Em louvor ao Irmão Sol
Joanna de Ângelis
Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o
terror, mantendo a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos
para esmagar os camponeses e os citadinos pobres.
Havia superstição e medo em toda parte, caminhando a
humanidade sob o estigma do pecado e do vício que eram punidos com impiedade.
Tu chegaste e apresentaste a Verdade, que nunca mais deixou
de iluminar a sociedade.
Existiam a perversidade sem disfarce e a discriminação de
todo tipo, havendo-se tornado o homem o lobo do homem, assim ficando
desprezível.
Na sua simplicidade santa cantaste o hino de louvor a todas
as criaturas, chamando-as docemente de irmãs.
Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio
pestilento das guerras intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que
apodreciam a céu aberto...
Tua voz, suave e meiga, entoou, então, o canto da paz, e te
fizeste o símbolo da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a
Terra.
As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas
do destino insano, dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo.
A fé religiosa com a sua pompa extravagante amparava-se nos
fortes e os ajudava a perseguir e malsinar os fracos, mas tu tiveste a coragem
de despir-te das sedas e brocados do teu pai, desnudando-te, para nascer
novamente dedicando-te,a partir daquele momento, aos leprosos de Rivotoro...
No início do teu ministério, quando se aproximaram os
primeiros servidores do Amor, riscaste no chão uma cruz e enviaste-os aos
quatro pontos cardeais do mundo, para que todos conhecessem o Sol de Primei ra
Grandeza. Enquanto Ele os houvera enviado dois a dois, tiveste a coragem de os
encaminhar a sós, porque sabias que Ele seria o companheiro inseparável
daqueles abençoados heróis do amor em todos os seus momentos.
Num período em que a fé religiosa inspirava pavor, aqueles
que se consideravam representantes de Deus no mundo, distanciando-se cada vez
mais das ovelhas que deveriam pastorear, tomaste a vestimenta de ovelha branda
e reuniste aquelas desgarradas, formando um novo rebanho...
Nos teus dias, e mesmo um pouco depois, ninguém te resistia
a presença, a voz, a vibração de inefável amor...
Nem mesmo o lobo feroz de Gúbio ou as andorinhas gárrulas,
que te perturbavam a canção de amor, quando cantavas aos ouvidos atentos dos
sofredores no altar da Natureza, fazendo-as calar-se.
No forte verão, quando tinhas a vista queimada pelo ferro em
brasa e estavas ao ar livre, percebeste pelo zumbido das abelhas, que lhes
faltavam pólen e flores para fabricar mel.
Não trepidaste em solicitar à tua
irmã Clara que providenciasse do monastério o alimento para aquelas irmãzinhas
laboriosas...
Quem se atreveu a comportar-se dessa forma, depois dEle, a
quem tanto amaste, a ponto de imitá-lO em todos os teus momentos, a partir do
instante em que Ele te chamou para a reedificação da Sua Igreja moral que
estava em escombros?
Oh! Irmão Cantor dos desesperados e esquecidos!
O mundo moderno, rico de glórias ligeiras e pobre de
sentimentos, orgulhoso das suas conquistas rápidas, mas que não nota a imensa
aflição em que estorcegam as multidões famintas e excluídas da sua sociedade,
vivendo uma insuperável noite de horror e de incertezas, necessita de ti com
muita urgência.
Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o
teu canto virá diminuir a angústia que se transformou em patética afligente na
Terra sofredora.
Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da
tecnologia, mas a solidão, a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles
filhos do materialismo insensível produzem o vazio existencial, os transtornos
psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura pelas drogas, pelo
alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga pelo
suicídio injustificável.
Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas
criaturas, todas elas à tua volta como fizeste naqueles dias já recuados,
conduzindo-as a Jesus.
Novamente convoca os teus irmãos Leão, Rufino, Chapéu, assim
como aqueloutros que contigo construíram o mundo que te escuta há oitocentos
anos, mas não tem coragem hoje de seguir-te os passos.
Quantos te abandonaram após a tua volta ao Grande Lar?!
Ainda escutamos o silêncio da deserção deles na turbulência
das atrações de onde haviam saído e para aonde retornaram com avidez...
Eles estão novamente, na Terra, aturdidos, saudosos,
aguardando a tua voz que conhecem e não conseguem esquecer.
A tua Assis querida agora está ampliada além das muralhas em
que se resguardava, e a sociedade em agonia deseja pertencer-lhe à cidadania.
Há música no ar, silêncio nos corações e lágrimas nos olhos
de quase todas as criaturas destes dias de inquietações e de incertezas.
Em decorrência, há uma grande expectação denunciando a
espera...
Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do
desamor bata em retirada e uma primavera de bênçãos tome conta de tudo.
O céu azul que te agasalhou e os campos verdes com lavanda
perfumada que os teus pés feridos pisavam, continuam aguardando-te.
Há multidões que te vêm louvar, bulhentas e festivas, mas
indiferentes ao teu chamado, sem valor para te seguir.
Canta, então, novamente, a tua oração simples, com que nos
brindaste naqueles dias inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se
manifestem a paz e a esperança, e ante a ameaça da morte iminente, o ser
ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é morrendo que se
vive para sempre.
Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda
ansiosa!
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia
do médium Divaldo P. Franco, na tarde do
dia 3 de junho de 2009, junto à tumba de S. Francisco de ASsis, ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália.
Filme Clara e Francisco Parte I
Filme Clara e Francisco Parte II
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