O Chico Responde
O site Chico Xavier,
Diálogos e Recordações contempla a comunidade leitora, com passagens e
respostas de Chico Xavier a indagações feitas por diversas personalidades do
cenário nacional, referentes a temas
diversos, que estamos dividindo com os leitores amigos.
Com sabedoria adquirida à
luz do Evangelho, das obras de Kardec e dos Espíritos Benfeitores, Chico
continua atual, podendo evidenciar-se em suas respostas, palavras que nos
contemplam com um verdadeiro “Banquete Espiritual”.
*
Haverá maior frio na alma
que a indiferença dos nossos semelhantes?
Chico Xavier:
– Pode haver indiferença
dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com os outros isso
não deveria acontecer.
Cremos que se Jesus
houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o
desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando
cada vez mais na Terra.
(Do livro Lições de
Sabedoria)
*
Que lhe ocorre dizer às
pessoas que, embora se esforcem, não conseguem se espiritualizar, porque se
sentem cativas de remanescentes paixões ou fortes algemas emocionais?
Chico Xavier:
– Ainda que nos sintamos
encarcerados em idéias negativas que, às vezes, nos colocam em sintonia com
inteligências encarnadas ou desencarnadas, ainda presas a certos complexos de
culpa, conseguiremos a própria liberação desses estados, claramente infelizes,
se nos dispusermos com sinceridade a varar a concha do nosso próprio egoísmo,
esquecendo, quanto ao aspecto inarmônico de nossa vida mental, para servir aos
outros, especialmente àqueles que atravessam provações e problemas muito
maiores que os nossos.
(Jornal “O Espírita Mineiro”,
de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977)
*
Conta-se que, certa
feita, perguntaram ao Chico, como ficaria o Espiritismo no Brasil
quando cessassem as suas atividades mediúnicas, ao que ele respondeu:
Chico Xavier:
– “Meu filho, médium é
como grama, quanto mais se arranca, mais ela brota”.
(Busca e Acharás – Junho
de 2000)
*
Dentro da Doutrina
Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em guerras,
enchentes, em toda espécie de catástrofe?
Chico Xavier:
– São essas provações, que
coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos cármicos. As vezes
empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da comunidade ou
do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e, no
tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas
dívidas, reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas
mesmas culpas, porque a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de
misericórdia.
(Livro Chico Xavier –
Dos Hippies aos problemas do mundo)
*
Estimaríamos colher a sua
opinião a respeito dos últimos conflitos que colocaram em perigo a Paz Mundial…
Chico Xavier:
– Atentos aos nossos
deveres de ordem doutrinária, já que o Espiritismo é a religião de Jesus,
endereçada ao burilamento e confraternização dos homens, não seria cabível
viéssemos a analisar os conflitos atuais do mundo, sob o ponto de vista
político. Essa tarefa, na opinião de Emmanuel, o dedicado orientador espiritual
que nos dirige as atividades, compete aos mentores encarnados da vida
internacional.
Todos nós, os religiosos
de todos os climas, nos reconhecemos atualmente defrontados por crises de
insatisfação em quase todos os domínios da Humanidade, e, por isso mesmo,
segundo as instruções que recebemos dos benfeitores espirituais, a nossa melhor
atitude é a da prece, em favor dos líderes das nações, rogando a Deus os
ilumine e guie, a fim de que todos eles se unam, no respeito às leis que o
progresso já nos confiou, evitando nova grande guerra, cujos efeitos
calamitosos, não conseguimos prever, nem calcular.
(Do livro No Mundo de
Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP)
*
A Doutrina Espírita é
acusada de, ao se preocupar somente com a vida no além, ajudar a manter o
sistema político vigente, por não se preocupar com o progresso material e
político do homem na Terra. O que acha?
Chico Xavier:
– É muito interessante
isso, mas não desejamos abusar, desprestigiar, desprimorar mesmo a figura de
Jesus Cristo. É importante considerar que Jesus cogitou muito da melhora da
criatura em si.
Auxiliou cada companheiro
no caminho a ter mais fé, a amar os seus semelhantes, ensinou os companheiros a
se entre-ajudarem, de modo que nós vimos Jesus sempre preocupado com o homem,
com a alma.
Não nos consta que ele
tivesse aberto qualquer processo de subversão com o Império Romano, nem mesmo
contra a Palestina ocupada.
Então, o espírita não é
propriamente uma pessoa conformada do ponto de vista negativo. Conformismo em
Doutrina Espírita tem o sinônimo de paciência operosa. Paciência que trabalha
sempre para melhorar as situações e cooperar com aqueles que recebem a
responsabilidade da administração de nossos interesses públicos.
Em nada nos adiantaria
dilapidar o trabalho de um homem público, quando nosso dever é prestigiá-lo e
respeitá-lo tanto quanto possível e também colaborar com ele para que a missão
dele seja cumprida. Porque é sempre mais fácil subverter as situações e
estabelecer críticas violentas ou não em torno de pessoas.
Nós precisamos é da
construtividade.
Não que estejamos batendo
palmas para esse ou aquele, mas porque devemos reverenciar o princípio da
autoridade, porque sem disciplina não sei se pode haver trabalho, progresso,
felicidade, paz ou alegria para alguém. Veja a natureza: se o sol começasse a
pedir privilégios e se a Terra exigisse determinadas vantagens, o que seria de
nós com a luz e o pão de cada dia?
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira)
*
De vez em quando aparece
alguém que, em virtude de algum problema social mais grave – a violência, por
exemplo, – pede a pena de morte. O senhor concorda?
Chico Xavier:
– A pena deveria ser de
educação. A pessoa deveria ser condenada mas é a ler livros, a se educar, a se
internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial.
Mas que as nossas casas
punitivas, hoje chamadas de casas de reeducação, sejam escolas de trabalho e
instrução.
Isto porque toda criatura
está sentenciada à morte pelas leis de Deus, porque a morte tem o seu curso
natural.
Por isso, acho que a pena
de morte é desumana, porque ao invés de estabelecê-la devíamos coletivamente
criar organismos que incentivassem a cultura, a responsabilidade de viver, o
amor ao trabalho. O problema da periculosidade da criatura, quando ela é
exagerada, esse problema deve ser corrigido com educação e isso há de se dar no
futuro.
Porque nós não podemos
corrigir um crime com outro, um crime individual com um crime coletivo.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira)
*
Chico, estamos diante de
uma onda crescente de violência em todo o mundo. A que os espíritos atribuem
essa ocorrência? Gostaria que você se detivesse também no problema dessa
corrida da população às armas, para a defesa pessoal. Como você vê tudo isso?
Chico Xavier:
– Temos debatido esse
problema com diversos amigos, inclusive com nossos benfeitores espirituais e
eles são unânimes em afirmar que a solidão gera o egocentrismo e esse egocentrismo
exagerado reclama um espírito de autodefesa muito avançado em que as criaturas,
às vezes, se perdem em verdadeiras alucinações.
Então a violência é uma
conseqüência do desamor que temos vivido em nossos tempos, conforto talvez
excessivo que a era tecnológica nos proporciona. A criatura vai se apaixonando
por facilidades materiais e se esquece de que nós precisamos de amor,
paciência, compreensão e carinho. A ausência desses valores espirituais vai
criando essa agressividade exagerada no relacionamento entre as pessoas ou
entre muitas das pessoas no nosso tempo.
De modo que precisaríamos
mesmo de uma campanha de evangelização, de retorno ao Cristianismo em sua
feição mais simples para que venhamos a compreender que não podemos pedir
assistência espiritual a um trator de esteira, não podemos pedir socorro a
determinados engenhos que hoje nos servem como recursos de pesquisas em pleno
firmamento, nós precisamos desses valores de uns para com os outros.
Quando nos voltarmos para
o sentimento, para o coração, acreditamos que tanto a violência, como a corrida
às armas para defesa pessoal decrescerão ao ponto mínimo e vamos extinguindo
isso, pouco a pouco, à medida que crescemos em manifestações de amor, reciprocamente.
(Transcrito no livro de
sua autoria “Lições de Sabedoria – Chico Xavier)
*
Suas palavras de
solidariedade sempre giram em torno da missão que cada ser humano tem. Qual é a
sua missão?
Chico Xavier:
– Um capim tem uma missão,
alimentar o boi. Minha missão é como a do capim ou de qualquer outra plantinha
sem nome que exista por aí. Precisamos viver honradamente e fazer tudo o que
pudermos para ajudar o próximo a superar suas dificuldades.
(publicado na revista
Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO
ESPÍRITA 1985)
*
É verdade que a homeopatia
age no perispírito (corpo espiritual)?
Chico Xavier:
– O medicamento
homeopático atua energeticamente e não quimicamente, ou seja, sua ação
terapêutica vai se dar no plano dinâmico ou energético do corpo humano, que se
localiza do perispírito.
A medicação estimula
energeticamente o perispírito, que por ressonância vibratória equilibra as
disfunções existentes, isto é, o remédio exerce duas funções enquanto atua. Por
isso a homeopatia além de tratar doenças físicas, atua também no tratamento dos
desequilíbrios emocionais e mentais, promovendo, então, o reequilíbrio
físico-espiritual.
