quinta-feira, março 07, 2013

Yvonne do Amaral Pereira - Biografia







Yvonne do Amaral Pereira




Nasceu em Rio das Flores/RJ, em 24 de dezembro de 1900  e desencarnou no  Rio de Janeiro, à  9 de março de 1984.


Dona Yvonne, como era chamada carinhosamente  por todos, mas na intimidade do lar e dos amigos mais chegados era chamada de "Tuti", foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras. Autora  de romances psicografados muito conhecidos, dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático, assim como foi cognominada "Patrona dos Suicidas", pela dedicação que teve a este grupo de espíritos desencarnados.


Filha de Manuel José Pereira Filho, um pequeno comerciante, e de Elizabeth do Amaral, foi a primeira de seis filhos do casal. A mãe já havia tido um filho de seu primeiro casamento.


Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas, tendo o médico e o farmacêutico da localidade chegado a atestar o óbito por sufocação. 


A família preparou o corpo da bebê para o velório, colocando-lhe um vestido branco e azul, adornando-a com uma grinalda, enquanto aguardava o pequeno caixão branco da praxe. Nesse momento, a sua mãe, retirando-se para o interior da residência da família, endereçou uma fervorosa prece a Maria de Nazaré, solicitando-lhe a intervenção, uma vez que, no íntimo, não acreditava que a filha estivesse morta. 



Momentos depois, a bebê acordou, chorando. Décadas mais tarde, foi explicado que o fenômeno, vivido naquela idade, correspondera a um resgate da médium, suicida por afogamento em encarnação anterior.



Yvonne cresceu em lar espírita e modesto, visitado em diversas ocasiões pela pobreza. O pai, homem de bom coração, desinteressado dos bens materiais, conheceu a falência comercial por três vezes, por favorecer os fregueses em prejuízo próprio. 


Posteriormente viria a tornar-se modesto funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935. Era comum a família abrigar pessoas necessitadas, vivências que marcariam a vida futura da médium, que afirmaria mais tarde, que desde cedo se desprendeu das vaidades do mundo, vivenciando as dificuldades do próximo.



Com quatro anos de idade, a menina já via e ouvia espíritos, os quais, por falta de conhecimento e maturidade, considerava como pessoas normais, encarnadas. Duas entidades lhe eram particularmente caras:



o espírito Charles, a quem considerava o verdadeiro pai terreno, devido a vivas lembranças de uma encarnação passada, em que esta entidade fora o seu pai carnal. Este seria um seu orientador espiritual durante toda a sua vida e atividade mediúnica.



o espírito Roberto de Canalejas, um médico espanhol em meados do século XIX, entidade pela qual nutria profundo afeto e com a qual mantinha estreitas ligações espirituais, com dívidas a saldar.



Os fenômenos que percebia perturbavam a jovem Yvonne, acometida de imensa saudade do ambiente familiar que desfrutara na encarnação anterior, na Espanha, que recordava com vívida clareza. Considerava os seus atuais familiares, principalmente o pai e os irmãos, como pessoas estranhas, assim como estranhava a casa e a cidade onde morava. Para a criança, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa real, a da Espanha. Esses sentimentos conflituosos, assim como o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que Yvonne apresentasse um comportamento considerado anormal por seus familiares, razão pela qual, até aos dez anos de idade passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.



Aos oito anos de idade, a menina viveu novo episódio de catalepsia, associado a desprendimento parcial. 



Certa noite, em desdobramento espiritual, percebeu-se diante de uma imagem do Senhor dos Passos, existente na igreja freqüentada pela família, pedindo socorro, pois sofria muito. 



A imagem, então, animando-se, dirigiu-lhe as palavras: Vem comigo minha filha: será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam. 



A menina, aceitando a mão que lhe era estendida pela imagem, subiu os degraus do altar e não se lembrou de mais nada.



Nessa idade teve o primeiro contato com um livro espírita. Posteriormente, aos doze anos, ganhou de presente do pai O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, obras doutrinárias fundamentais que a acompanharam pelo resto da vida, atuando como um bálsamo nas muitas horas difíceis. 



Aos treze anos de idade começou a freqüentar sessões práticas de Espiritismo, o que lhe dava grande alegria, uma vez que conseguia visualizar os espíritos comunicantes.



Yvonne teve como estudos apenas o antigo curso primário (atual primeiro segmento do ensino fundamental). Devido às dificuldades financeiras da família não conseguiu prosseguir nos estudos, o que lhe representou enorme provação, uma vez que amava o estudo e a leitura. 



Para auxiliar a família, e o próprio sustento, dedicou-se à costura e ao bordado, e ao artesanato de rendas e flores. 



Afastada do mundo em função da educação patriarcal do interior do Brasil à época, se o recolhimento favoreceu o seu desenvolvimento mediúnico, transformando-a, entretanto, em uma criança excessivamente tímida e melancólica. 



Tendo cultivado desde a infância o estudo e a leitura, completou a sua formação como autodidata, pela leitura de livros e periódicos. 



Aos dezesseis anos já tinha lido obras clássicas de Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros.



A partir dessa idade, fase da adolescência, a mediunidade tornou-se um fenômeno comum para Yvonne, que recebia a maior parte dos informes de além-túmulo, crônicas e contos em desdobramento, no momento do sono noturno. 


A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à incorporação, à psicofonia e ao passe, e até mesmo, em algumas ocasiões, aos efeitos físicos de materialização. 



Dedicou-se à atividade de desobsessão, alimentando um particular carinho pelos suicidas: muitas das entidades que teve oportunidade de assistir tornaram-se suas amigas ao longo dos anos. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu sucessivamente.



