Prece de Gúbio
André Luiz
Senhor Jesus!
Nosso Divino Amigo... Há sempre quem peça pelos perseguidos,
mas raros se lembram de auxiliar os perseguidores!
Em toda parte ouvimos rogativas em benefício dos que
obedecem, entretanto é difícil surpreendermos uma súplica em favor dos que
administram.
Há muitos que rogam pelos fracos, para que sejam, a tempo,
socorridos; no entanto, raríssimos corações imploram concurso divino para os
fortes, a fim de que sejam conduzidos.
Senhor, Tua justiça não falha. Conheces aquele que fere e
aquele que é ferido. Não julgas pelo padrão de nossos desejos caprichosos,
porque o Teu amor é perfeito e infinito...
Nunca Te inclinaste tão somente para os cegos, doentes e
desalentados da sorte, porque amparas, na hora justa, os que causam a cegueira,
a enfermidade e o desânimo...
Se em verdade salvas as vítimas do mal, buscas, igualmente,
os pecadores, os infiéis, e os injustos. Não menoscabaste a jactância dos
doutores e conversaste amorosamente com eles no templo de Jerusalém. Não condenaste
os afortunados e, sim abençoaste-lhes as obras úteis.
Em casa de Simão, o fariseu orgulhoso, não desprezaste a
mulher transviada, ajudaste-a com fraternas mãos. Não desamparaste os
malfeitores, aceitaste a companhia de dois ladrões, no dia da cruz.
Se tu, Mestre, o Mensageiro Imaculado, assim procedeste na
Terra, quem somos nós, Espíritos endividados, para maldiçoarmo-nos, uns aos
outros?
Acende em nós a claridade dum entendimento novo! Auxilia-nos
a interpretar as dores do próximo por nossas próprias dores. Quando
atormentados, faze-nos sentir as dificuldades daqueles que nos atormentam, para
que saibamos vencer os obstáculos em Teu nome.
Misericordioso amigo, não nos deixes sem rumo, relegados à
limitação dos nossos próprios sentimentos... Acrescenta-nos a fé vacilante,
descortina-nos as raízes comuns da vida, a fim de compreendermos, finalmente,
que somos irmãos uns dos outros. Ensina-nos que não existe outra lei, fora do
sacrifício, que nos possa facultar o anelado crescimento para os mundos divinos.
Impele-nos à compreensão do drama redentor a que nos achamos
vinculados. Ajuda-nos a converter o ódio em amor, porque não sabemos, em nossa
condição de inferioridade, senão transformar o amor em ódio, quando os Teus
desígnios se modificam, a nosso respeito. Temos o coração chagado e os pés
feridos na longa marcha, através das incompreensões que nos são próprias, e a
nossa mente, por isto, aspira ao clima da verdadeira paz, com a mesma aflição
por que o viajor extenuado no deserto anseia por água pura.
Senhor, infunde-nos o dom de nos ampararmos mutuamente.
Beneficiaste os que não creram em Ti, protegeste os que Te não compreenderam,
ressurgiste para os discípulos que Te fugiram, legaste o tesouro do
conhecimento divino aos que Te crucificaram e esqueceram...
Por que razão nós outros, míseros vermes do lodo ante uma
estrela celeste, quando comparados contigo, recearíamos estender dadivosas mãos
aos que nos não entendem ainda?
É para eles, Senhor, para os que repousam aqui, em densas
sombras, que Te suplicamos a bênção! Desata-os, Mestre da caridade e da
compaixão, liberta-os para que se equilibrem e se reconheçam...
Ajuda-os a se aprimorarem nas emoções do amor santificante,
olvidando as paixões inferiores para sempre. Possam eles sentir-Te o desvelado
carinho, porque também Te amam, e Te buscam inconscientemente, embora
permaneçam supliciados no vale fundo de sentimentos escuros e degradantes...
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito André Luiz. A Luz da
Oração.
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