A explicação dada por
Francisco Cândido Xavier, na verdade, confirma mensagem trazida pelo próprio
Samuel Hahnemann (1755-1843), criador da homeopatia, através da médium Costel,
que nenhum estudo possuía sobre a nova ciência. O texto foi psicografado na
Sociedade Espírita de Paris, em 13 de março de 1863, e está inserido na
“Revista Espírita”, de Allan Kardec, de agosto do mesmo ano. Acompanhemos o
trecho inicial:
“Minha filha, venho dar um
ensinamento médico aos espíritas. Aqui a Astronomia e a Filosofia têm
eloqüentes intérpretes; a moral conta tanto escritores quanto médicos. Por que
a medicina, em seu lado prático e fisiológico, seria negligenciada?
Fui o criador da renovação
médica, que hoje penetra nas fileiras dos sectários da medicina antiga; ligados
contra a homeopatia, em vão lhe criaram diques sem número, em vão lhe gritaram:
‘Não irás mais longe!’…
A jovem medicina,
triunfante, transpôs todos os obstáculos. O Espiritismo lhe será poderoso
auxiliar; graças a ele, ela abandonará a tradição materialista, que por tanto
tempo lhe retardou o desenvolvimento. O estudo médico está inteiramente ligado
à pesquisa das causas e efeitos espiritualistas; ela disseca os corpos e deve,
também, analisar a alma.
(Extraído do Boletim
Semanal editado pelo Lar Fabiano de Cristo – SEI – Serviço Espírita de Informações, de Sábado, 26/7/2003, n.
1843)
*
Qual o mecanismo ideal
para atingir a paz e a segurança entre os familiares vinculados à mesma casa e
ao mesmo nome?
Chico Xavier:
– Cremos que este problema
será perfeitamente solucionado quando esquecermos a afeição possessiva, a idéia
de que somos pertences uns dos outros, quando nos respeitarmos profundamente,
cada qual procurando trabalhar e servir, mostrando sua própria habilitação, o
rendimento de serviço dentro da vocação com a qual nasceu, dentro do lar,
respeitando-se uns aos outros.
Desse modo, com o respeito
recíproco e o amor que liberta, o amor que não escraviza, o problema da paz em
família estará perfeitamente assegurado na solução devida.
(Extraído do livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier )
*
Chico, como é que você vê
a onda de violência que aumenta a cada dia?
Chico Xavier:
– A violência é qual se
fosse a nossa agressividade exagerada trazida ao nosso consciente, quando
estamos em carência de amor. Ela lava, por isso, o desamor coletivo da
atualidade.
Se doarmos mais um tanto,
se repartirmos um tanto mais, se houver um entendimento maior, estaremos
contribuindo para a diminuição desta onda crescente de agressividade.
À medida que a riqueza
material aumenta, o conforto e a aquisição de bens também cresce, com isso retornaremos
à autodefesa exagerada, isolando-nos das criaturas humanas. A vacina é o amor
de uns pelos outros, programa que Jesus nos deixou há dois mil anos.
Numa entrevista coletiva
perante as câmeras da Rede Globo, comandada por Augusto César Vanucci, em julho de 1980.
(Consta do livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier)
*
Qual o melhor antídoto
contra a falta de confiança em nós mesmos?
Chico Xavier:
– Os amigos da Vida Maior
nos ensinam que na prática da humildade, na prestação de serviços aos nossos
irmãos da Humanidade, adquiriremos esse antídoto contra a falta de confiança em
nós próprios, de vez que aprenderemos, na humildade, que o bem verdadeiro, de
que possamos ser intérprete, em favor de nossos semelhantes, procede de Deus e
não de nós.
(Em entrevista publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de
Belo Horizonte, MG, fevereiro/abril de 1977).
Certa feita uma senhora,
ás voltas com complicada família, marido e filhos agressivos que infernizavam
sua vida, reclamava com Chico Xavier. Não suportava mais, estava prestes a explodir.
– Minha filha – dizia o
abnegado médium -, Jesus recomendou que perdoemos não sete vezes, mas setenta
vezes sete.
– Olhe, Chico, tenho feito
as contas. Perdoei meus familiares bem mais que quatrocentos e noventa vezes.
Já fiz o suficiente…
Chico Xavier:
– Bem, minha filha,
Emmanuel está ao meu lado e manda dizer-lhe que é para perdoar setenta vezes
sete cada tipo de ofensa. Ainda há muito a perdoar.
Perdoar os inimigos é
pedir perdão para si mesmo; perdoar os amigos é uma prova de amizade; perdoar
as ofensas é mostrar que se tornou melhor.
(BIS – Boletim Informativo
Seara – Ano II Nº 20)
*
Disse você que sentia
fenômenos mediúnicos desde criança. Poderia especificá-los?
Chico Xavier:
– Sim. No quintal da casa em
que eu morava, via freqüentemente minha mãe desencarnada em 1915 e outros
Espíritos, mas as pessoas que me cercavam então não conseguiam compreender
minhas visões e notícias, e acreditavam francamente que eu estivesse mentindo
ou que estivesse sob perturbação mental.
Como experimentasse muita
incompreensão, cresci debaixo de muitos conflitos íntimos, porque de um lado
estavam as pessoas grandes que me repreendiam ou castigavam, supondo que eu
criava mentiras e do outro lado estavam as entidades espirituais que
perseveravam comigo sempre.
Disso resultou muita
dificuldade mental para mim, porque eu amava os espíritos que me apareciam, mas
não queria vê-los para não sofrer punições por parte das pessoas encarnadas com
quem eu precisava viver.
(Em entrevista dada em
1977 à Revista Informação, publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho”, de
São Paulo, Capital).
*
Na sua opinião, para onde
caminha a Humanidade? Haverá responsabilidade de, em breve, atingirmos um grau
de igualdade e fraternidade entre os homens?
Chico Xavier:
– Creio que mesmo que isto
nos custe muitos sofrimentos coletivos, nós chegaremos até a confraternização
mundial.
As circunstâncias da vida
na Terra nos induzirão a isso e nos conduzirão para essa vitória de
solidariedade humana.
Não é para outra coisa que
o Cristianismo, nas suas diversas interpretações, dentro das quais está a nossa
faixa de doutrina espírita militante, terá nascido, não é? Eu creio que acima
de nossas governanças, todas elas veneráveis, temos o Governo de poderes
maiores que nos inspira e que, naturalmente, nos enviará recursos para que essa
vitória da fraternidade universal se verifique.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira )
*
Qual a posição do
Espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia a evangelização, com a visita do Papa
a várias regiões do mundo?
Chico Xavier:
– Nós, brasileiros, temos
para com a Igreja Católica uma dívida irresgatável, porque por mais de 400 anos
nós fomos e somos tutelados por ela na formação do nosso caráter cristão.
Quando nos lembramos que
os primeiros missionários entraram pela terra brasileira adentro, não com
laminas ou objetos de guerra, mas com a cruz de Cristo, nós nos enternecemos
profundamente e compreendemos que a nossa dívida é imensa.
Se o nosso povo está
tributando as homenagens merecidas e justas ao Papa, que nos visita em missão
de Deus, nós devemos estar satisfeitos e rejubilar-nos com essas manifestações,
porque isso mostra que nosso povo é reconhecido a uma instituição que nos deu e
dá tanto.
Hoje, podemos ser livres
pensadores espíritas, espiritualistas, evangélicos, podemos matricular nossos
corações nas diversas escolas que são derivadas do próprio Cristianismo, mas
não podemos esquecer aquele trabalho heróico dos primeiros tempos, dos
primeiros séculos.
A Igreja até hoje tutela a
comunidade brasileira, com muito amor.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira)
*
“Perguntamos a Chico
Xavier, em Uberaba, qual seria a explicação para o problema do nanismo”.
Chico Xavier:
Ele afirmou que a pessoa
encarna sob essa condição, basicamente por duas razões: a primeira delas, a
mais freqüente, porque praticou o suicídio em outra existência e a segunda por
ter abusado da beleza física, causando a infelicidade de outras pessoas.
O nanismo está
particularmente ligado ao suicídio por precipitação de grandes alturas. O anão
revoltado, segundo explicou-nos Chico, em geral é o suicida de outra existência
que não se conforma de não ter morrido, porque constatou que a vida é uma
fatalidade e, mesmo desejando, não conseguiu extingui-la.
Chico afirmou que o corpo
espiritual sofre, com esse tipo de morte, lesões que vão interferir no próximo
corpo, prejudicando particularmente a produção de hormônios, daí a formação do
corpo anão, e as diversas formas de nanismo, mais ou menos graves, segundo o
comprometimento do espírito.
Ele disse ainda que
conhece mães e pais maravilhosos que têm aceitado a prova com coragem e
amparado os filhos anões com muito carinho e dedicação. Reconhece que a
explicação espírita através da lei de causa e efeito e das encarnações
sucessivas contribui bastante para a resignação perante a prova. Suas palavras
são de estímulo e encorajamento aos pais e portadores de nanismo para que não
se revoltem e aceitem essa estágio na Terra como um valioso aprendizado para o
espírito imortal.
(Texto extraído do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier )
*
Mesmo sem quase nunca sair
de Uberaba, o senhor vem acompanhando a situação do mundo atual e,
particularmente, os muitos problemas brasileiros. Como analisaria tudo isso?
Chico Xavier:
– O mundo que hoje se nos
apresenta parece totalmente desorientado. As pessoas perderam o interesse por
tudo. Até pela própria existência!
