sexta-feira, setembro 30, 2011

As mulheres e o mundo

Rose Mapendo e seus filhos

As mulheres e o mundo


Isabel Allende, jornalista e escritora chilena, ao abordar a questão das mulheres no mundo, narra algo que ocorreu no ano de 1998, num campo de concentração para refugiados Tutsi, no Congo, África.


Os protagonistas são uma jovem mulher, de nome Rose Mapendo e seus filhos. Viúva e grávida, de alguma forma ela consegue manter suas sete crianças vivas.


Depois de alguns meses, ela dá à luz a gêmeos prematuros, dois minúsculos meninos. Corta o cordão umbilical com um graveto e os amarra com seu próprio cabelo.


Ela dá a seus filhos os nomes dos comandantes do campo, com o objetivo de ganhar a bênção deles e, com isso, poder alimentá-los com chá preto, já que o seu leite não poderia sustentá-los.


A família sobrevive por dezesseis meses e então, graças ao ato de boa vontade de um soldado americano, Sasha Chanoff, Rose é salva, pois ele consegue colocar sua família em um avião de resgate.


Rose Mapendo e seus nove filhos pousam em Phoenix, Arizona, onde agora vivem e prosperam. O nome Mapendo, em suaíli, idioma oficial da África Oriental, significa grande amor.


Outra história que a autora nos conta se passa no ano de 2005. O lugar é uma pequena clínica para mulheres em Bangladesh, país asiático.


Jenny é uma jovem higienista bucal, voluntária americana. Ela foi para a clínica preparada para limpar dentes. No entanto, descobre que ali não há médicos, não há dentistas e que a clínica é somente uma cabana cheia de moscas.


Do lado de fora há uma fila de mulheres que esperam horas para serem atendidas. A primeira paciente sente dores lancinantes, seus molares estão em péssimas condições. Jenny percebe que a única solução seria removê-los.


Ela não tem licença para isso e nunca fez esse procedimento antes. Apavorada, ciente de que nem ao menos tem os instrumentos adequados, sente-se confortada ao certificar-se que tem como recurso um pouco de anestesia.


Movida pela coragem e por um coração carregado de amor, ela murmura uma prece e segue em frente com a operação.


Ao final, a paciente aliviada beija suas mãos. Naquele dia, a higienista repetiu muitas vezes idêntico procedimento.


 
No mundo de hoje, grande parte das mulheres sofre, vivendo em condições precárias.


Forçadas a casamentos prematuros, não têm controle sobre suas vidas, têm filhos que não conseguem alimentar, não têm acesso à educação, à saúde e à liberdade.


Olhamos em volta e vemos protagonistas como essas por toda parte. Mulheres que, apesar das circunstâncias desfavoráveis, lutam com o coração cheio de amor, pelos seus próprios direitos e pelos direitos do próximo.


Mulheres que, apesar de todas as adversidades, se mostram dispostas, confiantes, carregadas de fé e esperança, que nunca se deixam abater, que lutam diariamente, seguindo em frente sem desanimar.


Mulheres que, como essas das histórias citadas, movidas pelo amor, colocam o coração à frente da razão.


E Jesus nos ensinou que onde estiver o nosso tesouro, estará o nosso coração.


E o nosso tesouro onde está?


Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base em palestra da escritora Isabel Allende, em março de 2007.Disponível em www.momento.com.br.

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