O céu está na alma
A crença mais difundida entre os homens identifica o céu
como um local determinado no espaço.
Para lá seguiriam as almas dos eleitos.
O aspecto e o conteúdo desse lugar refletem ideais de prazer
material das diversas culturas existentes na Terra.
Algumas dessas culturas afirmam que cada homem terá diversas virgens à sua disposição.
Outras sustentam que o paraíso é repleto de anjos tocando
harpas.
Em eterna contemplação, as almas se refestelariam no ócio.
Tais concepções refletem o desejo de saciar inúmeros vícios,
como gula, preguiça e sensualidade.
Contudo, não é possível conceber que almas sublimes
encontrem alegria em nada fazer ou em satisfazer paixões.
O que caracteriza os grandes homens é a sua dignidade e o
seu incansável labor em favor dos semelhantes.
Não é crível que a morte física os degenere.
E que a partir dela se tornem rematados desocupados cheios
de vícios.
Consequentemente, o paraíso não pode ser um local de ócio e
desfrutes.
Na verdade, o céu não é um lugar delimitado.
A evolução científica evidencia a impossibilidade dele se
situar no alto das nuvens, como durante certo tempo se concebeu.
O homem gradualmente explora recantos cada vez mais
longínquos, sem perigo de encontrá-lo.
Tendo em mente que o que sobrevive à matéria é o Espírito,
suas recompensas e penúrias devem ser todas imateriais.
A rigor, o céu é um estado de consciência.
Não é preciso desencarnar para estar no céu ou no inferno.
Cada homem traz, nas profundezas do próprio ser, a grandeza
ou a miséria resultantes de seus atos.
Um homem honrado experimenta plenitude interior onde quer
que se encontre.
Já um celerado permanece em sobressalto mesmo no mais
luxuoso dos palácios.
O céu é um estado de harmonia com as Leis Divinas.
Tais Leis são reveladas pela natureza e encontram-se
inscritas na consciência de cada ser.
A semelhança em face da dor, da doença e da morte revela que
todos os homens são essencialmente iguais.
As diferenças de caracteres refletem o bom ou mau
aproveitamento das anteriores encarnações.
Todos os Espíritos foram criados em estado de total
simplicidade.
E todos fatalmente se tornarão anjos de amor e sabedoria.
As desigualdades são transitórias e retratam o esforço
individual.
Quem gastou bem o tempo acumulou tesouros intelectuais e
morais.
Aquele que se permitiu viver na leviandade ressente-se das
oportunidades que desperdiçou.
Os vícios e paixões que porta são a herança que preparou
para si.
A igualdade essencial dos seres indica um dever de
solidariedade.
O homem mais avançado precisa auxiliar os que seguem na
retaguarda.
Trata-se de um dever elementar de humanidade, não de um
favor.
Esse auxílio não se cinge a esmolas, muitas vezes
humilhantes.
Nem reflete conivência com equívocos.
A criatura consciente necessita dar exemplos de dignidade e
trabalho.
Também precisa demonstrar compaixão com os semelhantes.
Auxiliá-los a perceber os próprios equívocos e a repará-los.
Quem é honesto, trabalhador e solidário realiza a tarefa que
lhe cabe no concerto da vida.
Harmoniza-se com sua consciência e vive em estado de
plenitude.
Acerta-se com o passado e descobre a alegria que é trazer
uma larga faixa de céu no coração.
Redação do Momento Espírita. Disponível em
www.momento.com.br.
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