Os jovens não sabem que
caminho seguir. Além disso são perseguidos pelas drogas. Quanto ao Brasil, pode
parecer estranho o que vou dizer, mas, à medida que nossa comunidade se
enriqueceu materialmente, uma nuvem de incompreensão nos cobriu a todos. Quando
o País era paupérrimo, principalmente na região que nasci, centro-sertão de
Minas Gerais, nós éramos obrigados a trabalhar muito dos 10 anos em diante. A
escola era algo de sacrifício, de privilégio. Estudávamos quando e se
tivéssemos tempo, após colher feijão, socar arroz e milho, carpir a terra,
alimentar os animais.
Dávamos um valor especial
àquilo que conseguíamos através de nosso suor, de nosso esforço. A medida que
fomos nos desenvolvendo, nos industrializando, e as coisas foram ficando mais
fáceis, fomos também perdendo a noção do valor delas.
Nós enriquecemos
materialmente e perdemos nossa riqueza espiritual. Mas acredito que isso seja
uma coisa transitória, pois sei que ao final teremos todo o amparo da fé cristã
que nos livrará das ameaças. Creio na vitória de Jesus Cristo.
(Em entrevista publicada
na revista Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no
ANUÁRIO ESPÍRITA 1985)
*
Por que motivo os casais
que noivavam apaixonadamente experimentam a diminuição do interesse afetivo nas
relações recíprocas, após o nascimento dos filhos?
Chico Xavier:
– Grande número dos
enlaces na Terra obedecem a determinação de resgate escolhidas pelos próprios
cônjuges, antes do renascimento no berço físico e aqueles amigos que serão
filhos do casal, muitas vezes transformam, ou melhor, omitem as dificuldades
prováveis do casamento para que os cônjuges se aproximem segundo os preceitos das
leis divinas e formem o lar, transformando determinadas dificuldades em motivos
de maior amor, de compreensão maior.
O namoro, o noivado,
muitas vezes, estão presididos pelos espíritos familiares que serão os filhos
do casal. Quando esses mesmos espíritos se transformam em nossos filhos parece
que há diminuição de amor, mas isso não acontece. Existe, sim, a poda da
paixão, no capítulo das afeições possessivas que nós devemos evitar.
(Extraído do livro “Lições
de Sabedoria -Chico Xavier )
*
Diga-nos o que deve fazer,
dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser completo e útil para
o Plano Espiritual?
Chico Xavier:
– Devotamento ao bem do
próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para
que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida,
quanto mais o médium se aprimore através do estudo e do dever nobremente
cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os instrutores
da Vida Maior.
(Em entrevista concedida
em junho de 1990. Consta do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier)
*
Qual é a verdade desta
vida?
Chico Xavier:
– Há algum tempo, um
espírito amigo, aliás, um trovador de renome, ao referir-se à Verdade, me disse
que ela se parece a um espelho do Céu que se quebrou ao tocar na Terra, em
inúmeros fragmentos. Cada um de nós possui um pequeno pedaço desse espelho
simbólico, com o qual pode observar a própria imagem, aperfeiçoando-a sempre.
(Do livro Lições de
Sabedoria – Chico Xavier)
*
“De outra vez, escutamos o
Chico respondendo a alguém que o interpelara quanto ao dinheiro dos livros,
ponderando que as editoras deveriam conceder-lhe parte de suas rendas”
Chico Xavier:
– Não é nada, mas, o dia
que eu aceitar pelo menos um tostão do produto da venda de qualquer livro
desses, deixarei de ser Chico Xavier, ou seja: menos do que nada!
(Jornal O Ideal – Nº 56 –
Janeiro de 2000 – Chico no Lápis de
Baccelli)
*
Resposta de Chico Xavier a
uma pessoa que, ao observar os necessitados tomando sopa, lhe perguntou: o
senhor acha que um prato de sopa vai resolver o problema da fome no mundo?
Chico, sem titubear responde:
Chico Xavier:
– O banho também não
resolve o problema da higiene no mundo, mas nem por isso podemos dispensá-lo.
(Busca e Acharás – Junho
de 2000)
*
Por que pessoas que fazem
tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida?
Chico Xavier:
– Lembrando com muito
respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por
que o sofrimento de Jesus no lenho? ! Ele era o guia da Humanidade e, a bem
dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma
interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos
nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência
dos bens que desfrutamos. E nesse particular, se é possível, eu peço licença
para recordar o meu próprio caso.
Eu sempre tive uma vida
normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite que me
apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho as
minhas pernas constantemente doloridas e inúteis. Mas reconheço que estou com
82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e
tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da
vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.
Um paraplégico que se
habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou:
” Chico Xavier, eu sou um
leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido… Indago a você por que é
que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de
altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora
devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que
continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu
amigo – por que é que eles não curam você?
” Eu disse assim:
” Meu amigo, graças a
Deus, eu não me sinto com privilégio algum…
A mediunidade não me exime
das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos
sociais”. Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de
que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e
algum Instrutor me perguntar: “Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave
que durasse longo tempo?…”
Eu vou dizer:
“Sim, fiz 80 anos e,
depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo
físico…”
Mas isto é muito natural
em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e
que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à
convivência dos nossos irmãos já desencarnados…
Eu quero não sentir
vergonha de nunca ter sofrido…
Mas para mim isto não é
sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano,
gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo…
Se Jesus permitir, os
médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma melhora ou,
se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio
Divino que nos deu a felicidade da vida…
Então, eu estou aqui com
vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa,
porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta alimentação, não
me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita
atenção, me proporcionando as melhoras possíveis…
E eu continuo há 2 anos na
condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe
da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim
agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver
libertada do corpo doente. Se ela puder – eu compreendo -, e, sendo possível,
ela nos auxiliará.
(Transcrição Parcial da
entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba, Minas, em 11 de maio de 1992 –
Anuário Espírita – 1995)
*
Então o senhor não
acredita no Apocalipse previsto por Nostradamus e outros videntes para o ano
2.000?
Chico Xavier:
– Respeito os estudos
sobre o Apocalipse mas não tenho ainda largueza de pensamento para interpretar
o Apocalipse como determinados técnicos o interpretam e situam.
Mas, acima do próprio
Apocalipse, eu creio na bondade eterna do Criador que nos insuflou a vida
imortal.
Então, acima de todos os
apocalipses, eu creio em Deus e na imortalidade humana e essa duas realidades
preponderarão em qualquer tempo da Humanidade.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira)
*
Nota-se de uns tempos para
cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como
o senhor vê essa situação?
Chico Xavier:
– Eu creio que o número de
adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com
que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis,
desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes
sociais e tudo isso tem induzido a comunidade a procurar uma resposta
espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do
nosso tempo.
Eu creio que, por isso
mesmo, a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho cada vez mais
amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e
responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e
evangélica.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor,editado pela União Espírita Mineira.)
*
“No dia 23 de janeiro de
1981, conversávamos com Chico Xavier, em sua residência, sobre mediunidade,
tema que sempre nos fascinou. Na
ocasião, adentraram a casa dois visitantes dos Estado Unidos da América,
acompanhados de Eurípedes Tahan Vieira, seu médico particular e amigo de longa
data”. Donald, um dos visitantes, pergunta-lhe: na sua opinião a que veio Jesus
Cristo? E quanto à sua morte na cruz?.
Chico Xavier:
– Jesus nos ofereceu um
sistema de vida. Aprendemos com ele o perdão. Não me consta que sábios
ilustres, como Sócrates e Platão, tenham atendido algum mendigo, embora, com o
devido respeito que merecem, tenham sido criaturas que forneceram vôos ao
pensamento humano.
Também quanto ao bem do
próximo, tivemos no ensino do Samaritano uma aula sobre a caridade. Jesus veio
até nós para ensinar que o amor é o caminho para uma vida abundante.
Foi sua assinatura –
concluiu o médium – como se ele estivesse assinando uma escritura, para lhe dar
a maior autenticidade.
(Testemunha ocular,
descrevemos o fato para estudo e meditação…”
Do livro “Aprendendo com
Chico Xavier – Um exemplo de vida”)
*
Os avanços da medicina
mostram o caminho da manipulação genética para acabar com as doenças. O
Espiritismo afirma que os desequilíbrios do Espírito e, conseqüentemente, do
perispírito, levam às moléstias. Como ficamos?
Chico Xavier:
– A medicina, quando
expressa uma afirmativa, é verdadeira. Pode o assunto estar entrosado às
necessidades da vida mental ou espiritual. Não podemos desprestigiar a
medicina, porque, quando ela fala, está baseada em fatos e experiências.
(Entrevista publicada na
Folha Espírita, São Paulo, SP, em Fevereiro de 1993.)
*
Juarez Soares – Um outro assunto
que causa muita polêmica, muita discussão, é o problema da liberação do sexo.
Eu gostaria que o senhor nos dissesse o que pensa a respeito desse assunto.
Chico Xavier:
– A liberação do sexo é um
problema muito difícil de se apoiar, porque o homem tem deveres para sua
companheira e a companheira dele tem também os seus compromissos para com ele.
A liberação do sexo é mais um motivo para que a irresponsabilidade alastre no
mundo e crie a infelicidade de muitos lares, aumentando quase que pavorosamente
o número dos desquites nos tribunais.
(Momentos principais do
Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes,
São Paulo, SP, levado ao ar na noite de 25/12/1987.)
