quarta-feira, setembro 09, 2009




Pensamento e nós



Momento Espírita



Certo dia, ao chegar da escola, o pequeno Zeca entrou em casa batendo forte os pés no assoalho.



Seu pai, que saía para o quintal a fim de fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chamou o menino para uma conversa.



Zeca, de oito anos de idade, o acompanha um tanto desconfiado.



Porém, antes que seu pai dissesse alguma coisa, o menino falou irritado:



Pai, estou com muita raiva! O Juca não deveria ter feito aquilo comigo!



Eu desejo tudo de ruim para ele.



Seu pai, um homem simples, mas portador de grande sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:



O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Eu não aceito isso! Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir para escola.



O pai escuta calado o desabafo do filho, enquanto caminha até um abrigo, onde guardava um saco cheio de carvão.



Tomou o saco de carvão e pediu ao menino que o acompanhasse até o fundo do quintal. O menino o acompanhou, sem entender bem o que estava acontecendo.



O pai abriu o saco e, antes mesmo que o filho pudesse fazer alguma pergunta, propôs algo:



Filho, está vendo aquela camisa branquinha estendida ali no varal para secar? Pois bem, faça de conta que ela é o seu amiguinho Juca, e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele.



Quero que você jogue todo esse carvão naquela camisa, até o último pedaço, como se fosse tiro ao alvo. Quando terminar, avise-me, que eu volto para ver como ficou.



O menino achou a brincadeira divertida e pôs mãos à obra. Todavia, o varal com a camisa estava longe, e por esse motivo, poucos pedaços acertavam o alvo.



Após mais ou menos uma hora, o garoto concluiu a tarefa e gritou por seu pai.



O pai aproximou-se devagar, olhou para a camisa e perguntou:



E então, filho, como está se sentindo agora?



O filho respondeu prontamente:



Estou cansado mas feliz porque acertei muitos pedaços de carvão no Juca, quero dizer, na camisa.



O pai olhou para o menino, que ficou sem entender a razão daquela brincadeira, e lhe falou com carinho:



Venha comigo até meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.



Ambos se dirigiram até o quarto e o menino foi colocado na frente de um grande espelho, onde pôde ver seu corpo por inteiro.



Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e seus olhinhos.



Então o pai lhe disse com ternura:



Filho, você viu que a camisa quase não sujou, mas olhe para você...



O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos maus pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem, ficam sempre em nós mesmos.



Zeca sorriu envergonhado e falou:



Vou tomar um banho e depois... lavar uma certa camisa.



* * *



Quando um pensamento infeliz sai da nossa mente, abre espaço para ali se instalarem miasmas de enfermidades.



Ao contrário, quando nossos pensamentos são nobres, é como se suave bálsamo penetrasse nossa alma, inundando-a de tranqüilidade e paz.



Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita, com base em história publicada na Revista Espírita Allan Kardec, nº 34, ano IX.



Disponível <http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=469&stat=3&palavras=fuligem&tipo=p>