"O lar não é somente a moradia dos corpos, mas,
acima de tudo, a residência das almas..."
Emmanuel
Casas Mortas, Casas Vivas
Sua casa é viva ou morta? A pergunta soa estranha, com
certeza.
E você logo responderá que casa é algo inanimado.
A casa é feita de pedras, tijolos, madeira, portanto, não
tem vida.
Entretanto, casas existem que são mortas.
Você as adentra e sente em todos os cômodos a inexistência
de vida.
Sim, dentro delas habitam pessoas, famílias inteiras.
Mas são aquelas casas em que quase tudo é proibido.
Tudo tem que estar tão arrumado, ajeitado, sempre, que não
se pode sentar no sofá porque se está arriscando sujar o revestimento novo e
caro.
Casas em que o quarto das crianças é impecável.
Todos os bichinhos de pelúcia, por ordem de cor e tamanho,
repousam nas prateleiras.
Essas casas são frias.
Pequenas ou imensas, carecem do calor da descontração, da
luz da liberdade e da iluminada possibilidade de dentro delas se respirar,
cantar, viver.
Por isso mesmo parecem mortas.
As casas vivas já demonstram, desde o jardim, que nelas
existe vibração e alegria.
No gramado, a bola quieta fala da existência de muitos
folguedos.
A bicicleta, meio deitada, perto da garagem, diz que pernas
infantis até há pouco a movimentaram com vigor.
Em todos os cômodos se reflete a vida.
No sofá, um ursinho de pelúcia denuncia a presença de um
pequenino irrequieto que carrega a sua preciosidade por todos os cantos.
Na saleta, livros, cadernos e lápis dizem dos estudos que se
repetem durante horas.
O dicionário aberto, um marcador de páginas assinalando uma
mensagem preciosa falam de pesquisa e leitura atenciosa.
A cozinha exala a mensagem de que ali, a qualquer momento,
pode chegar alguém e se servir de um copo d’água, um café, um pedaço de pão.
Os quartos traduzem a presença dos moradores.
Cores alegres nas cortinas, janelas abertas para que o sol
entre em abundância.
Os travesseiros um pouco desajeitados deixam notar que as
crianças os jogam, vez ou outra, umas contra as outras, em alegres
brincadeiras.
Enfim, as casas vivas são aquelas em que as pessoas podem
viver com liberdade.
O que não quer dizer com desordem.
As casas vivas são aquelas nas quais os seus moradores já
descobriram que elas foram feitas para morar, mas sobretudo para se viver.
O desapego às coisas terrenas inicia nas pequeninas coisas.
Se estabelecemos, em nosso lar, rígidas regras de
comportamento para que tudo esteja sempre impecável, como se pessoas ali não
vivessem, estamos demonstrando que o mais importante são as coisas, não as
pessoas.
Manter o asseio, a ordem é correto.
Escravizar-se a detalhes, temer por estragos significa
exagerado apego a coisas que, em última análise, somente existem em função das
pessoas.
Transforme sua casa, pequena, de madeira, uma mansão, num
lugar agradável de se retornar, de se viver, de se conviver com a família, os
amigos, os amores.
Coloque sinais de vida em todos os aposentos.
Disponha flores nas janelas para que quem passe, possa
dizer: Esta é uma casa viva. É um lar.
Redação do Momento Espírita.Disponível em www.momento.com.br.
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