*
No início de sua missão
mediúnica, o senhor foi muitas vezes incompreendido e até caluniado. Como faria
uma análise disso, já que hoje sua imagem tem uma outra aceitação?
Chico Xavier:
– Minha atitude perante a
opinião pública foi sempre a mesma, de muito respeito ao pensamento dos outros.
Porque nós não podemos esperar que os outros estejam ideando situações e
problemas de acordo com nossas convicções mais íntimas.
De modo que não posso
dizer que sofri essa ou aquela agressão, porque isso nunca aconteceu em minha
vida. Sempre encontrei muita gente boa. Vamos procurar um símbolo: dizem que os
índios gostam muito de simbologia por falta de termos adequados para se
expressar.
Como me sinto uma pessoa
bastante inculta, eu gosto muito de recorrer a essas imagens. Vamos pensar que
eu seja uma pedra que foi aproveitada no calçamento de uma avenida. Colocada a
pedra no piso da avenida, naturalmente que essa pedra vai se sentir muito
honrada de estar ali a serviço dos transeuntes e, naturalmente, que essa pedra
não poderá se queixar dos martelos que lhe tenham quebrado as arestas.
Todos eles foram
benfeitores.
(“O Espírita Mineiro”,
número 182, maio/agosto de 1980 – Páginas 256/257 do livro “Chico Xavier –
mandato de amor”/União Espírita Mineira)
*
Chico, qual o mais
importante aspecto da Doutrina Espírita, o de religião, o de filosofia ou o de
ciência?
Chico Xavier:
– O espírito de Emmanuel
costuma nos dizer que a coisa mais importante que cada um de nós poderá fazer
na vida é seguir o mandamento cristão que nos aconselha “Amar a Deus acima de
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Segundo Emmanuel, tudo o
mais é mera interpretação da verdade. Desta forma, não temos dúvida ao crermos
ser o aspecto religioso da Doutrina Espírita o seu ângulo fundamental.
Muito nobre a filosofia,
mas em verdade a filosofia nada mais faz do que muita conversa.
Muito nobre o esforço
científico, mas em verdade a mesma ciência que inventou a vacina, construiu a
bomba atômica. Então, devemos reconhecer que todos nós, os seres humanos,
trazemos dentro de nós um alto grau de periculosidade e, até hoje, a única
força no mundo capaz de frear estes impulsos de periculosidade humana é, sem
sombra de dúvida, a religião.
(Pergunta extraída do
livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier)
*
Um grupo de amigos
conversava perto de Chico sobre o difícil problema do relacionamento humano e
de como acertar nos serviços de assistência social, quando ele saiu-se com
esta:
Chico Xavier:
– Ser bonzinho é fácil,
difícil é ser justo.
(Jornal Busca e Acharás –
Junho de 2000).
*
Nota-se de uns tempos para
cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como
o senhor vê essa situação?
Chico Xavier:
– Eu creio que o número de
adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com
que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis,
desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes
sociais e tudo isso tem induzido a comunidade a procurar uma resposta
espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do
nosso tempo.
Eu creio que, por isso
mesmo, a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho cada vez mais
amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e
responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e
evangélica.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira).
*
O filme Kramer x Kramer
questiona o problema da paternidade e da maternidade a partir da separação de
um casal e da educação resultante dessa união. Você acha que a Jurisprudência
deveria introduzir novos critérios nas questões da família e permitir ao pai,
em maior número de casos, ficar com a guarda do filho?
Chico Xavier:
– Nós que lidamos com o
assunto de reencarnação, somos compelidos a entender que no espírito feminino
ou da criatura que atravessou larga faixa de séculos no campo da feminilidade,
o amor está plasmado para a criatividade perante a vida.
Por enquanto, eu não posso
conceber que no espírito de masculinidade haja recursos suficientes para que a
criação dos filhos ou a condução da criança, em si, encontre um campo bastante
fortalecido para que a criatura se desenvolva em nosso meio terrestre. Creio
que seja uma inversão de valores.
Não posso entender muito
bem esta parte, pelo menos para os próximos anos, porque então teríamos de
educar a mulher para ter as atividades do homem e educar o homem para ter as
atividades da mulher o que seria um contra-senso, sobretudo se fôssemos exigir
isso de um momento para outro.
(Do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier)
*
Moacyr Franco – A ciência
cada vez mais se dedica à inseminação artificial. Eu queria saber do senhor
qual é ponto de vista da espiritualidade sobre os filhos de laboratório?
Chico Xavier:
– Em diversos países,
notadamente da Europa, a inseminação artificial se tornou algo de comum, mas
cremos que é um assunto que se deve atribuir àqueles que se encontram
descompromissados e sem nenhum vínculo para com deveres que eles não tenham.
Sabemos de senhoras de
determinado país da Europa, que tendo altos vencimentos, porque são donas de
uma inteligência invulgar, essas senhoras, que não se casaram, podendo pagar
várias empregadas para tomar conta de um filho, acharam de bom alvitre
escolherem o material que lhes pareceu mais adequado à vida delas. De modo que
ficamos na expectativa sobre o assunto, num país como o nosso, em que estamos
interessados em limitar os números crescentes do fator demográfico.
(Momentos principais do
Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes,
São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.)
*
O casal tem o direito de
programar o número de filhos em sua própria casa?
Chico Xavier:
– Diz Allan Kardec em “O
Livro dos Espíritos” que o homem deve corrigir tudo aquilo que possa ser
contrário à natureza. Hoje, dividem-se as opiniões, mas à frente da
problemática da nossa civilização, à frente dos impositivos da educação e da
assistência à família, nós, pessoalmente, acreditamos que o casal tem direito
de pedir a Deus inspiração, de rogar a Jesus as sugestões necessárias para que
não venha a cair em compromissos nos quais os cônjuges permaneçam frustrados.
Somos filho de família
numerosa. Pessoalmente sou descendente de uma família de 15 irmãos, mas, de 20
anos para cá, a vida no planeta tem sofrido muitas alterações e devemos estudar
o planejamento com muito respeito à vida e conseqüentemente a Deus, em nossos
deveres uns pra com os outros, e não cairmos em qualquer calamidade por omissão
ou deserção dos nossos deveres.
(Extraído do livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier )
*
Como ficará a Doutrina
Espírita após a sua morte? O senhor acha que ela ficará abalada? Quem poderá
substituí-lo na liderança?
Chico Xavier:
– A Doutrina Espírita
estará tão bem depois da minha desencarnação quanto estava antes, porque eu não
sou pessoa com qualidades especiais para servi-la. Eu sou um médium tão comum,
tão falível como qualquer outro. Não me sinto uma pessoa necessária e muito
menos indispensável. Outros médiuns estarão aí interpretando o pensamento e a
mensagem dos nossos amigos espirituais, e eu peço a Deus apenas que não me
deixe dar “mancadas” em minha tarefa.
(“O Espírita Mineiro”,
número 182, maio/agosto de 1980 – Páginas 256/257 do livro “Chico Xavier –
mandato de amor”/União Espírita Mineira, 1992)
*
A que atribui o fato de
grande parte da população brasileira seguir duas religiões. Nas grandes
capitais, a maioria das pessoas declara-se tradicionalmente pertencente a essa
ou aquela igreja, mas na hora da dor e da adversidade, muitos vão em busca do
pai-de-santo ou do caboclo incorporado que lhes afirma: ‘Vou dar um jeito no
seu problema”.
Chico Xavier:
– Ante os problemas do
imediatismo na Terra ser-nos-á realmente difícil pensar em nossos irmãos da
coletividade humana por pessoas capazes de aguardar uma solução mais segura às
questões que as preocupam quando algum ingrediente de facilidade possa surgir
de perto, quase que exigindo a adesão da criatura necessitada, para que a
tranqüilidade transitória venha a favorecê-la. Isso é claramente humano. Aliás,
não será de desprezar o concurso que alguém nos oferte em benefício de nossa
paz, quando a aflição muitas vezes dramatizada ou exagerada nos colha de
assalto. Entretanto, as leias da vida não se alteram para ninguém. Uma ferida
em nós pode talvez encontrar um paliativo que a obscureça, dando-nos a
impressão de cura, mas chega sempre o momento em que verificamos, às vezes
tardiamente, que essa ferida, supostamente um mal, era justamente o bem que
necessitávamos para evitar sofrimento maior.
(Do livro Lições de
Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita)
*
Dentro da Doutrina
Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em guerras,
enchentes, em toda espécie de catástrofe?
Chico Xavier:
– São essas provações, que
coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos cármicos. As vezes
empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da comunidade ou
do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e, no
tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas
dívidas, reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas mesmas
culpas, porque a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de
misericórdia.
(Do livro: “Chico Xavier –
Dos Hippies aos problemas do mundo)
*
O que essa convivência
estreita com os Espíritos lhe tem ensinado de mais importante?
Chico Xavier:
– “Creio que a matéria
mais importante que recolhi da convivência diária com os Amigos Espirituais,
durante 60 anos, é a que julgo seja o meu relacionamento com os meus
semelhantes.
“Tendo saído de um curso
primário que não me proporcionava naturalmente qualquer diretriz psicológica
para compreender as outras pessoas, o tato e a caridade que os Espíritos Amigos
me ensinaram para guardar o respeito que devo ao próximo e que preciso manter
para a minha paz íntima, na essência, foram e ainda são os melhores recursos
que recebi da convivência com eles, para me relacionar com os irmãos da
caminhada humana. Isso porque me cabe aceitá-los como são, dosando a verdade em
qualquer diálogo que se faça necessário, sem feri-los e sem prejudicá-los.
