quarta-feira, setembro 01, 2010



A fome maior


Momento Espírita


Uma grande mobilização existe em nosso país e no mundo, com o intuito de acabar com a fome.


Fala-se a todo momento em Fome Zero. Todos se mobilizam no ideal de saciar a fome dos corpos. Ação mais do que justa.


O assunto, contudo, não é novo. O problema da fome sempre rondou a Humanidade, em épocas variadas.


Na obra Plenitude, de autoria de Amado Nervo, existe um capítulo intitulado Todos tem fome, que comenta, mais ou menos o seguinte: Neste orbe, todos têm fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor.


Este é o mundo dos famintos. A fome de pão, melodramática e ruidosa, é a que mais comove, porém não é a mais digna de comiseração.


Existe a fome de amor. Muitos desejam ser amados, ter alguém que os queira e passam pela vida sem ninguém que lhes conceda uma migalha de carinho.


Há os famintos de luz. Espíritos que anseiam por conhecimentos e não conseguem ter a sua fome atendida.


Finalmente, a fome de paz que atormenta a quantos trazem os pés e o coração a sangrar.


Muita sabedoria encerra esta página. A fome do corpo é uma só. Mas a fome do Espírito apresenta várias faces, cada uma de efeitos mais alarmantes.


A fome de pão atinge somente o indivíduo. Não contamina a terceiros. As outras espécies de fome generalizam suas consequências e comprometem a coletividade.


A fome de amor, de luz e de paz fomenta muitas tragédias.


Quem não se sente amado, quem não tem luz e nem paz é a criatura que se torna manchete como promotora de crimes terríveis.


O crime, nos seus aspectos mais variados, resulta de uma falha moral, de um nível baixo de espiritualidade, de um desequilíbrio psíquico.


A grande solução está na educação convenientemente compreendida e ministrada. Educação que se volta para o ser espiritual.


Desta forma, a Humanidade encontrará a sua solução na educação.


Educar a criança é semear o bom grão. É preparar uma nova sociedade. É criar um mundo novo onde habitará a justiça.


Um mundo onde reinará a solidariedade, garantindo o pão para todos.


Um mundo de fraternidade que a todos oferecerá ensejo de revelar suas capacidades.


É tempo de investir na transformação do indivíduo. É tempo de deixarmos de permanecer alheios ao processo cuja eficácia é indiscutível na melhoria individual e social: a educação.


Cabe-nos, assim, o engajamento nessa luta contra a fome.


Voltemos nossa atenção para a escola. Eduquemos a criança no lar, desde pequena.


Naturalmente, é um projeto a longo prazo. Trata-se do preparo e cultivo do solo que, após os devidos cuidados, produzirá frutos de acordo com a sementeira feita.


* * *


Para atender a fome do corpo, basta um pedaço de pão.


Para atender a fome generalizada do ser humano, necessária se faz a luz da razão, que espanca as sombras de quem avança em sofrimento ou limitação.


E educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do Espírito, para que este se torne luz, adquira paz e exercite o amor.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25 do livro O Mestre na educação, de Pedro de Camargo, ed. Feb.


Disponível <http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1001&stat=3&palavras=a%20fome%20maior&tipo=t>. Acesso : 01 SET. 2010.