quarta-feira, junho 02, 2010



Diálogo frio


Momento Espírita

Qual é o local mais usado em seu lar para dialogar com os familiares?


Talvez alguns respondam que é a porta da geladeira ou outros, mais modernos, digam que é a tela do computador, a Internet.


Pode parecer absurdo, mas não é. Certa vez uma senhora falou-nos que as fábricas deveriam aumentar as dimensões das geladeiras, pois assim ela teria mais espaço para conversar com a família.


Uma filha, tentando encurtar a distância existente entre ela e a mãe, enviou um e-mail, um bilhete eletrônico, dizendo: "Oi mamãe! Agora eu tenho o meu e-mail. Se você quiser pode se corresponder comigo. Um beijo." E assinou seu nome, ao final.


Se tais situações acontecem, é porque as pessoas acreditam que essa é uma forma de diálogo, quando é apenas uma forma de se corresponder com alguém.


Para que haja um diálogo efetivo, é preciso estar frente a frente com o interlocutor a fim de perceber o que ele sente em suas expressões mais secretas.


Como é que um filho, por exemplo, grafará suas amarguras e suas inquietações num pedaço de papel?


A letra mata o sentimento, seja ele saudável ou não.


Mas quando olhamos nos olhos temos uma noção mais exata do que vai na alma daquele que nos fala.


Certa vez, lemos a carta de uma jovem que vivia distante dos pais e escrevia para sua mãe dando-lhe notícias.


A jovem havia dialogado conosco por algumas horas. Contara os seus dramas.




Falara que estava envolvida com um rapaz de conduta duvidosa e engravidara dele. Agora não sabia o que fazer, estava perdida. Mas não conseguia contar os fatos aos pais e escrevia para a mãe dizendo que estava tudo bem.


Quando lhe questionamos porque ela não escrevia a verdade, ela nos respondeu, entre lágrimas, que o papel aceita tudo e que os pais nunca se importaram com os sentimentos, uma vez que sempre se utilizaram de bilhetes para se comunicar.


Talvez muitos de nós optemos pela correspondência à distância para fugir das dificuldades, que sabemos existir.


Todavia, de nada vale tentar enganar-nos adiando os problemas indefinidamente.




Chegará um dia em que os teremos que enfrentar face a face.


E nesse dia talvez eles já tenham tomado dimensões tão grandes que se torne bem mais difícil encontrar a solução adequada.


Dessa forma, não importa que o nosso local de diálogo em família seja um cantinho qualquer, basta que caiba, pelo menos, duas pessoas frente a frente.


Olhar nos olhos, que são o espelho da alma, é de suma importância para se detectar o que vai por trás de simples gestos e palavras.


E que a porta da geladeira, além de servir para pendurar os cartões imantados de "disque tudo", nos sirva apenas para deixar um lembrete simples, um recado importante, uma declaração de amor.


E que o correio eletrônico da Internet possa nos servir para transmitir um arquivo, uma mensagem de carinho, um cartão de congratulações e, de preferência para os que estão realmente distantes.


Pense nisso!