segunda-feira, março 10, 2014

O Tempo - André Luiz




O Tempo

André Luiz


Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no.

Corre a oportunidade – espalhando bênçãos.

Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas.

Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias.

Cada hora é uma província – de sessenta unidades.

O homem, contudo, é o semeador – que não despertou ainda.



Distraído cultivador, pergunta: - que farei?

E o tempo silencioso responde, com ensejos benditos:



De servir – ganhando autoridade.

De obedecer – conquistando o mundo.

De lutar – escalando os céus.

O homem, todavia, - voluntariamente cego.

Roga sempre mais tempo – para zombar a vida,

Porque se obedece – revolta-se orgulhoso,

Se sofre – injuria e blasfema,

Se chamado a conta – lavra reclamações descabidas.



Cientistas – fogem da verdadeira ciência.

Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos.

Religiosos – negam a religião.

Administradores – retiram-se da responsabilidade.

Médicos – subtraem-se à medicina.

Literatos – furtam-se à divina verdade.

Estadistas – centralizam a dominação.

Servidores do povo – buscam interesses privados.

Lavradores – abandonam a terra.

Trabalhadores – escapam do serviço.

Gozadores temporários – entronizam ilusões.



Ao invés de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia.

Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios.

Possuem os bens da Terra – acabando possuídos.

Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão.



Mas chega, um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros,

Em que a morte surge – reclamando trapos velhos...

O tempo recolhe, então, apressado – as oportunidades que pareciam sem fim,

E o homem reconhece – tardiamente preocupado,

Que a Eternidade infinita – pede contas do minuto...





XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito André Luiz.  Do livro “Coletânea do Além”.

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