Dizem os Amigos Espirituais
que as atitudes de apreço e tolerância construtiva para com as criaturas, sejam
como sejam, nos fazem ver que precisamos da cooperação delas, em nosso próprio
benefício.”
(Revista Espírita -Nº 1)
*
Existem pessoas que têm
acorrido a todos os recursos terrenos e espirituais na esperança de uma cura
para sua enfermidade, e não tendo resolvido seu problema, acabam chegando à
descrença. Mesmo sem fé, muitas vezes ainda procuram você como um recurso.
Essas pessoas podem chegar a receber uma cura?
Chico Xavier:
– Acredito que, se a
pessoa está no merecimento natural da cura, tenha ela fé ou não tenha fé, a
misericórdia divina permite que essa criatura encontre a restauração de suas
forças.
Isso em qualquer religião,
ou em qualquer tempo; agora, os espíritos nos aconselham um espírito de
aceitação. Primeiramente, em qualquer caso de doença que possa ocorrer em nós,
em nosso mundo orgânico, o espírito de aceitação, torna mais fácil ao médico
deste mundo ou para os benfeitores espirituais do outro, atuarem em nosso
favor.
Agora, a nossa aflição ou
a nossa inquietação, apenas perturbam os médicos deste mundo ou do outro,
dificultando a cura. E podemos ainda acrescentar: que muitas vezes temos
conosco determinados tipos de moléstias, que nós mesmo pedimos, antes de nossa
reencarnação, para que nossos impulsos negativos ou destrutivos sejam
amainados.
Muitas frustrações que
sofremos neste mundo são pedidas por nós mesmos, para que não venhamos a cair
em falhas mais graves do que aquelas que já caímos em outras vidas. Mas, como
estamos num regime de esquecimento – como uma pessoa anestesiada para sofrer
uma operação – então demandamos em rebeldia, em aflição desnecessária, exigindo
uma cura, que se tivermos, será para nossa ruína, não para o nosso benefício.
(De uma entrevista dada à
Revista Destaque, em Outubro de 1977. Consta do livro Chico Xavier – O Homem, o
Médium e o Missionário, )
O mal nunca vencerá o bem?
Chico Xavier:
– O bem sanará o mal,
porque este não existe: é o bem, mal interpretado. Muitas vezes aquilo que
julgamos como mal, daqui a dois, quatro, seis anos, é um bem. Um bem cuja
extensão não conseguimos avaliar. Portanto, o mal está muito mais na nossa
impaciência, no nosso desequilíbrio quando exigimos determinadas concessões,
sem condições de obtê-las. De modo que o mal é como se fosse o frio. Este
existe porque o calor ainda não chegou. Mas chegando o aquecimento, o frio
deixa de existir.
Se a treva aparece é
porque a luz está demorando, mas quando acendemos a luz ninguém pensa mais nas
trevas. Não creio na existência do mal em substância. Isso é uma ficção.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira.)
*
Deve-se aceitar a lei do
carma passivamente ou temos condições de modificá-la, talvez, para uma condição
melhor?
Chico Xavier:
– Aquilo que ficou
estabelecido como sendo nossa dívida é uma determinação que devemos pagar. Se
comprei e assumi a dívida, devo pagar.
É o que consideramos
destinação, é o carma.
Mas isso não impede a lei
da criatividade com a qual nós podemos atuar todos os dias para o bem, anulando
o carma, chamado de sofrimento.
Vamos supor que uma
criatura está doente e precisa de uma intervenção cirúrgica. É o caso de
perguntarmos: ela deve ou não se submeter à intervenção cirúrgica, o que tem
todas as possibilidades de êxito?
Ela deve sim, deve
preservar o seu próprio corpo, é um dever procurar a medicina e se valer do
socorro médico para a reabilitação do seu próprio organismo. Então, aí está uma
resposta a esta questão.
A misericórdia de Deus
sempre nos proporciona recursos para pagar ou reformar os nossos títulos de
débito, assim como uma organização bancária permite que determinadas
promissórias sejam pagas com grandes adiantamentos, conforme o merecimento do
devedor. Assim como temos grande número de amigos avalistas a nos tutelar nos
Bancos, temos também os espíritos extraordinários que são os santos, os anjos,
os nossos amigos espirituais que pedem por nós, que auxiliam, que nos dão mais
oportunidade para que a gente tenha mais tempo. Por isso que a pessoa deve
cuidar bem de seu corpo, porque ele é a enxada com a qual a criatura está
semeando e lavrando o terreno do tempo e das boas ações.
De modo que existe o
carma, mas existe também o pensamento livre, porque nós somos livres por dentro
da cabeça.
(Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira.)
*
Como devemos entender a
expressão “almas gêmeas” dentro da conceituação de que os espíritos não têm
sexo?
Chico Xavier:
– Diz “O Livro dos
Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como entendemos na Terra, mas
percebamos “como entendemos”, de vez que, do ponto de vista da comunhão das
criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo tem o magnetismo que se lhe faz
peculiar.
A saudade de alguém é a
fome do magnetismo desse alguém, razão pela qual o amor é uma lei para nós
todos, das pessoas umas com as outras no curso do tempo e na construção dos
ideais que lhes são comuns.
(Do livro “Lições de
Sabedoria – Chico Xavier)
*
O que lhe ocorre dizer às
pessoas que pedem a Deus para morrer por não encontrarem significado para
viver, por terem perdido as esperanças de auto-realização?
Chico Xavier:
– Cremos sinceramente que
devemos pedir a Deus, conforme o ensinamento de nossos instrutores, não o
afastamento de nossas provas, mas sim a força necessária para suportá-las
proveitosamente. Não nos adianta solicitar a morte prematura, a pretexto de
sermos fracos para carregar os benefícios do sofrimento, porque deixar o
trabalho, antes de completá-lo, nada mais seria que agravar os nossos problemas
próprios, porquanto, chegaremos sempre e inevitavelmente à convicção de que a
morte não existe como sendo o fim de nossas preocupações e responsabilidade.
(Extraído do livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier )
*
Estávamos com um amigo em
Belo Horizonte e esse amigo queria conhecer as belas mansões de Pampulha. Chico
Xavier, esse amigo e eu tomamos um automóvel e começamos a contornar o famoso e
lindo lago da capital mineira, contemplando as formosas casas residenciais.
O amigo perguntou ao
médium:
— Chico, você não tem
inveja dos moradores desses lindos palácios?
Chico Xavier:
— Naturalmente que os
moradores dessas mansões são todos excelentes amigos, gente muito boa de nossa
terra, mas não tenho inveja deles, porque se todos nós temos que desencarnar um
dia e largar tudo o que temos neste mundo, por que havemos de sentir inveja uns
outros?
Penso que cada um de nós
está no lugar onde está o trabalho que Deus nos manda fazer.
(Depoimento de Nena e
Francisco Galves à Marlene Nobre em pequena História de Uma
Grande vida”, 1977)
Informativo do GEAL –
Boletim mensal – Dezembro 1995 Ano v – No 6
*
Era uma agradável tarde de sábado e estávamos na
ecumênica área da casa do Chico, quando alguém lhe disse:
– Chico, fale-nos sobre Meimei.
Sua fala mansa e agradável
começou a penetrar-nos os ouvidos:
Chico Xavier:
-É um Espírito que tem
trabalhado muito. Lembro-me quando ela precisou encaminhar seu ex-esposo, que
andava muito triste para o segundo
matrimônio. Quando a data do casamento estava próxima, ela começou a
sentir um pouco de ciúmes e desejou voltar para junto dele.
“Como esposa, não dá mais
tempo. Mas, como filha, ainda posso” – pensou ela.
– Fez a solicitação, mas por sorte ou
azar dela, seu requerimento foi parar nas mãos de nosso caro Emmanuel. Ele a
chamou e disse:
“ Suas horas de trabalho
falam alto a seu favor. A senhora tem méritos suficientes para nascer como
filha de sue ex-esposo, mas por que, então, a senhora sensibilizou tantos
corações com suas mensagens, levantando creches e lares para crianças ?
Deseja deixar o trabalho
sobre os ombros dos companheiros e volta à Terra por uma simples questão de
ciúmes ?
Posso encaminhar seu
requerimento às Autoridades Superiores, mas quero que a senhora fique bem certa
de que ele vai sair daqui com o primeiro não, que é o meu.”
– Desde então Meimei desistiu da idéia e
continua no Mundo Espiritual, graças a Deus.
Do Livro Chico, de
Francisco Autor Adelino da Silva – Ed. Céu
*
Pode-se afirmar que todos
os homens que habitam hoje a Terra já tiveram uma experiência anterior de vida?
Chico Xavier:
– Todos os que estão acima
da inteligência sub-mediana são espíritos reencarnados. Agora, os espíritos nos
explicam que aquelas criaturas demasiadamente primitivas, que às vezes nem
mesmo se deslocam para o serviço de auto-alimentação, essas criaturas estarão
talvez na primeira experiência de existência humana. Mas, desde que a criatura
já nasça com determinadas tendências, essas revelam que as pessoas já viveram
em outras fases, em outras instâncias.
Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor editado pela União
Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais.
*
A ação negativa do cigarro
sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até
quando?
