Aos que desejam desistir
Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol
parece fraca, sem que consiga brilhar nos panoramas do teu caminho.
Tudo são inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e
que retornam como fantasmas ameaçadores, gerando clima de sofrimento interior.
Nessas ocasiões, tudo corre mal.
Acontecem insucessos
imprevistos e contrariedades surgem de muitas situações que se amontoam,
transformando-se em obstáculo cruel de difícil transposição.
Surgem aflições em família que navegava em águas de paz,
repontam problemas de conjuntura grave em amigos que te buscam socorros
imediatos e, como se não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da
frágil esperança que, então, se faz fugidia.
Nessa roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes
indescritível necessidade de repouso.
A morte se te afigura uma bênção capaz de liberar-te de
tantas dores!...
Refaze, porém, a observação.
Tudo são testemunhos necessários à fortaleza espiritual,
indispensáveis à fixação dos valores transcendentes.
Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades
de resgate, e a vida calma amolentaria o teu caráter, conspirando contra a paz
porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu íntimo.
Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós
não nos dói a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo.
Perdemos a percepção para as coisas sutis da vida
espiritual, a mais importante e, desse modo, nos desviamos da rota redentora.
Não te aborreças, pois, com os acontecimentos afligentes que
independem de ti.
A família segue adiante, o amor muda de domicílio, a doença
desaparece, a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se
acalma se souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no
círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos.
Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e
espera.
Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer
lembrar-se-ão e possivelmente retornarão.
Os amigos que te deixaram; os amores que te não
corresponderam; aqueles que te não quiseram compreender; quantos zombaram da
tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos da humildade; os que
investiram contra os teus anseios voltarão, tornarão sim, pois ninguém atinge a
plenitude da montanha sem a vitória pelo vale que necessita ser vencido.
Tem calma! Silencia a revolta!
* * *
Por que desistir da vida, se ela nunca desiste de nós?
Por que desistir dessa grande oportunidade, se ela foi tão
arduamente conquistada por nós, antes de voltarmos a nascer?
Sabíamos das provas que iríamos enfrentar aqui, aliás,
viemos aqui justamente para isso, para suportar, e suportando com bravura,
crescer interiormente.
Se não são as provas que nos assustam, mas sim expiações
duríssimas que a lei nos impõe, encaremo-las como o momento da redenção, da
libertação do sofrimento prolongado e indefinido.
O segredo da felicidade não está na vida de mansuetude, mas
nas vitórias logradas sobre as batalhas diárias.
Cada vitória, uma felicidade a mais.
Aos que desejam desistir, força sempre!
Quem resiste
bravamente cresce e é feliz, mesmo em meio aos desafios.
Redação do Momento Espírita,com base no cap. 42, do livro Lampadário
espírita, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. FEB.Disponível em www.momento.com.br.
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