros planos, mais ou menos evolvidos.



Vamos dar a palavra ao esclarecido mentor:



“Cada planeta revoluciona na órbita que lhe é assinalada pelas leis do equilíbrio, sem ultrapassar as linhas de gravitação que lhe dizem respeito.”



Demonstrado, assim, de forma irretorquível, que em tudo funcionam e operam, invariàvelmente, o fator «Sin­tonia e o elemento (ressonância), recordemos, ainda com o instrutor Albério, o aspecto de maior relevân­cia, consubstanciado na interdependência entre as almas, encarnadas ou desencarnadas, no tocante ao problema evolutivo.



Há grupos de Espíritos, ou consciências, evoluindo simultaneamente.



Alimentam-se reciprocamente.



Nutrem-se mutuamente.



Fortalecem-se uns aos outros, em verdadeira «com­pensação vibratória».



As vezes, tais Espíritos se vêem privados da indes­critível felicidade de prosseguirem, juntos, a mesma mar­cha, por desídia de alguns.



É que os preguiçosos vão ficando para trás, à ma­neira de alunos pouco aplicados, que perdem de vista, por culpa própria, os estudiosos.



Não podem acompanhar aqueles que, em virtude de notas distintas e merecidas, nos exames finais, são na­turalmente transferidos para cursos mais adiantados.



Bem sabemos que a Terra é o Grande Educandário.



É bem verdade que, quando há muito amor no co­ração dos que progrediram mais ràpidamente, embora recebessem as mesmas aulas e estivessem submetidos à mesma disciplina, o espírito de abnegação e renúncia fá-los retroceder, em tarefas sacrificiais, a fim de esten­derem as mãos, plenas de luz, às almas queridas que, invigilantes, se perderam nos escuros labirintos da in­dolência.



Esperar, todavia, cômodamente, tal amparo, ao pre­ço de tremendos sacrifícios dos mensageiros do bem, seria reprovável conduta.



A Doutrina Espírita, exaltando o esforço próprio, dignifica a pessoa humana. Converte-a num ser respon­sável e consciente que, esclarecendo-se, deseja e procura movimentar, sob a égide santa e abençoada do Senhor da Vida, as próprias energias, os próprios recursos evolutivos latentes no Íntimo de todo ser humano.



Em virtude de impositivos superiores, a que não conseguem fugir, muitos instrutores espirituais se vêem compelidos a abandonar, temporariamente ou em defini­tivo, os seus tutelados, especialmente os que imprimiram à própria vida, nos labores renovativos, o selo da irresponsabilidade e da má vontade, em lastimável desapreço aos talentos que Jesus lhes confiara.



Os médiuns, portanto, que desejam, sinceramente, enriquecer o coração com os tesouros da fé, a fim de ampliarem os recursos de servir ao Mestre na Seara do Bem, não podem nem devem perder de vista o fator «auto-aperfeiçoamento».




Não devem perder de vista os estudos doutrinários, base do seu esclarecimento.




Não podem, de forma alguma, deixar de nutrir-se com o alimento evangélico, tornando-se humildes e bons, devotados e convictos, a fixa de que os modestos encar­gos mediúnicos de hoje sejam, amanhã, transformados em sublimes e redentoras tarefas, sob o augusto patrocínio do Divino Mestre, que nos afirmou ser o pão da vida» e a «luz do mundo».




Abnegação e perseverança, no trabalho mediúnico, mantêm o servidor em condições de sintonizar, de modo permanente, com os Espíritos Superiores, permutando, assim, com as forças do Bem as divinas vibrações do amor e da sabedoria.




Estabelecida, pois, esta comunhão do medianeiro com os prepostos do Senhor, a prática mediúnica se consti­tuirá, com reais benefícios para o médium e o agrupa­mento onde serve, legítima sementeira de fraternidade e socorro.




Do livro ESTUDANDO A MEDIUNIDADE de MARTINS PERALVA :: Mensagem do Grupo Luz do Espiritismo