quinta-feira, novembro 18, 2010




CASAMENTO PLANEJADO OU ACIDENTAL?


O casamento, por mais que pareça ter perdido importância como instituição social, agregadora dos interesses dos grupos consangüíneos e afins, permanece inalterável na sua característica básica, servindo à união das criaturas no processo de reaprendizagem vivencial. Vem sofrendo, é evidente, sensíveis alterações na sua forma constitutiva e institucional, a partir das mudanças conceituais próprias do atual contexto sócio-cultural, ocasionando uma adequação na legislação de diversos países.


Em nossa terra, por exemplo, de algumas décadas para cá, as chamadas uniões estáveis se consolidam legalmente. A possibilidade legal da dissolução dos casamentos se faz com a lei do divórcio, o que leva boa parcela dos cartórios de registro civil a contabilizarem mais separações e divórcios que casamentos, fenômeno ao que parece próprio desse período de transição ético-moral.


ONDE ESTÁ O PROBLEMA ?


       
                     




Os analistas de plantão, frente a esses fenômenos da sociedade humana, costumam concluir que o problema repousa no tipo do casamento tradicional, muito patriarcal e machista, em desconformidade com os atuais anseios principalmente da mulher que se emancipa.



Não deixam de estar com alguma razão, entretanto perdem por não se aprofundarem na alma humana, já que o progresso pressupõe reformulação de atitudes e posturas, reflexos sempre das condições psicológicas próprias dos objetivos íntimos de cada ser em cada momento de sua existência. Acontece que, via de regra, falta uma visão ampla do que somos, quando não aceitam a realidade espiritual e a teoria reencarnacionista.



O problema , com certeza, não está só no tipo de casamento nem na sociedade como um todo, mas nos parece que muito mais na deficiência de percepção, tanto racional quanto sentimental, do próprio ser humano.



O problema deve repousar na individualidade ignorante de seu destino como espírito sobrevivente, ainda egocêntrica e muitas vezes hedonista.


É por isso que, no namoro, “caminhamos em jardim florido”; no noivado, “andamos sobre nuvens cor-de-rosa”; e, no casamento, em certos casos, “pisamos em tapetes de prego”.


Por que isso? Simples: no namoro, escondemos cuidadosamente nosso lado feio ou ruim; no noivado, os planos e os sonhos não nos permitem enxergar direito a maquiagem e a performace do outro; no casamento, no entanto, caem as máscaras na rotina do cotidiano.



DIFERENÇA ENTRE O IDEAL E O REAL



                       


Quando nos deparamos com vícios e defeitos morais para nós insuportáveis, na convivência matrimonial, conduzindo a situações lastimáveis, com risco de complicar ainda mais o destino, a separação e o divórcio surgem como remédios providenciais, mas sempre de superfície, porque as causas do problema evidentemente permanecem, tanto que “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em seu capítulo XXII, item 5, traz a afirmação de Kardec de que a lei humana separa legalmente o que já está de fato separado.


 

Jesus mantém a validade da assertiva de que o divórcio é permitido pela dureza dos nossos corações, porque não aprendemos ainda a conviver com as limitações alheias e também ainda não nos conhecemos verdadeiramente.



É claro que não devemos separar o que Deus juntou, porque a aliança de sentimentos enobrecidos é efetivamente indissolúvel, sempre indulgente e respeitosa para com as diferenças que mais somam que dissociam, tanto que os casados pelo regime do amor nunca cogitam de separação, a despeito das tormentas que possam sofrer.


 

Dentro do matrimônio, as nossas melhores intenções normalmente são colocadas a prova, para podermos desenvolver o sentimento mais difícil e mais sublime, o “amor que age”, isto é , a caridade.


Como o senso gregário é próprio da criatura, um novo casamento, ou uma nova relação conjugal, passa a compor o panorama existencial dos antes descasados. Nessa situação nova, tem sido até freqüente a ex-esposa ouvir a nova esposa do ex-marido falar da vida feliz que com ele leva, e de todas as suas boas qualidades, aquelas que fazem dele um bom esposo. E isso causa perplexidade: - Não é o mesmo homem! Esse eu não conheci!


 

E não conheceu mesmo, porque era incapaz de vê-lo. Enxergava o homem que a desiludiu frente ao modelo de marido que idealizara antes de casar, e que não conseguiu reformar depois. O problema foi de ver e de aceitar o homem real que estava em casa.


 

A diferença entre o real e o ideal é das causas mais significativas de conflitos geradores de separações. Os psicólogos dizem que essas deficiências são normalmente de mão dupla: aquele que não tem visão do parceiro geralmente não consegue ver bem a si mesmo.


CASAMENTOS PLANEJADOS OU ACIDENTAIS?





                         


Na visão espírita, assentou-se a afirmativa de que “não existem uniões conjugais ao acaso”. Martins Peralva, na obra notável intitulada “Estudando a Mediunidade”, embasada no livro de André Luiz “Nos Domínios da Mediunidade”, ditado ao médium Francisco Cândido Xavier, tipifica os casamentos dentro do entendimento doutrinário:



ACIDENTAIS – encontro sem qualquer ascendente espiritual, atendendo a atração momentânea de almas inferiorizadas;



PROVACIONAIS – reencontro de almas, para reajustes necessários à evolução de ambos;


SACRIFICIAIS – reencontro de alma iluminada com alma inferiorizada, com o objetivo de redimi-la;


AFINS – reencontro de corações amigos, para consolidação de afetos;


TRANSCENDENTES – almas engrandecidas no Bem e que se buscam para realizações imortais, tanto que muito raros tais casamentos, ao ponto de conseguirmos lembrar poucos exemplos, como os de Marie e Pierre Curie e de Allan Kardec e Amélie Gabrielle Boudet.


Como se observa, os grandes acontecimentos da vida, e o casamento é um deles, são planejados previamente, conforme entendimento da questão 258 de “O Livro dos Espíritos”, mesmo quando as reencarnações são compulsórias e os amigos e benfeitores agem por nós ( questão 262, ob. cit.). Mas o livre-arbítrio pode alterar o planejamento reencarnatório, especialmente quando o namoro se precipita em comprometimento.

 
 
 
Os adolescentes levados pelas paixões, sempre perturbadoras, e pela sexualidade mal orientada, envolvidos numa união prematura e que não compunha o seu quadro reencarnatório, um dia terão o encontro verdadeiramente programado. E aí... Como fica a situação?


O problema é muito sério em vista da responsabilidade perante a lei divina.



Entendemos, salvo melhor juízo, que a Espiritualidade saberá replanejar em benefício geral dos seus tutelados, fazendo com que o ser momentaneamente prejudicado pela precipitação do outro não venha a sofrer maiores prejuízos em sua marcha evolutiva, já que cada um deve responder por si.



Todavia, cabe ao precipitado não causar maiores transtornos, quando se reencontrar com a alma companheira de quem deliberada ou inadvertidamente se desviou na presente encarnação. Mesmo que os sentimentos aflorem, precisará da força de renúncia e não deverá, por questão de bom senso e de responsabilidade, renegar o compromisso anterior, sob pena de plantar maiores sofrimentos para si mesmo.


Enfim, se o casamento é um dos caminhos da busca de felicidade, que se conquista no exercício reeducativo de nossos sentimentos, é imprescindível não esquecermos uma velha máxima: “se queres ser feliz, faça os outros felizes”, porque realmente cada um recebe daquilo que dá.



FONTE
CONFRARIA DO CONSOLADOR. Disponível em: . Acesso : 13 JUN 2010














 





















 




























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