Teoria e prática
Joanna de Ângelis
O conhecimento liberta da ignorância.
Todavia, somente a sua
aplicação liberta do sofrimento.
Há uma expressiva diferença entre a teoria e a prática, em
todos os segmentos da humanidade.
*
A teoria ensina.
Porém, a prática afere-lhe o valor.
Não basta saber. É imprescindível utilizar o que se conhece.
O conhecimento, em verdade, amplia os horizontes do
entendimento.
Não obstante, a sua aplicação alarga as paisagens da vida.
A mente conhecedora deve movimentar as mãos no uso desses
valiosos recursos.
*
O conhecimento de importância é aquele que pode mover essas
conquistas em favor do bem do seu possuidor, assim como do meio social onde
este se encontra.
Nula é a informação que não produz bênçãos, nem multiplica
as disposições da pessoa para a ação útil.
*
Conhecendo saberás que a tua renúncia auxilia a comunidade,
sem que esperes a abnegação dos outros a teu benefício.
O conhecimento superior estimula à imediata atividade.
Acumular informações sem finalidade prática, transforma-se
em erudição egoísta que trabalha em benefício da presunção.
*
Tens a obrigação de conhecer para viver.
Simultaneamente,
deves viver praticando os salutares esclarecimentos que armazenas, contribuindo
para uma existência realizadora, humana e feliz.
*
Quando leias, exercita a praticidade do contributo cultural
que assimilas.
O tempo urge, e as oportunidades de aplicação constituem
tuas chances de progresso como de paz.
*
Conta-se que célebre monge budista, estudando algumas suras,
descobriu que se não devia utilizar da pele de animais para conforto pessoal.
De imediato, levantou-se do catre e dali retirou o couro de
um urso que lhe servia de apoio macio sobre as ripas da enxerga áspera.
Prosseguindo a leitura, porém, encontrou assinalado que, no
entanto, se poderia usar a pele dos animais, quando se estivesse enfermo,
esquálido ou envelhecido, a fim de ter diminuídas as penas e dores.
Ato contínuo, tomou da mesma com respeito, colocou-a no
lugar de onde a retirara, sentou-se sobre ela e continuou a ler...
Conhecimento que não transforma em utilidade, pode ser qual
"sepulcro caiado por fora", ocultando vérmina e morte por dentro,
responsável pelo bafio do orgulho e da ostentação.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Da obra Momentos de Felicidade. 2a edição. Salvador, BA: LEAL, 1990.
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