sexta-feira, agosto 06, 2010



Voltar os olhos para a luz


Momento Espírita



Narra-se que uma das cunhadas do médium mineiro Francisco Cândido Xavier teve um filho com sérias dificuldades físicas e mentais.


Braços e pernas atrofiados. Os olhos, cobertos por uma espessa névoa, mantinham-no mergulhado na mais completa escuridão.


Inspirava medo às pessoas que o viam. Era tão deformado que a mãe, ao vê-lo, teve um choque e foi internada num hospital psiquiátrico.


Chico ficou sozinho com o sobrinho.


Cuidar dele não era fácil. Medicá-lo, banhá-lo e aplicar-lhe um clister diariamente.


O menino não deglutia e, para alimentá-lo, Chico tinha que formar uma pequena bola com a comida, colocar em sua garganta e empurrar com o dedo.


Isto, durante onze anos, aproximadamente.


Quando o sobrinho piorava, Chico orava muito por ele. Já o amava como um filho.


Um dia, porém, o Espírito de Emmanuel lhe disse:


Ele só vai desencarnar quando o pulmão começar a desenvolver e não encontrar espaço. Aí, então, qualquer resfriado pode se transformar numa pneumonia e ele partirá.


Quando estava próximo dos doze anos, foi acometido de uma forte gripe e começou a definhar.


Na hora da desencarnação, seus olhos voltaram a enxergar. Ele olhou para Chico e procurou traduzir toda a sua gratidão naquele olhar.


Emmanuel, presente e emocionado como Chico, explicou:


Graças a Deus. É a primeira vez, depois de cento e cinquenta anos, que seus olhos voltam para a luz. As suas dívidas do passado foram aniquiladas. Louvado seja Jesus.


Chico Xavier sempre teve seus olhos voltados para a luz, e este é mais um dos inúmeros exemplos disso.


O sobrinho, necessitado de acerto com as Leis maiores, encontrou no amor do tio o estímulo necessário para deixar as trevas.


* * *


Enquanto não acertamos as dívidas do passado, enquanto não cumprimos os compromissos assumidos até o fim, não conseguimos nos libertar da escuridão.


A expiação é mecanismo infalível da Lei Divina.


Diz-nos ela que cada um de nós é responsável pelos equívocos realizados, nesta ou noutra existência, e que sempre assumimos o compromisso de resgate perante a vida.


Assim é que as vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro.


Depuram-nos e elevam-nos, se as suportamos resignados e sem murmurar.


Para voltar os olhos para a luz, novamente, faz-se necessário o arrependimento sincero, o aprendizado e o resgate.


É assim que a Justiça Divina opera, dando a cada um o que é seu, de acordo com sua necessidade.


Voltar os olhos para a luz é desprender-se, através do amor ou da dor, do passado de desvarios ao qual muitos ainda estamos aprisionados.


É tempo de caminhar com passos seguros, mirando-se na caridade-doação de um Chico Xavier, que mostra o caminho do amor para o encontro com a luminosidade que espera todos nós.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Dívida e resgate, do livro Chico, de Francisco, de Adelino da Silveira, ed. Ceu e no item 399 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.


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