Chico Xavier:
– O problema da
dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos
sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispirítico,
o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo que
o hábito perdurou na existência física do fumante. Quando a vontade do
interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume
inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas
diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos
cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até
que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo.
Resposta de Emmanuel,
através do Chico Xavier dada a entrevista feita
pelo jornalista Fernando Worm, em agosto de 1978,
inserida no livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha
Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.
*
Você tem medo da morte?
Chico Xavier:
– Não tenho medo, pois
creio que essa convivência com entidades espirituais me deu um desligamento dos
interesses imediatos da vida física.
Prefiro viver no padrão
que fui criado. Assim eu quero que seja até o dia de partir.
Não sou atormentado pela
dor.
Sou muito feliz porque os
espíritos me escolheram para realizar esta tarefa de, durante algum tempo, na
forma de livros e mensagens, poder estender suas opiniões e manifestações.
Comecei este trabalho em 1927 e trabalhei regularmente com eles até 1994.
De uma entrevista dada a
Gugu Liberato, em novembro de 1995, publicada na Revista Isto É.
*
Qual a melhor atitude da
mulher que trabalha fora e, por questão de formação ou oportunidade, se
sobressai mais que o marido?
Chico Xavier:
– A mulher precisa de
muito tato, humildade e necessita ser fiel cooperadora e necessita ser fiel
cooperadora no progresso do esposo, abstendo-se de falar em casa ou em público
com relação à sua superioridade ante o companheiro, às vezes ansioso por
encontrar uma promoção digna no trabalho a que se vincula por dever de família.
Jornal Busca e Acharás –
Agosto de 2000
*
Ante as lutas que surgiram
ao longo do tempo, algumas vez chegou a pensar em viver a sua própria vida,
deixando a mediunidade?
Chico Xavier:
– “No princípio das
tarefas, estranhei a disciplina a que devia submeter-me. Fiquei triste ao
imaginar que eu era uma pessoa rebelde e, nesse estado de quase depressão,
certa feita me vi, fora do corpo, observando um burro teimoso puxando uma
carroça que transportava muitos documentos.
Notei que o animal, embora
trabalhando, fitava com inveja os companheiros da sua espécie que corriam
livremente no pasto, mas viu igualmente que muitos deles entravam em conflitos,
dos quais se retiravam com pisaduras sanguinolentas.
O burro começou a refletir
que a vida livre não era tão desejada como supusera, de começo. A viagem da
carroça seguia regularmente, quando ele se reconheceu amparado por diversas
pessoas que lhe ofereciam alfafa e água potável.
Finda a visão-ensinamento,
coloquei-me na posição do animal e compreendi que, para mim, era muito melhor
estar sob freios disciplinares, do que ser livre no pasto da vida, para
escoicear companheiros ou ser por eles escoiceado”.
Anuário Espírita (1988)
*
Como descreveria a ação
dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma?
Chico Xavier:
– As sensações do fumante
inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa sede de recursos
tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obsecante que as
melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que inteiramente
desapercebidas, até que se lhe normalizem as percepções.
O assunto, no entanto, no
capítulo da saúde corpórea, deveria ser estudado na Terra mais atenciosamente,
de vez que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de
fumar, favorecendo a instalação de moléstias que poderão ser claramente
evitáveis.
A necropsia do corpo
cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa sem esse hábito
estabelece clara diferença.
Entrevista feita pelo
jornalista Fernando Worm, em outubro de 1978,inserida no livro Lições
de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha
Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.
*
Por que, na maioria dos
casos, após a morte, a fisionomia dos desencarnados adquire uma expressão de
suave paz?
Chico Xavier:
– A maioria das criaturas,
em se desencarnando, de maneira pacífica, isto é, com a paz de consciência,
quase sempre reencontra entes queridos que a antecederam na viagem da chamada
morte física e deixa no próprio semblante as derradeiras impressões de paz e
alegria que o corpo consegue estampar.
Resposta dada em
entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita
Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página
241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo
Horizonte, 1992
*
Gostaria de saber como uma
pessoa pode notar que é dotada de mediunidade, quais as vantagens espirituais
oferecidas pela mesma, e como essa pessoa deve proceder?
Chico Xavier:
– Vamos dizer, a
mediunidade é peculiar a toda criatura humana; todas as pessoas são portadoras
de valores mediúnicos que podem ser cultivados ao máximo, desde que a criatura
se dedique a esse gênero de trabalho espiritual. De modo que. muitas vezes,
encontramos uma certa dificuldade no problema mediúnico dentro da Doutrina
Espírita.
De modo geral, a pessoa só
se diz médium quando se sente vinculada a um processo obsessivo; quando sente
arrepios, muita perturbação., muito assediado, médium doente. A mediunidade
está enferma. Mas a pessoa sã, em
plenitude dos seus valores tísicos, pode perfeitamente estudar a própria
mediunidade e ver qual o caminho que suas faculdades mediúnicas podem tomar.
Uma criatura que desenvolva
a sua própria mediunidade, desenvolve-a educando-se, procurando aprimorar a sua capacidade
cultural, os seus valores, vamos dizer, os seus valores de experiência humana,
os seus contatos no campo da humanidade, o seu dom de servir; essa criatura
encontra na mediunidade um campo vastíssimo de trabalho e de felicidade, porque
a felicidade verdadeira vem do trabalho bem aplicado, daquele trabalho que se
constitui um serviço pelo bem de todos.
E o médium, dentro da
Doutrina Espírita. é uma criatura não considerada fora de série de criaturas
humanas 0 médium é um ser humano, com as fraquezas e as perfeições potenciais
de toda a criatura terrestre.
Então, a Doutrina Espírita
é Mãe Generosa porque acolhe a criatura humana e faz dela um médium, mesmo que
tenha muitos erros e muitos acertos, mas, depois, no Curso do tempo, os acertos
vão abafando os erros e a criatura pode terminar a existência com grande
merecimento porque pelo trabalho na mediunidade , trabalho pelo bem comum, ela
vence esse peso, que é o mais importante no mundo.
Vencer a nós mesmos do
ponto de vista das tendências inferiores que estejamos carregando. Falo isso a
meu respeito, porque não creio que ninguém carregue tanta imperfeição como eu…
Evangelho e Ação –
Fevereiro e Março de 2000
*
Certa senhora, presidente
de uma grande instituição de caridade, desencarnara e o amigo que ficou em seu
lugar pediu-me perguntar ao Chico se ele estava preparado para assumir aquela
tarefa.
Eis a resposta:
Chico Xavier:
-Nenhum de nós está
preparado para realizar a Obra do Cristo. Mas isso não é motivo para fugirmos
do trabalho e permanecermos na inércia, e sim trabalhar, oferecendo ao Senhor o
que temos de melhor. Isto porque ainda não somos anjos e sim criaturas humanas,
que precisam trabalhar na Obra de Jesus, à qual devemos oferecer o que tenhamos
de melhor.
Jornal Busca e Acharás –
Outubro de 2000
*
Que pensar da situação do
doador de órgãos, no momento da morte, uma vez que seu instrumento físico se
viu despojado de parte importante?
Chico Xavier:
– É o mesmo que sucede com
uma criatura que cede seus recursos orgânicos a um estudo anatômico, sem
qualquer repercussão no espírito que se afasta – vamos dizer, de sua cápsula
material.
O nosso André Luiz
considera, excetuando-se determinados casos por mortes em acidentes e outros
casos excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, ou seja,
sofrimento intenso no momento da morte, esta de um modo geral não traz dor
alguma porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina
anestesia do sistema nervoso central, diz ele.
Estou falando como médium,
que ouve esses amigos espirituais: não que eu tenha competência médica para
estar aqui, pronunciando-me em termos difíceis.
Eles explicam que o
fenômeno da concentração do gás carbônico no organismo alteia o teor da
anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que eles chamam de
acidose. Com a acidose vem a insensibilidade e a criatura não tem estes
fenômenos de sofrimento que nós imaginamos.
O doador, naturalmente,
não tem, em absoluto, sofrimento algum.
Jornal Evangelho e Ação –
Janeiro de 2001.
*
Solicitado a opinar sobre
o sexo, Francisco Cândido Xavier ensejou-nos nova e amorável mensagem:
Chico Xavier:
– Acreditamos que o
compromisso sexual entre duas pessoas deve ser profundamente respeitado. Uma
terceira pessoa em qualquer compromisso sexual é uma dificuldade a superar,
porque não podemos esquecer que a lesão sentimental é, talvez, mais importante
do que uma lesão física.
E alguém que prometeu amor
a alguém deve se desincumbir deste compromisso com grandeza de pensamento e sem
qualquer insegurança.
Não compreendemos a
promiscuidade. Mas entendemos perfeitamente o relacionamento de alma para alma,
com respeito que nós todos devemos uns aos outros.”
Fonte: “O Espírita
Mineiro”. número 179, julho/agosto/setembro de 1979.Publicado no livro CHICO
XAVIER – MANDATO DE AMOR, editado abril/1993 pela União Espírita
Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais
*
Atualmente, fala-se muito
nos contatos de seres extraterrenos.
O senhor acredita na
existência de discos voadores?
Chico Xavier:
– Eu acredito que existem
naves interplanetárias. Mas o assunto é um tanto quanto difícil, porque
pertence ao campo da ciência.