Foi assistida por entidades de grande reputação como o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin, Charles, Roberto de Canalejas e outras.



Um dos aspectos mais marcantes de sua atuação mediúnica foi a sua independência, que questionava com fundamento os entraves burocráticos que algumas casas espíritas impõem aos seus trabalhadores. 



Preferia seguir os preceitos da caridade evangélica, a qualquer hora e local em que fosse procurada pelos sofredores.



Esperantista atuante, trabalhou na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior.




Homenagem



Quando dos dez anos de sua morte, a revista Reformador (março, 1994) publicou extensa matéria em memória da médium, de autoria de Augusto Marques de Freitas.



Ali, o articulista resumiu o sentimento que os espíritas dedicam-lhe: "A vida a a obra de Yvonne do Amaral Pereira ficarão gravadas para sempre no coração de todos nós e na História do Espiritismo."




Obra



A obra mediúnica de Yvonne Pereira monta a uma vintena de livros. Embora desde 1926 tenha recebido numerosas obras por meio da psicografia, somente decidiu publicá-las na década de 1950, após muita insistência dos mentores espirituais. Dentre as mais conhecidas destacam-se:



Memórias de um Suicida (Rio de Janeiro: FEB, 1955. 568p.) – ditado iniciado em 1926 pelo espírito Camilo Castelo Branco, completado posteriormente pelo espírito Léon Denis. Constitui-se num libelo contra o suicídio, descrevendo em sua primeira parte, os sofrimentos experimentados pelos que atentaram contra a própria vida. Na segunda e na terceira partes focaliza os trabalhos de assistência e de preparação para uma nova encarnação. Esta obra é considerada um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre o suicídio sob o ponto de vista doutrinário espírita.



Nas Telas do Infinito – apresenta duas novelas: uma pelo espírito Bezerra de Menezes e outra pelo espírito Camilo Castelo Branco.



Amor e Ódio (Rio de Janeiro: FEB, 1956. 553p.) – ditado pelo espírito Charles, enfoca o drama de um ex-aluno francês do Prof. Rivail (Allan Kardec), o artista Gaston de Saint-Pierre acusado de um crime que não cometera. Após grandes padecimentos, recebe os esclarecimentos elucidativos por meio de um exemplar de O Livro dos Espíritos, à época em que este foi lançado pelo Codificador.



A Tragédia de Santa Maria (Rio de Janeiro: FEB, 1957. 267p.) – ditado pelo espírito Bezerra de Menezes, ambientado em uma fazenda de café em Vassouras (RJ).



Ressurreição e Vida (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 314p.) – ditado pelo espírito Leon Tolstoi, compreende seis contos e dois miniromances ambientados na Rússia dos czares.



Nas Voragens do Pecado (Rio de Janeiro: FEB, 1960. 317p.) - primeiro volume de uma trilogia ditada pelo espírito Charles, relata a trágica história do massacre dos huguenotes na Noite de São Bartolomeu (23 de Agosto de 1572), durante uma encarnação anterior da médium na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle.



O Cavaleiro de Numiers (Rio de Janeiro: FEB, 1976. 216p.) - segundo volume da trilogia, mostra a encarnação da médium, ainda na França, na personalidade de Berth de Sourmeville.



O Drama da Bretanha (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 206p.) – terceiro e último volume da trilogia, ilustra como a médium, agora como Andrea de Guzman, não consegue suportar os embates de sua expiação e se suicida por afogamento.



Dramas da Obsessão (Rio de Janeiro: FEB, 1964. 209p.) – ditada pelo espírito Bezerra de Menezes, compreende duas novelas abordando o tema obsessão.



Sublimação (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 221p.) – apresenta dois contos ditados pelo espírito Charles (um ambientado na Pérsia e outro na Espanha) e três contos pelo espírito Leon Tolstoi (ambientados na Rússia).



Como escritora, publicou muitos artigos em jornais populares, produção atualmente desconhecida, que carece de um trabalho amplo de recuperação. São ainda da autora:



A Família Espírita





À Luz do Consolador (Rio de Janeiro: FEB, 1997. ) - coletânea de artigos da médium na revista Reformador, originalmente entre a década de 1960 e a de 1980.



Cânticos do Coração (Rio de Janeiro: Ed. CELD. 1994. 2 v. 246 p.) - coletânea de artigos publicados no jornal Obreiros do Bem.




Contos Amigos

Devassando o Invisível (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 232p.) – a autora, sob a supervisão de instrutores espirituais, desenvolve uma dezena de estudos sobre temas doutrinários, com base em fatos por ela observados e vividos no mundo espiritual.



Evangelho aos Simples

O Livro de Eneida


Pontos Doutrinários – reúne crônicas publicadas na revista Reformador.


Recordações da Mediunidade (Rio de Janeiro: FEB, 1968. 212p.) – a autora discorre sobre reminiscências de vidas passadas, arquivos da alma, materializações, premonição e obsessão. 




A Lei de Deus

Nos primeiros dias de março do ano de 1984, Yvonne afirmara que não valeria a pena o trabalho de colocação de um bypass. 


Contudo, submeteu-se à cirurgia de emergência, à qual não resistiu, desencarnando. 



Retornou assim, ao Mundo Espiritual, uma das mais respeitáveis médiuns do Movimento Espírita Brasileiro, Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março daquele ano, após um longo período de atividades na causa espírita.




Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Yvonne_do_Amaral_Pereira.Aesso:  07 MAR 2013.

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