Se eu soubesse o que sei agora
Conta-se que o dono de um pequeno comércio, amigo do grande
poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua e lhe falou:
Sr.Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor
conhece tão bem. Poderia redigir um anúncio para o jornal?
Olavo Bilac, muito solícito, apanhou um papel e escreveu:
Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao
amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um
ribeirão.
A casa, banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila
das tardes, na varanda.
Meses depois, o poeta topa com o homem e pergunta-lhe se
havia vendido o sítio.
Nem pensei mais nisso, disse o amigo. Quando li o anúncio é
que percebi a maravilha que tinha.
* * *
Às vezes, para que possamos reconhecer o valor dos tesouros
que possuímos, é preciso que alguém nos abra os olhos.
E isso não acontece somente com relação aos bens materiais,
mas também no campo afetivo.
Talvez motivados pela rotina ou pela acomodação, passamos a
observar apenas as manias ou os pequenos defeitos daqueles que convivem
conosco, esquecendo-nos das qualidades boas que eles possuem.
Não é raro alguém de fora nos surpreender com uma lista de
virtudes dos nossos filhos, que passam despercebidas aos nossos olhos.
Ou, então, um colega que elogia nosso esposo ou esposa
ressaltando qualidades que não estamos percebendo.
Esposas que criticam o marido porque ele não abre a porta do
carro para ela, não puxa a cadeira para ela se sentar, esquece o aniversário de
casamento, não lhe oferece flores no dia dos namorados...
Essas esposas não levam em conta que aquele mesmo homem é um
pai carinhoso, dedicado, é trabalhador, honesto, e sempre que ela precisa, ele
está por perto para ajudar.
Há maridos que desvalorizam suas esposas porque não estão em
dia com a moda, porque os cabelos brancos não estão bem camuflados, porque não
lhe dão atenção integral quando dela necessitam...
Esses esposos certamente não se dão conta do valor que essas
mulheres têm. Não percebem quantas noites elas são capazes de passar acordadas,
vigiando o filho doente, e enfrentar dias inteiros de trabalho exaustivo, sem
reclamar.
Não se dão conta de que essas mulheres, tantas vezes, fazem
verdadeiros malabarismos financeiros para poupar o marido de saber que o
dinheiro do mês foi curto.
Mães e pais que criticam os filhos porque não atendem a
todos os seus caprichos, ou porque nem sempre fazem as coisas como lhes
determinam, esquecidos de que esses garotos e garotas têm muito valor.
São jovens que prezam pela fidelidade, que respeitam
opiniões contrárias, que valorizam a família, que se dedicam a causas nobres,
jovens saudáveis e cidadãos de bem.
Assim, não façamos como o comerciante que queria vender seu
sítio, e ao ler o anúncio redigido por alguém de fora, mudou de ideia.
Tenhamos, nós mesmos, olhos de ver, ouvidos de ouvir e
sensibilidade para sentir as boas qualidades e as virtudes daqueles que nos
seguem mais de perto.
* * *
Existem pessoas que nem sempre conseguem demonstrar seus
verdadeiros sentimentos.
Talvez por medo de uma decepção ou por timidez, escondem-se
atrás de uma couraça de proteção que as faz sentirem-se mais seguras.
E essa forma de isolar-se, muitas vezes pode aparecer
disfarçada de agressividade ou de comportamento antissocial.
É por essa razão que precisamos desenvolver nossa capacidade
de penetrar os sentimentos das pessoas, um pouco além das aparências.
Redação do Momento Espírita. Disponível em www.momento.com.br.
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