Raio de Luz
Todas as noites, antes de fazer os filhos adormecerem, um
pai muito carinhoso conversava com eles, enquanto lhes afagava os cabelos
anelados.
Diariamente, escolhia um assunto que encontrava no Evangelho
ou em algum acontecimento do cotidiano.
Naquela noite sem luar, quando as nuvens encobriam as
estrelas, ele arranjou uma forma diferente de chamar a atenção das crianças.
Colocou-as no sofá da sala e disse-lhes que não se
assustassem com a escuridão. Ele apagaria todas as luzes da casa, de propósito.
E assim o fez.
Deixou a casa às escuras e sentou-se no meio dos filhos que
o aguardavam apreensivos.
Perguntou-lhes o que eles eram capazes de ver em meio àquele
breu.
O menininho mais velho comentou que conseguia distinguir os
contornos da cadeira que estava a sua frente, mas que não conseguia saber ao
certo qual objeto produzia a sombra que se apresentava um pouco mais adiante.
O pai, aproveitando a oportunidade, esclareceu:
Nossos olhos acostumam-se com a ausência de luz e acabam
conseguindo, com algum esforço, distinguir alguns objetos.
Porém, não é possível notar tudo quando a luz nos falta.
Alguns contornos podem enganar nossos sentidos.
Muitos detalhes passam despercebidos.
As cores deixam de ser perceptíveis.
A ausência de luz dificulta nosso caminhar porque não
conseguimos notar com segurança para onde estamos indo.
Nesse momento, ele acendeu uma vela que trazia consigo.
As crianças exultaram diante da claridade que se fez na
sala.
Vejam! - Convidou o pai. - Percebam como tudo parece
diferente na presença da luz.
As sombras já não mais nos confundem.
Agora as formas assumem contornos mais exatos.
Como é mais fácil buscar um caminho, quando há luz a mostrar
a direção correta.
Encantadas com a singela, porém, inesquecível descoberta, as
crianças concordaram com o pai, enquanto o cobriam de carinhos antes de serem
levados para a cama.
A maior glória da alma que deseja participar na obra de Deus
será transformar-se em luz na estrada de alguém.
Registramos a luz sem nos adentrar em sua grandeza.
O raio de luz penetra a furna escura, levando a réstia de
claridade que espanca as trevas.
Adentra o vale sombrio e estimula o florescer.
Atinge a gota d´água e reverte-a em um diamante
multicolorido.
Visita o pântano e transforma-o em jardim, em pomar.
Viaja pelo ar, aquece vidas e as alimenta.
Beija as corolas e desata perfumes inesquecíveis.
Aninha-se no cristal e ele reverbera, embelezando-se ainda
mais.
Não nos deixemos adoecer pelo amolentamento.
Há tantas possibilidades de darmos utilidade e beleza à
vida.
Com o exemplo da luz, o Criador convida-nos a fazer o mesmo.
Desfaçamos as sombras nos corações.
Drenemos os charcos das almas.
Projetemos alegrias fomentadoras de vida naqueles que se
encontram combalidos pela tristeza e pelo desalento.
Sejamos também um raio de luz, espraiando brilho e calor,
beleza e harmonia, em todos os momentos, iluminando, assim, também, nossos
próprios caminhos.
Redação do Momento Espírita.Disponível em www.momento.com.br
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