Nós não podemos ignorar
que, depois da Segunda Guerra Mundial, as superpotências experimentaram
determinadas máquinas, mormente máquinas voadoras, naturalmente com segredos de
Estado que são compreensíveis. Possivelmente, teremos máquinas de formas
esféricas para voar e concorrer com nossos aviões, com nossos “Concordes” e
talvez estejam esperando a hora certa para surgir.
Se entrarmos aí numa
contenta sobre discos voadores, que dependem de outros mundos, de outras
regiões de nossa galáxia, e se as sedes desses engenhos não permitirem que eles
venham visitar a Terra durante muito tempo e aparecerem as máquinas esféricas
das superpotências, então com que rosto vamos aparecer?
Vamos deixar que a ciência
resolva este problema.
Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amoreditado pela União Espírita
Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais.
*
Nair Belo, no programa da
Hebe, em janeiro de 1986, lamentou a existência de grande quantidade de jovens
que estão fazendo uso de drogas, e perguntou ao médium o porquê desse desastre.
Chico Xavier:
– O tóxico é o irmão mais
sofisticado da cachaça, através da qual também nós temos perdido muita gente.
A fascinação pelo tóxico é
a necessidade de amor que o jovem tem. Mesadas grandes que não são acompanhadas
de carinho e de calor humano paterno geram conflitos muito grandes.
Muitas vezes a privação do
dinheiro, o trabalho digno e o afeto vão construir uma vida feliz.
Extraído do livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha
Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.
*
Sempre me pareceu que nós,
a maioria das pessoas, desconhecemos a imensa força do pensamento na formulação
da existência.
O pensamento pode
reformular a vida de uma pessoa?
Chico Xavier:
– Sem dúvida. Os
benfeitores espirituais são unânimes em asseverar que toda renovação do espírito,
em qualquer circunstância, começa na força mental. O pensamento é a força
criadora nas menores manifestações.
Resposta dada em
entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita
Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página
241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo
Horizonte, 1992
*
Ignora você a popularidade
que os livros mediúnicos lhe trouxeram?
Chico Xavier:
– Sei que eles me
trouxeram muita responsabilidade. Quanto ao caso da popularidade, sei que cada
amigo faz de nós um retrato para uso próprio e cada inimigo faz outro. Mas
diante do Mundo Espiritual não somos aquilo que os outros imaginam e sim o que
somos verdadeiramente. Desse modo, sei que sou um espírito imperfeito e muito
endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e
burilar-me perante as leis de Deus.
Numa de suas raras
entrevistas, Chico Xavier recebeu em sua casa, nas comemorações dos 40 anos de
suas manifestações mediúnicas, o escritor Elias Barbosa, autor de “No mundo de
Chico Xavier” e respondeu as perguntas do autor. Nelas, Chico expõe fatos e
episódios que são pouco conhecidos e dizem de seus primeiros anos de vida na
senda do espiritismo.
Um grande amigo tinha recebido
uma considerável indenização e não sabia como aplicar o dinheiro.
Estávamos em Uberaba e eu
lhe disse:
-Por que você não pergunta
ao Chico?
Ele assim o fez. Vejamos a
resposta:
Chico Xavier:
– O Espírito Emmanuel
ensina que há um provérbio espanhol que diz:
“Não carregues o teu
tesouro numa só nau”.
Meu amigo diversificou o
investimento e, pelo que sei, está bem até hoje.
Jornal Busca e Acharás –
Outubro de 2000
*
O que poderá acontecer ao
mundo se continuarem as atuais agressões à natureza?
Chico Xavier:
– Acontece que estamos
agredindo, não a natureza, mas a nós próprios e responderemos pelos nossos
desmandos.
É importante pensar que se
criou a Ecologia para prevenir estes abusos.
Aqueles que acreditarem na
Ecologia acima de seus próprios interesses nos auxiliarão nessa defesa do nosso
mundo natural, da nossa vida simples na Terra, que poderia ser uma vida de
muito mais saúde e de muito mais tranqüilidade se nós respeitássemos
coletivamente todos os dons da natureza.
Mas, se continuarmos
agredindo-a demasiadamente, o preço será pago por nós próprios, porque depois
voltaremos em novas gerações, plantando árvores, acalentando sementes,
modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e
criando filtros que nos libertem da poluição.
O problema será sempre do
homem.
Teremos que refazer tudo,
porque estamos agindo contra nós mesmos.
Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União
Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais.
*
Se o senhor tivesse que
dar uma mensagem a uma criança, ou mesmo a um filho, para que ele pudesse
vencer espiritualmente na vida, o que diria?
Chico Xavier:
– Se eu tivesse um filho
(tive na minha vida algumas crianças que cresceram sob a minha
responsabilidade), ensinaria nos primeiros dias de vida desse filho o respeito
à existência de Deus e o respeito à justiça e amor ao trabalho. E, em seguida,
ensinaria que ele não seria, e não será, melhor do que os filhos dos outros.
Reportagem dos jornalistas
Airton Guimarães e José de Paula Cotta do jornal “Estado de
Minas”, publicado nas edições de
8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.
Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União
Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais.
*
Como encontrar motivação e
despertar em nosso íntimo novas e insuspeitadas fontes de energia na
reedificação da nossa felicidade?
Em outras palavras: qual o caminho para nos sintonizarmos com os
inesgotáveis mananciais de energia do Universo?
Chico Xavier:
– Dizem os amigos
espirituais que a iniciação da verdadeira felicidade está em fazer os outros
felizes. Ao doar alegria e paz, bom ânimo e segurança ao próximo, encontramos a
fonte de energia que nos fará constantemente motivados para a sustentação da
felicidade para nós mesmos.
Resposta dada em
entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita
Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página
241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo
Horizonte, 1992
*
Chico, o homem pode voltar
na condição de mulher na reencarnação imediata e vice-versa?
Chico Xavier:
– É perfeitamente
possível. Kardec deixou o assunto para interpretação a nosso bel-prazer. O
homem, por vezes, precisará voltar na posição de mulher para desenvolver
sentimentos que ele persiste, de modo particular, em recusar; e a mulher na
posição de homem, para consolidar os méritos da renúncia, da humildade e do
sacrifício aos quais tenha sido indiferente ou deixado de exercitar na condição
mais propícia de mulher.
Jornal Busca e Acharás –
Agosto de 2000
*
No seu modo de entender,
como se situa o Espiritismo no Brasil?
Chico Xavier:
– Desde muito, os
instrutores desencarnados nos ensinam, por via mediúnica, que o Espiritismo no
Brasil é realmente a Doutrina Codificada por Allan Kardec, restaurando os
ensinamentos de Jesus, em sua simplicidade e clareza. Enquanto em muitos países
diferentes do nosso, a prática espírita se resume a observações puramente
científicas e a técnicas mediúnicas, entre nós, brasileiros, o assunto assume
características diversas, compreendendo-se que o reconhecimento da imortalidade
da alma faz-se acompanhar de conseqüências morais a que não nos será lícito
fugir. Aprendemos com Allan Kardec que a Doutrina Espírita é a presença
espiritual de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, conclamando-nos à vivência
real dos seus ensinamentos de luz e amor.
Em razão disso, o
Espiritismo no Brasil é a caridade em ação com a fé raciocinada baseando-lhe as
iniciativas e movimentos. Consultemos o acervo das instituições assistenciais
do Espiritismo Cristão, espalhadas no Brasil inteiro e observemos a difusão das
obras de Allan Kardec, em todo o nosso País, com a supervisão e o devotamento
da Federação Espírita Brasileira e ser-nos-á fácil reconhecer em nosso
desenvolvimento coletivo a presença do Espiritismo em sua legítima expressão, a
definir-se como sendo o retorno das criaturas ao Cristianismo simples e puro.
Justamente por ocasião do
seu quadragésimo aniversário em mediunidade, em 1967, Chico Xavier foi ouvido
pelo jovem radialista Romeu Sérgio, que lhe formulou algumas indagações,
respondidas, para figurarem num programa de grande audiência na Rádio Cultura
da cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, de onde pinçamos essa
opinião.
Do livro de Elias Barbosa,
No Mundo de Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de
Araras, SP
*
Estuda-se no Brasil uma
forma de legalização do aborto. Qual sua opinião?
Chico Xavier:
– O aborto é sempre
lamentável, porque se já estamos na Terra com elementos anticoncepcionais de
aplicação suave, compreensível e humanitária, porque é que havemos de criar a
matança de crianças indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de
nossas casas?
Isto é um delito muito
grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e, sim, ao
poder divino.
Se as criaturas têm
necessidade do relacionamento sexual para revitalização de suas próprias
forças, o que achamos muito justo, seria melhor se fizessem sem alarme ou sem
lesão espiritual ou psicológica para ninguém. Se o anticoncepcional veio
favorecer esta movimentação das criaturas, por que vamos legalizar ou estimular
o aborto?
Por outro lado, podemos
analisar que se nossas mães tivessem esse propósito de criar uma lei do aborto
no século passado, ou no princípio e meados deste século, nós não estaríamos
aqui.
Transcrito do livro Chico
Xavier – Mandato de Amor, editado pela União
Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais.
*
Tv Manchete – Por que
pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte
tão sofrida?
Chico Xavier:
– Lembrando com muito
respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por
que o sofrimento de Jesus no lenho? ! Ele era o guia da Humanidade e, a bem
dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma
interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos
nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência
dos bens que desfrutamos.
