quinta-feira, abril 21, 2011



Jesus e a Alegria

Por Deuza Nogueira



A partir da Idade Média, criou-se a equivocada oposição entre o sentimento de religiosidade e a alegria. Foi a "época das trevas", no dizer de alguns historiadores. O conceito de virtude caminhava coberto de cinzas, na ausência de cantos e de cores, fugindo apavorado do próprio movimento do mundo.


Daí surgem movimentos que sugerem ao homem o afastamento de confraternizações, da beleza e do sorriso, como sendo prejudiciais, favorecendo "curtos-circuitos" na relação com Deus.


Jesus, no entanto, é o Mestre da Alegria.


Seu messianato iniciou-se no episódio que abaixo transcrevemos:


"No terceiro dia houve um casamento em Cami de Galiléia e a mãe de Jesus estava aí. Jesus foi convidado para o casamento e os seus discípulos também. Ora, não havia mais vinho, pois ovinho do casamento tinha-se acabado. Então a mãe de Jesus lhe disse:


"Eles não tem mais vinho."


Respondeu-lhe Jesus: "Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou."


Sua mãe disse aos serventes: "Fazei tudo o que ele vos disser".


Havia ali seis talhas de pedra para a purificação dos judeus, cada uma contendo de duas a três medidas. Jesus lhes disse:


"Enchei as talhas de água".


Eles as encheram até a borda. Então lhes disse:


"Tirai agora e levai ao mestre-sala". Eles levaram.


Quando o mestre-sala provou a água transformada em vinho - ele não sabia de onde vinha, mas o sabiam os serventes que haviam retirado a água - chamou o noivo e lhe disse: "Todo homem serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já estão embriagados serve o inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora!"


Esse principio dos sinais, Jesus o fez em Cana da Galiléia e manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disso, desceram a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos, e ali ficaram apenas alguns dias. (João 2:1 - 12)


O casamento era um dos episódios mais importantes na vida judaica. E possuía uma série de preceitos que deveriam ser seguidos, a fim de que a felicidade favorecesse aos nubentes.


Assim, na fartura de comida e bebida estavam simbolizando a prosperidade e a prole numerosa, sendo, portanto, de mau agouro a falta de qualquer destes elementos durante a festa. Daí o hábito de servir-se primeiramente o bom vinho, que seria apreciado, digamos, pelo "paladar sóbrio" dos convidados, seguido pelo vinho mais barato, de qualidade inferior.


Maria, como parenta dos anfitriões, é chamada reservadamente, a fim de ser informada do que era considerado quase uma tragédia:


- O vinho acabou!


Neste momento observamos a beleza do conhecimento que ela possuía acerca da personalidade do filho, pois, mesmo com a aparente resposta negativa em: "Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou.", ela dirige-se aos servos dizendo: "Fazei tudo o que ele vos disser".


Aí reside a chave do ensinamento. Quantas vezes, na festa da vida, quando as esperanças se esvaem, faltando alimento que nos sustente a alegria, perguntamo-nos: Por que?


E, na maioria das vezes, emitimos acusações, à procura do culpado pelas nossas carências. Mas, eis que surge a voz de Maria: "Fazei tudo o que ele vos disser". Expressão que mais tarde aparece na codificação Kardequiana, através de O Livro dos Espíritos, questão 614:


"A Lei natural e a Lei de Deus. É a ÚNICA VERDADEIRA para a felicidade do homem. INDICA-LHE o que deve fazer ou deixar de fazer e ELE SÓ É INFELIZ QUANDO DELA SE AFASTA." (Os grifos são nos¬sos).


Logo, temos, em Jesus, o roteiro da felicidade.


E o Mestre que ensina. O amigo que, a partir da oferta da água simples de nossa boa vontade, ofertar-nos-á não apenas o vinho, mas as flores da alegria e da paz.


Cristianismo e libertação de amarras antigas para as puras alegrias do sentimento renovado.


O tempo atual é de purificarmos nossa visão tanta vez equivocada para redescobrirmos a benção de conviver, a beleza festiva na natureza do planeta que habitamos e, sobretudo, a grande misericórdia dos ensinamentos de Jesus em nossas existências.

 

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