sexta-feira, julho 31, 2015

Poema de Gratidão - Amélia Rodrigues





Poema de Gratidão


Amélia Rodrigues

Muito obrigado, Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás!
Muito obrigado, pelo pão, pelo ar, pela paz!
Muito obrigado, pela beleza que meus olhos vêem no altar da Natureza!


Olhos que fitam o céu, a terra e o mar.
Que acompanham a ave fagueira que corre ligeira pelo céu de anil e se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil!


Muito obrigado, Senhor, porque eu posso ver o meu amor!
Diante da minha visão, pelos cegos, formulo uma oração.
Eu sei, que depois dessa lida, na outra vida, eles também enxergarão!


Obrigado, pelos ouvidos meus, que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro, as lágrimas que choram os olhos do mundo inteiro.


Diante de minha capacidade de ouvir, pelos surdos, eu Te quero pedir, eu sei, que depois desta dor, no Teu reino de amor, eles também ouvirão!


Muito obrigado, Senhor, pela minha voz!
Mas, também, pela voz que canta, que ensina, que alfabetiza, que canta uma oração e Teu nome profere com sentida emoção!


Diante da minha melodia, quero Te rogar, pelos que sofrem de afazia, pelos
que não cantam de noite e não falam de dia.
Eu sei, que depois desta dor, no Teu reino de amor, eles também cantarão!


Muito obrigado, Senhor, pelas minhas mãos!
Mas, também, pelas mãos que oram, que semeiam, que agasalham.
Mãos de amor, mãos de caridade, de solidariedade.
Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesia, de cirurgia, de sinfonia, de psicografias...
Mãos que acalentam a velhice, a dor e o desamor!
Mãos que acolhem ao seio, o corpo de um filho alheio, sem receio.


Pelos meus pés, que me levam a andar sem reclamar.
Muito obrigado, Senhor, porque posso bailar!
Olho para a Terra e vejo amputados, marcados, desesperados, paralisados...
Eu posso andar!


Oro por eles!


Eu sei, que depois dessa expiação, na outra vida, eles também bailarão.
Muito obrigado, Senhor, pelo meu lar!
É tão maravilhoso ter um lar...
Não importa se este lar é uma mansão
um bangalô, seja lá o que for!


O importante, é que dentro dele exista amor!
O amor de pai, de mãe, de marido e esposa, de filho, de irmão...
De alguém que lhe estenda a mão, mesmo que seja o amor de um cão, pois, é tão triste viver na solidão!


Mas, se não tiver ninguém para me amar, um teto para me acolher, uma cama para me deitar...
Mesmo assim, não reclamarei, nem blasfemarei.
Simplesmente, direi:


Obrigado, Senhor, porque, nasci.
Obrigado, Senhor, porque, creio em Ti!
Pelo Teu amor, obrigado, Senhor!



FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Amélia Rodrigues.




***




O poema de Gratidão, é antes de tudo, uma prece de agradecimento a Deus.


É o ser humano, expressando esse sentimento de forma bela e poética.


Ressalta com muita beleza, os atributos do espírito imortal, a se refletir no hoje e o quanto podem ser úteis, produzindo no campo do Bem e do Amor.


Evidencia que as mãos, em ações altruísticas e no trabalho edificante, são propulsoras do progresso e da evolução.


E, sobretudo, um hino magnífico, que exalta a reencarnação, abrindo perspectivas de esperança, de novas e sucessivas etapas através dos tempos, nas quais, os que sofrem, encontrarão a recompensa merecida.


Essa bela oração gratulatória do espírito Amélia Rodrigues, foi psicografada por Divaldo P. Franco, em Buenos Aires, Argentina, em 21 de Novembro de 1962, que passou a apresentá-la ao finalizar as suas palestras.

No momento de encerramento, quando Divaldo pronuncia as primeiras frases do poema, unem-se os pensamentos e vibrações do público presente e, como um majestoso concerto, seus acordes repercutem harmoniosamente, levando a mensagem de gratidão a Deus pela amplidão afora.



Suely Caldas Schubert

quinta-feira, julho 30, 2015

Amor - Emmanuel





Amor

Emmanuel


O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas.


Brilha em tudo e em tudo palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza.


É fundamento da vida e justiça de toda a Lei.


Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à glória da imensidade, quanto nas flores anônimas esquecidas no campo.


