Gerson Simões Monteiro
O casal, também pedindo hospedagem a Joroão, usurário que alugava quartos, de pronto recebeu dele a negativa de acolhê-los.
Porém, ao examinar a beleza de Maria, chamou à parte José e perguntou se ela era filha de escravos, que pudesse comprar.
Depois disso, o casal buscou a pensão de Jacob, que também declarou ser
impossível ceder o alojamento para os viajantes.
Contudo, ao fixar-se em Maria, perguntou abertamente como um velho tinha a coragem de exibir uma jovem daquela raridade pelas ruas.
Apesar de todos esses acontecimentos lamentáveis, a verdade é que José e Maria eram acompanhados espiritualmente por uma legião de Espíritos sábios e magnânimos, a cuja frente se destacava Gabriel, o mesmo que anunciou a Maria o nascimento de seu filho – Jesus.
Diante dessa difícil situação, o abnegado Gabriel, ajoelhando-se nas ruas empedradas de Belém, rogou fervorosamente o amparo de Deus, recebendo orientações de diversos Emissários Celestiais das mais altas regiões da espiritualidade, para que Maria pudesse conseguir pousada e ter seu filho em local seguro.
Foi quando esses Emissários deliberaram que a única segurança para o nascimento de Jesus se achava no estábulo, e por isso mesmo, inspiraram José e Maria a seguir em direção ao abrigo dos carneiros e dos bois.
OS ANIMAIS NA MESA NATALINA
Tais fatos, narrados pelo orientador espiritual Ebenezer Bem Aquim, e anotados
pelo Espírito Humberto de Campos, estão publicados na Antologia Mediúnica do Natal,obra psicografada pelo médium Chico Xavier.
Pense bem, e homenageie o aniversariante do dia vinte e cinco sem animais
assados na mesa natalina.
“José da Galiléia foi um homem tão profundamente espiritual que seu vulto sublime escapa às análises limitadas de quem não pode prescindir do material humano para um serviço de definições”.
O conceito é do benfeitor espiritual Emmanuel, em mensagem psicografada por Chico Xavier.
Foi exatamente pela sua grandeza espiritual que José mereceu a confiança das Forças Divinas que presidiram a vinda de Jesus a Terra.
É importante ressaltar que foram confiadas a José as vidas de Maria e Jesus, desde a estrebaria, em Belém, onde Maria deu à luz seu filho em segurança, e depois na fuga para o Egito, para salvar o pequeno Jesus da morte ordenada por Herodes, até o regresso deles a Nazaré.
Esse homem, embora honrado duas vezes pela solicitação de um anjo, nunca se vangloriou dessa dádiva em sua vida.
A primeira solicitação feita a José da Galiléia foi quando da gravidez de Maria.
Antes de coabitarem, ele resolveu se afastar de Maria secretamente, na intenção de evitar a sua difamação.
Ao pensar nisso, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber a Maria, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus”.
Já a segunda aconteceu quando José foi avisado outra vez em sonhos, por um
Emissário Celestial, para que fugisse com sua família em direção ao Egito.
Se de José não temos muitas informações, é porque passou no mundo dentro do divino silêncio de Deus, exemplificando a humildade, a dedicação ao trabalho e o amor à família.
Na véspera ou no dia de Natal, se você pretende homenagear de fato o aniversariante inesquecível que é Jesus, ampare os irmãos relegados à miséria e à dor.
Ofereça uma singela flor ao doente abandonado e esquecido no leito do sofrimento.
Alimente com o pão que lhe sobra da mesa a viúva cercada dos filhos famintos.
Estenda a sua mão aos irmãos presidiários. Abrace os velhinhos recolhidos aos asilos e casas de assistência.
Experimente conversar também com os irmãos que residem nas calçadas frias, e se possível, sirva uma xícara de leite, adoçada com a sua generosidade.
Por certo, depois da plena doação do amor, você ouvirá dentro de sua alma asinesquecíveis palavras do Mestre: “Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que fizestes”.
E não se esqueça de que entre onze da noite e uma da madrugada do dia de Natal, Jesus vem a Terra para amparar os sofredores e os esquecidos nas ruas, nos lares, nos hospitais, nas prisões, enfim, em toda a parte, segundo revelação do médium Chico Xavier.
Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente, estirada numa calçada de uma cidade brasileira.
Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro “Antologia Mediúnica do Natal”:
CONTO DE NATAL
A noite é quase gelada...
Contudo, Mariazinha
É a menina de outras noites
Que treme, tosse e caminha...
Guizos longe, guizos perto...
É Natal de paz e amor
Há muitas vozes cantando:
- “Louvado seja o Senhor!”
A rua parece nova
Qual jardim que floresceu.
Cada vitrine enfeitada
Repete: “Jesus nasceu!”
Descalça, vestido roto,
Mariazinha lá vai...
Sozinha, sem mãe que a beije,
Menina triste, sem pai.
Aquí e alí, pede um pão...
Está faminta e doente.
- “Vadia, saia depressa!” –
É o grito de muita gente.
- “Menina ladra!” – outros dizem.
- “Fuja daqui, pata feia!
Toda criança perdida
Deve dormir na cadeia”.
Mariazinha tem fome
E chora, sentindo em torno
O vento que traz o aroma
Do pão aquecido ao forno.
Abatida, fatigada,
Depois de percurso enorme,
Estira-se na calçada...
Tenta o sono, mas não dorme.
Nisso, um moço calmo e belo
Surge e fala, doce e brando:
- Mariazinha, você
Está dormindo ou pensando?
A pequenina responde,
Erguendo os bracinhos nus:
- Hoje é noite de Natal,
Estou pensando em Jesus.
- Não recorda mais alguém?
E ela, a chorar, disse: - Eu
Penso também, com saudade,
Em minha mãe que morreu...
- Se Jesus aparecesse,
Que é que você queria?
- Queria que ele me desse
Um bolo da padaria...
Depois... queria uma casa,
Assim como todos têm...
Depois de tudo... eu queria
Uma boneca também...
- Pois saiba, Mariazinha,
Eu lhe digo que assim seja!
Você hoje terá tudo
Aquilo que mais deseja.
- Mas, o senhor quem é mesmo?
E ele afirma, olhos em luz:
- Sou seu amigo de sempre,
Minha filha, eu sou Jesus!...
Mariazinha, encantada,
Tonta de imensa alegria,
Pôs a cabeça cansada
Nos braços que Ele estendia...
E dormiu, vendo-se outra,
Em santo deslumbramento,
Aconchegada a Jesus
Na glória do firmamento.
No outro dia, muito cedo,
Quando a lojista abre a porta,
Um corpo caiu, de leve...
A menina estava morta.
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