E nesse particular, se é
possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso. Eu sempre tive uma
vida normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite
que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho
as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis.
Mas reconheço que estou
com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de
viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me
priva da vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.
Um paraplégico que se
habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou: “ Chico Xavier, eu
sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido… Indago a você por
que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico
de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora
devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que
continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu
amigo – por que é que eles não curam você?”
Eu disse assim: “ Meu
amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum… A mediunidade não
me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos
nossos grupos sociais”.
Penso que essa moléstia
tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando
chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar:
“Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?…” Eu
vou dizer:
“Sim, fiz 80 anos e,
depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo
físico…” Mas isto é muito natural em
qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar
envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados… Eu quero não sentir
vergonha de nunca ter sofrido…
Mas para mim isto não é
sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano,
gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo… Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma
melhora ou, se a doença continuar, eu
devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a
felicidade da vida…
Então, eu estou aqui com
vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa,
porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta alimentação, não
me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita
atenção, me proporcionando as melhoras possíveis…
E eu continuo há 2 anos na
condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe
da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim
agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver
libertada do corpo doente. Se ela puder – eu compreendo-, ela, sendo possível,
nos auxiliará.
Transcrição Parcial da
entrevista concedida à TV Manchete, de UberabaMinas, em 11 de maio de
1992 – Anuário Espírita – 1995
*
Rafael Vanucci (Criança) –
Chico, e a relação pais e filhos? Como a gente deve se comportar? E como nossos
coroas devem nos tratar?
Chico Xavier:
– Uma criança de 6 a 8
anos, ela não tem recursos para fazer opções. Ela precisa de alguém que a
dirija no caminho da vida e isso é uma tarefa dos pais, e das mães em
particular. Porque sem os pais e sem as mães, os professores, por eméritos que
eles sejam, não podem realizar a transformação espiritual do espírito que a
criança representa em si.
E se a criança já nasce
numa condição de necessidade, como um pássaro recém-nato que aprende pouco a
pouco a voar, é uma descaridade deixarmos nossos filhos em plena ignorância da
responsabilidade de viver, da beleza do amor e da felicidade de sermos unidos
para o bem. A criança é um adulto que está numa fantasia transitória. Até mais
ou menos aos 14, 15 anos, uma criança não tem discernimento para fazer opções
quando ao caminho que lhes cabe seguir.
Daí a tragédia dos
toxicômanos que começam cedo, seduzidos por criaturas inescrupulosas que se
fazem traficantes desses venenos. A falta de pais vigilantes criou os
delinqüentes infantis.
Momentos principais do
Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira
Visão”, da Rede Bandeirantes,São Paulo, SP, levado ao
vídeo na noite de 25/12/1987.
*
Acredita você na
existência de cidades em Marte, na base de matéria diferente daquela que
conhecemos na Terra?
Chico Xavier:
– Devo informar à “Folha
Espírita” que antes de psicografarmos o livro “Nosso Lar”, de nosso amigo André
Luiz, a nossa idéia sobre qualquer cidade em outros planetas se fixava em
quadros que seriam absolutamente iguais aos do nosso Plano Físico, na Terra.
Quando os amigos
espirituais se reportavam a cidades em outros mundos, não possuía, de minha
parte, outros padrões comparativos se não os que identificava neste mundo
mesmo.
Entretanto, em 1943,
quando iniciei a psicografia dos livros de André Luiz, passei a reconhecer que
a matéria se caracterizava por diferentes gradações e compreendi que, em torno
de paisagens cósmicas, sejam elas quais sejam, podem existir cidades e vida
comunitária, em condições que nos escapam, por enquanto, ao conhecimento condicionado
de espíritos temporariamente encarnados na existência física.
Entrevista dada à Dra.
Marlene Rossi Severino Nobre,em setembro de 1976,
contida no livro de sua autoria“Lições de Sabedoria –
Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita”.
*
Recordo-me de que, há
muito tempo, uma mãe aflita, ao debruçar-se-lhe sobre os ombros, indagou em
lágrimas:
“Chico, o que vou fazer
agora da minha vida?! … Perdi os meus filhos, Chico, num desastre … Morreram os
dois … A minha dor é terrível … Estou desesperada …”
O episódio nos comovia a
todos, no “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba.
Fitando-a com os olhos
igualmente repletos de lágrimas, o incansável servo do Cristo lhe respondeu:
De nossa parte, ficamos
também, em silêncio, a meditar na grandeza da lição daquela hora, a respeito da
aceitação do sofrimento, perguntando a nós mesmos quantas dores maiores
poderíamos evitar, se nos resignássemos antes as dores aparentemente sem
remédio que nos visitam no cotidiano …
Chico Xavier:
-“Filha, o nosso Emmanuel
sempre me diz que a aceitação de nossos problemas, sejam eles quais forem,
representa cinqüenta por cento da solução dos mesmos; os outros cinqüenta por
cento vêm com o tempo … Tenhamos paciência e fé, pois não estamos desamparados
pela Bondade Divina.”
Bastou que ouvisse estas
palavras do Chico, para que aquela senhora se acalmasse em uma cadeira próxima,
começando a refletir sobre os Desígnios de Deus.
Página copiada do livro
“Chico Xavier, Mediunidade e Ação”,escrito por Carlos Antônio Baccelli, de Uberaba, MG
*
Com tanta violência e
corrupção em nosso país, os benfeitores acreditam que o Brasil seja “O coração do mundo e a
pátria do Evangelho?”
Chico Xavier:
– Essa pergunta tem sido
assunto de muitos diálogos nossos com os companheiros de nossa casa. O nosso
Emmanuel é de opinião que dentro do mundo turbulento, com a incompreensão
comandando tantos corações, tantos milhões de pessoas, não pode ser motivo de
dúvidas para nós que o Brasil é o coração do mundo.
Quando nós nos lembramos
que, com todas as deformidades que assinalam a nossa época, com todas as
dificuldades de ordem material, nossas mesas têm sido amparadas por benfeitores
espirituais. O pão que nós pedimos na oração dominical é modificado por bênçãos
de toda a espécie.
Trecho de entrevista feita
pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, em fevereiro de 1993,
extraído do livro de sua autoria Lições de Sabedoria –
Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita.
*
Paris-Match publicou que
um autor que há 10 anos criticou a reencarnação, agora publica um outro falando
a favor. Afirmou que os médiuns eram falhos, mas que agora é possível ouvir em
equipamentos eletrônicos de grande sensibilidade a comunicação dos Espíritos e
não há como negar isso.
Chico Xavier:
– Vemos com muita alegria
e com muita esperança de que esse evento possa ser aperfeiçoado e assim
podermos contar com a eletrônica para suplementar todas as formas de
comunicação com o mundo espiritual. A palavra do autor é significativa e
devemos aguardar com interesse e carinho os estudos que ele fez. O conhecimento
da reencarnação vai ganhando inteligências através da parapsicologia. E essa
vitória do autor pertence à coletividade humana porque é a palavra de um homem
resguardada pela fé e pela inteligência.
Vamos esperar que a
reencarnação seja pesquisada cada vez mais para que cheguemos às convicções
espíritas cristãs e para que não restem dúvidas a respeito.
Nós, espíritas,
enfrentamos uma vereda espinhosa para subir determinado monte, o monte da fé,
sem esperar qualquer conforto e temos a reencarnação, como ponto pacífico. Mas,
atualmente, através da ciência, está se construindo uma avenida para chegar aos
mesmos resultados a que nós chegamos. Esperemos que o autor não esmoreça e que
outros autores apareçam e venham a formular conosco a realidade da
reencarnação, que é incontestável.
Entrevista concedida ao
Dr. Rossi, no Centro Espírita União,
em São Paulo, SP,
durante o XIV Encontro da
Boa Vontade, na noite de 05/10/1988.Transcrito da Folha
Espírita, S.Paulo, novembro de 1988.
*
Benedito di Paula – Meu
querido amigo Chico Xavier, há mais de 60 anos você se dedica a um trabalho
mediúnico maravilhoso! Qual o significado disso tudo e o que isso representa
para você?
Chico Xavier:
– Um amigo espiritual em
se comunicando aqui, há poucos dias, numa página que eu considero muito
interessante, contou que um amigo espiritual perguntou a um Mentor das esferas
mais altas, o que significavam 60 anos de trabalho espiritual ininterrupto.
E o Mentor respondeu que,
para Jesus, significaria 6 minutos.
Momentos principais do
Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira
Visão”, da Rede Bandeirantes São Paulo, SP, levado ao
vídeo na noite de 25/12/1987.
*
Como devemos entender a
expressão “almas gêmeas” dentro da conceituação de que os espíritos não têm
sexo?
Chico Xavier:
– Diz “O Livro dos
Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como entendemos na Terra, mas
percebamos “como entendemos”, de vez que, do ponto de vista da comunhão das
criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo tem o magnetismo que se lhe faz
peculiar.
A saudade de alguém é a
fome do magnetismo desse alguém, razão pela qual o amor é uma lei para nós
todos, das pessoas umas com as outras no curso do tempo e na construção dos
ideais que lhes são comuns.
Entrevista feita pelo Sr.
Fernando Worm, janeiro de 1977,Do livro “Lições de
Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita”
Fonte:
Chico Xavier, diálogos e
recordações . Disponível em http://chico-xavier.com/o-chico-responde/ Acesso:
16 MAI 2015.
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