domingo, outubro 10, 2010



Sacudir o pó



Momento Espírita


 
Conforme consta do Evangelho segundo Lucas, em dado momento Jesus enviou Seus discípulos para pregar e curar.



Dentre as exortações, orientou como deveriam se comportar, caso eles e suas ideias não fossem acolhidos em algum lugar.



Nessa hipótese, os discípulos deveriam se retirar e sacudir o pó de seus pés.



Há quem veja nessa forte expressão um anátema lançado contra os descrentes.



Contudo, isso destoa do conjunto da mensagem do Cristo.



Jesus ensinou e exemplificou a compaixão e não fugiu do contato com os equivocados do Mundo.



Afirmou mesmo que os sãos não necessitam de remédio.



Uma coerente interpretação da exortação é no sentido de que os discípulos não deveriam conservar qualquer rancor.



Ao se despedir de quem não os havia aceitado e compreendido, deveriam seguir de alma leve.



Bater o pó dos pés equivaleria a se livrar de todo traço de impureza, no sentir e no pensar.



Trata-se de uma lição preciosa, cuja aplicação permite permanecer em paz em face da incompreensão.



É comum a criatura idealista desejar partilhar seus sonhos e projetos de um mundo melhor.



Ela se toma de natural tristeza quando não é compreendida.



Esse sentimento é ainda mais forte quando são seus amores que não a entendem.



Por exemplo, um pai rigorosamente honesto que não consegue convencer os próprios filhos a lhe seguirem os exemplos.



Uma esposa tomada do ideal da caridade que encontra resistência no próprio esposo, quanto a seus atos generosos.



Um professor apaixonado pelo saber que depara com alunos preguiçosos.



Nessas experiências decepcionantes, é preciso sacudir o pó dos pés.



Compreender que a liberdade é uma lei da vida e não esperar dos outros o que ainda não podem ou não querem dar.



A construção de um mundo melhor não se faz sem sacrifícios.



Quem esposa o ideal de um padrão ético superior é um homem do amanhã.



Ele vive hoje o que a maioria viverá mais tarde.



Sua função é a de um semeador do bem.



Com seu exemplo, demonstra a possibilidade de ser honrado e generoso.



Com suas palavras, exorta os que o rodeiam a imitá-lo.



Mas não pode impor suas ideias.



Cada alma amadurece a seu tempo para as grandes verdades da vida.



Perante incompreensões, resta a tranquilidade da consciência pelo dever bem cumprido.



E também a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, as sementes do bem produzirão saborosos frutos.



Compete a cada homem colaborar para que o mundo se aprimore e os costumes se purifiquem.



Entretanto, o resultado de seus esforços repousa nas mãos de Deus.



Com o inesgotável recurso do tempo, Ele assegura que, no momento adequado, o bem se torne pujante, no íntimo de cada ser.



Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

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