domingo, março 14, 2010



E se a morte chegasse agora?


Momento Espírita



Se você soubesse que hoje iria morrer - o que faria?


Esta pergunta foi feita a um homem, no século XIII. Era um homem iluminado.


Nascido em berço de ouro, conheceu as delícias da abastança. Filho de rico mercador, trajava-se com os melhores tecidos da época.


Sua adolescência e juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo número de amigos.


Assim transcorria sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem.


Então, ele se despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o Irmão dos Pobres.


Sua alma se encheu de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito importantes, da natureza.


Chamou irmãos à água, ao vento, ao sol, aos animais. Sua alma exalava o odor da alegria que lhe repletava a intimidade.


Muitos amigos o seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade. Amigos na opulência, amigos na virtude.


Certo dia, enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe perguntou:


Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria?


Francisco descansou o ancinho, por um instante. Seus olhos, apagados para as coisas do mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza.


Suspirou, pareceu mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno:


Eu? Eu continuaria a capinar o meu jardim.


E retomou a tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade.


Quantos de nós teríamos condições de agir dessa forma? A morte nos apavora a quase todos.


Tanto a tememos que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la.


Outros, nem comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos deprime, quando não nos atemoriza.


Algo como se ela nos visse e se recordasse de nos vir apanhar.


E andamos pela vida como se nunca fôssemos morrer. Mas, de todas as certezas que o mundo das formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: tudo que nasce, morre um dia.


Assim, embora a queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos impróprios, ela vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos.


Por isso, importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o derradeiro.


Não no sentido de angústia, temor, mas de sabedoria. Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção.


Usar cada dia para o trabalho honrado, que nos confira dignidade. Estar com a família, com os amigos.


Sorrir, abraçar, amar.


Realizar o melhor em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar. Deixar um rastro de luz por onde passemos.


Façamos isso e, então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora, adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos antecederam.


Pensemos nisso.


Redação do Momento EspíritaDisponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. Fep.


Disponível <http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2476&let=S&stat=0>