terça-feira, setembro 15, 2009



Compaixão


Joanna de Ângelis



Escasseia, na atual conjuntura terrestre, o sentimento da compaixão.



Habituando-se aos próprios problemas e aflições, o homem passa a não perceber os sofrimentos do seu próximo.



Mergulhado nas suas necessidades, fica alheio às do seu irmão, às vezes, resguardando-se numa couraça de indiferença, a fim de poupar-se a maior soma de dores.



Deixando de interessar-se pelos outros, estes esquecem-se dele, e a vida social não vai além das superficialidades imediatistas, insignificantes.



Empedernindo o sentimento da compaixão, a criatura avança para a impiedade e até para o crime.



Olvida-se da gratidão aos pais e aos benfeitores, tornando-se de feitio soberbo, no qual a presunção domina com arbitrariedade.



Movimentando-se, na multidão, o indivíduo que foge da compaixão, distancia-se de todos, pensando e vivendo exclusivamente para o seu ego e para os seus.



No entanto, sem um relacionamento salutar, que favorece a alegria e a amizade, os sentimentos se deterioram, e os objetivos da vida perdem a sua alta significação tornando-se mais estreitos e egotistas.



A compaixão é uma ponte de mão dupla, propiciando o sentimento que avança em socorro e o que retorna em aflição.É o primeiro passo para a vigência ativa das virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o bem-estar pessoal.



O individualismo é-lhe a grande barreira, face a sua programação doentia, estabelecida nas bases do egocentrismo, que impede o desenvolvimento das colossais potencialidades da vida, jacentes em todos os indivíduos.



A compaixão auxilia o equilíbrio psicológico, por fazer que se reflexione em torno das ocorrências que atingem a todos os transeuntes da experiência humana.



É possível que esse sentimento não resolva grandes problemas, nem execute excelentes programas.



Não obstante, o simples desejo de auxiliar os outros proporciona saudáveis disposições físicas e mentais, que se transformarão em recursos de socorro nas próximas oportunidades.



Mediante o hábito da compaixão, o homem aprende a sacrificar os sentimentos inferiores e a abrir o coração.Pouco importa se o outro, o beneficiado pela compaixão, não o valoriza, nem a reconheça ou sequer venha a identificá-la.



O essencial é o sentimento de edificação, o júbilo da realização por menor que seja, naquele que a experimenta.



Expandir esse sentimento é dar significação à vida.



A compaixão está cima da emotividade desequilibrada e vazia.



Ela age, enquanto a outra lamenta; realiza o socorro, na razão em que a última apenas se apiada.



Quando se é capaz de participar dos sofrimentos alheios, os próprios não parecem tão importantes e significativos.



Repartindo a atenção com os demais, desaparece o tempo vazio para as lamentações pessoais.



Graças à compaixão, o poder de destruição humana cede lugar aos anseios da harmonia e de beleza na Terra.



Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o teu próximo, o mundo, e, compadecendo-te das suas limitações e deficiências, cresce em ação no rumo do Grande Poder.



FRANCO, Divaldo P. Da obra: Responsabilidade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.