Convites da Vida
Joanna de Ângelis
Para onde te voltes, onde quer que te encontres,
defrontarás os incessantes convites da vida.
Uns se dirigem aos fulcros
do espírito idealista estimulando à ascensão; outros gritam nos recônditos do
ser atormentado, convocando ao abissal mergulho no sofrimento evitável.
Os arrojos tecnológicos facultam celeremente altas cargas
de informações que te pesam constritoramente, debilitando as forças do
teu ideal.
Simultaneamente alargam horizontes para excelsas cogitações cuja
magnitude
transcende a tua capacidade de apreender.
A litania do desespero chama-te a atenção.
A balbúrdia sexólatra desperta-te a observação.
O brado de revolta convoca-te ao exame das situações.
As mercadorias do prazer espicaçam-te os sentidos.
A loucura generalizada convida-te à alucinação
marginalizante.
O medo envolve-te em angústia injustificável.
Ocorre que a Terra transita de “mundo de expiação” para
“mundo de regeneração”, consoante as felizes informações,
recolhidas por Allan Kardec, da Espiritualidade Superior.
Concomitantemente a paz necessita da tua cooperação.
A cruzada do amor e da caridade inspira-te passos
gigantescos na direção da liberdade plena.
O bem de qualquer denominação abrasa-te, guiando tuas
aspirações nos rumos infinitos.
A esperança, embriagando tua alma, conduz as claridades
divinas aos teus painéis íntimos.
Convidam-te: a reflexão a sublimes colóquios, a humildade
a total desprendimento, a fé a mudança de paisagens, o dever à
luta incessante pela sublimação, a paciência a cuidadosas realizações em
profundidade, em suma, o Cristo, ao inexcedível serviço da luz.
Ainda ontem homens e mulheres célebres fizeram-se
notáveis porque aceitaram os convites da vida, como desafios que
aceitaram e dos quais se liberaram com resultados felizes, mediante os quais se
engrandeceram, renovaram outros homens, outras mulheres e o mundo.
Milton, cego e pobre, após a morte de Cromwell, de quem
era secretário, esqueceu-se da limitação e ditou à esposa e filhas, em
poesia de lirismo ímpar, o seu “Paraíso Perdido”.
Steinmetz, não obstante a deformidade física, revelou-se
a penosos esforços cientista insuperável.
Roberto Luiz Stevenson, tuberculoso, olvidou as penas e
tornou-se esteta da literatura.
Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, apesar das
dores cruéis que experimentava em face da terrível enfermidade que sofria,
esculpiu a pedra com arte primorosa.
Eunice Weaver aceitou o desafio da lepra e, após
admiráveis contribuições sociais de outra natureza, levantou os Preventórios para
os descendentes sadios dos hansenianos, fazendo baixar a incidência do
terrível mal, no Brasil.
Martin Luther King não temeu a discriminação racial e
“colored” encabeçou as “marchas da paz”, inspirado na resistência pacífica,
logrando inestimáveis conquistas para os irmãos perseguidos pelo vil
preconceito.
Estigmatizados por estranhas enfermidades ou livres
delas, tocados pelo ideal do amor e da beleza, incontáveis servidores da
Humanidade atenderam os convites da vida.
Olha em derredor, aprofunda observações, ausculta as
vozes inarticuladas em melodias sublimes em a Natureza e faze algo que te
assinale positivamente
a passagem pela Terra.
Qualquer contribuição de amor ao próximo e aprimoramento
próprio, vale mais do que coisa nenhuma.
Não te escuses.
A vida é um sublime convite. Este livro apresenta-te
alguns. (*) Medita neles.
É modesta contribuição que te trazemos quando a
nacionalidade brasileira evoca o sesquicentenário da sua emancipação política.
Lembra-te de emancipar-te, também, das algemas
escravocratas de qualquer natureza.
Liberta-te da opressão do mal, ainda hoje, agora.
Viver na Terra é honra que ninguém pode subestimar.
Um dia, o Rei Estelar, compreendendo a necessidade de
elevar o homem às culminâncias da felicidade no Seu Reino, aceitou o
convite-desafio do mundo em crescimento e desceu à Terra, erguendo-a, de tal modo
que em breve a dor e a miséria baterão em retirada, definitivamente, a
fim de que se instalem nela os chegados dias da “Jerusalém libertada” em
plenitude de paz.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Angelis.
Convites da vida, Introdução, p 1-2,
1972.
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