sábado, agosto 08, 2009



As maneiras pelas quais mudamos


Por Marilyn Ferguson



São quatro as formas básicas pelas quais modificamos nossas mentes quando obtemos informações novas e conflitantes.



A mais fácil e limitada poderíamos chamar mudança por exclusão.



Nosso velho sistema de convicções permanece intacto, mas admite um punhado de anomalias, do mesmo modo que um velho paradigma tolera certo número de fenômenos estranhos que se agarram às suas bordas, antes da ruptura que leva a um paradigma mais amplo e mais satisfatório.



Um indivíduo engajado em mudança por exclusão pode desaprovar todos membros de um particular grupo, exceto um ou dois.



Esse indivíduo poderá considerar os fenômenos psíquicos um disparate, embora acredite que os sonhos de sua tia-avó se tornaram realidade.



Essas são descartadas como "exceções que confirmam a regra", em vez de exceções que não confirmam a regra.



A mudança quantitativa se dá pouco a pouco, e o indivíduo não percebe que mudou.



Depois temos a mudança pendular, o abandono de um sistema fechado e seguro por um outro.



O gavião passa a ser uma pomba, o desencantado fanático religioso vira ateu, o promíscuo se torna um pudico - e vice-versa.



O indivíduo sai de um extremo e passa para outro extremo.



A mudança pendular falha no processo de integração do que estava correto no antigo e falha em distinguir o valor do novo em seus exageros.



A mudança pendular rejeita sua própria existência anterior passando de uma espécie de conhecimento incompleto para outro.



A mudança por exclusão, a mudança quantitativa e a mudança pendular não chegam à transformação.



O cérebro não pode lidar com informações conflitantes, a não ser que possa integrá-las.



Vejamos um exemplo simples: se o cérebro é incapaz de fundir a visão dupla em uma única imagem, terminará por reprimir os sinais de um dos olhos.



As células visuais do cérebro correspondentes àquele olho irão então se atrofiar, produzindo a cegueira.



Do mesmo modo, a mente faz sua opção com relação a visões conflitantes: reprime as informações que não se encaixam em suas convicções dominantes.



A não ser, é claro, que possa harmonizar as idéias em uma poderosa síntese. Isto é uma mudança de paradigma - uma transformação.



É a quarta dimensão da mudança: a nova perspectiva, a percepção que permite às informações se unirem em uma nova forma ou estrutura.



A mudança de paradigma se refina e se integra, busca eliminar a ilusão do "ou... ou", do "isso ou aquilo".



Como vimos anteriormente o novo paradigma não exclui o anterior, apenas o amplia.



Por exemplo, a física quântica-relativista não exclui a física clássica, mas a complementa.



A psicologia transpessoal não exclui as três forças anteriores, mas as amplia.
Sob muitos aspectos, é a espécie mais difícil de mudança, pois abre mão da certeza.



Leva em conta diferentes interpretações, sob diferentes perspectivas em diferentes ocasiões.



A mudança por exclusão diz: "Eu estou certo, exceto por..."



A mudança quantitativa admite: "Eu estava quase certo, mas agora estou certo".



Diz a mudança pendular: "Eu estava errado antes, mas agora estou certo".



A mudança de paradigma estabelece: "Eu estava parcialmente certo antes, e agora estou um pouco mais parcialmente certo".



Na mudança de paradigma, percebemos que nossas opiniões anteriores eram apenas parte do quadro - e aquilo que sabemos hoje é apenas parte do que iremos saber amanhã.



A mudança não é mais uma ameaça.



Ela absorve, amplia, enriquece.



O desconhecido é um território amigo e interessante.



Cada percepção torna a estrada mais ampla, fazendo com que a próxima etapa, a próxima abertura, seja mais fácil.



A própria mudança muda, exatamente como na natureza; a evolução evolui de um processo simples para um complexo.



Cada nova ocorrência altera a natureza daquelas que se seguem, como juros compostos.



A mudança de paradigma não é um simples efeito linear.



É uma súbita mudança de padrão, uma espiral e, por vezes, um cataclismo.



Quando nos damos conta do fluxo e da alteração de nossa própria percepção, aumentamos a mudança.


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