segunda-feira, março 23, 2009



UMA LUZ


Maria Dolores




Por vezes, tanto empeço na estrada,



Que indagas, coração, de alma desencantada,



Por que meios humanos prosseguir...



Entretanto, ergue a fronte, ao vasto firmamento,



Da nuvem mais pesada ou do céu mais cinzento




Uma luz há de vir...



Deus a ninguém esquece...ante a sombra noturna,



Sem bússola na selva imóvel e soturna,



O viajor se detém, sem coragem de agir;



Pára, pensando em Deus...a névoa se condensa...



Mas a oração lhe diz, além da sombra imensa:




Uma luz há de vir...



Abate-se na mina a sinistra barragem;



Pedras, detrito e lama impedem a passagem,



Vozes clamam, no fundo, a gemer e a pedir;



Eis que a prece se eleva e, ao socorro da altura,



Gritam vozes de irmãos, promovendo a abertura:




Uma luz há de vir...



É noite. Sobre o mar, há bulcões em batalha,



Relâmpagos relembram fogo de metralha



No trovão a rugir;



O barco, aos vagalhões, treme, estremece, estala



Pequena multidão, ora, espera e se cala...




Uma luz há de vir...



Desse modo, igualmente, alma fraterna,



Quando a prova por sombra te governa,



Qual noite que te oculta as visões do porvir,



Quando tudo pareça escuridão que avança,



Trabalha, serve, crê e ouve a voz da esperança:



Uma luz há de vir...


Do Livro:Maria Dolores Psicografia do médium Francisco Cândido Xavier Editora Parma