Nele fulgura, generosa, a alma de todas as grandes religiões que aparecem, no curso das civilizações, por sistemas de fé à procura da comunhão com a Bondade Celeste, e nele se enraíza todo o impulso de solidariedade entre os homens.


Plasma divino com que Deus envolve tudo o que é criado, o amor é o hálito dEle mesmo, penetrando o Universo.


Vemo-lo, assim, como silenciosa esperança do Céu, aguardando a evolução de todos os princípios e respeitando a decisão de todas as consciências.


Mercê de semelhante bênção, cada ser é acalentado no degrau da vida em que se encontra.


O verme é amado pelo Senhor, que lhe concede milhares e milhares de séculos para levantar-se da viscosidade do abismo, tanto quanto o anjo que o representa junto do verme.


A seiva que nutre a rosa é a mesma que alimenta o espinho dilacerante.


Na árvore em que se aninha o pássaro indefeso, pode acolher-se a serpente com as suas armas de morte.


No espaço de uma penitenciária, respira, com a mesma segurança, o criminoso que lhe padece as grades de sofrimento e o correto administrador que lhe garante a ordem.


O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a ninguém violenta, embora, em razão do mesmo amor infinito com que nos ama, determine estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada consciência, de acordo com as suas próprias obras.


E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos sem prazo o caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente nos consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que é a Sua Regra Imutável.


Herdeiros dEle que somos, raios de Sua Inteligência Infinita e sendo Ele Mesmo o Amor Eterno de Toda a Criação, em tudo e em toda parte, é da legislação por Ele estatuída que cada espírito reflita livremente aquilo que mais ame, transformando-se, aqui e ali, na luz ou na treva, na alegria ou na dor a que empenhe o coração.


Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele à Terra para clarear-nos a senda, em cada passo de seu Ministério tomou o amor ao Pai por inspiração de toda a vida, amando sem a preocupação de ser amado e auxiliando sem qualquer ideia de recompensa.


Descendo à esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor, ajudando e sofrendo por amor, passa no mundo, de sentimento erguido ao Pai Excelso, refletindo-lhe a vontade sábia e misericordiosa.


E, para que a vida e o pensamento de todos nós lhe retratem as pegadas de luz, legou-nos, em nome de Deus, a sua fórmula inesquecível:


- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.30, p.50-51.


quarta-feira, julho 29, 2015

Oração - Emmanuel





Oração

Emmanuel


A oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo da Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza.


Reportamo-nos aqui ao apelo vivo do espírito às Potências Celestes, quer vestido na fórmula verbal, quer absolutamente sem ela, na silenciosa mensagem da vibração.


Imaginemos a face de um espelho voltada para o Sol, desviando-lhe O fulgor na direção do abismo.


Esta, na essência, é a função da prece, buscando o Amor Divino para concentrar-lhe a claridade sobre os vales da ignorância e do sofrimento, da miséria e do ódio, que ainda se estendem no mundo.


Graduada, desde o mais simples desejo, a exteriorizar-se dos mais ínfimos seres, até a exaltação divina dos anjos, nada se faz na Terra sem o impulso da aspiração que orienta o passo de todas as criaturas...


No corpo ciclópico do Planeta, a oração é o movimento que o mantém na tela cósmica; no oceano, é o fenômeno da maré, pelo qual as águas aspiram ao grande equilíbrio.


Na planta, é a chamada fototaxia ou anseio com que o vegetal se levanta para a luz, incorporando-lhe os princípios; no animal, é o instinto de curiosidade e indagação que lhe alicerçam as primeiras conquistas da inteligência, tanto quanto, no homem comum, é a concentração natural, antes de qualquer edificação no caminho humano.


O professor planeando o ensinamento e o médico a ensimesmar-se no estudo para sanar determinada moléstia, o administrador programando a execução desse ou daquele serviço, e o engenheiro engolfado na confecção de uma planta para certa obra, estão usando os processos da oração, refletindo na própria mente os propósitos da educação e da ciência de curar, da legislação e do progresso, que fluem do plano invisível, à feição de imagens abstratas, antes de se revelarem substancialmente ao mundo.


Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida.


A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons.


A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos através dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a ideia, com que se lhe aperfeiçoa a existência.


Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu.


Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa..




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.26, p.44.

terça-feira, julho 28, 2015

Desintegrar - Momento Espírita






Desintegrar


Uma nave russa descontrolada está para cair sobre a Terra, informam os tabloides.


Pesando cerca de oito toneladas, um objeto enorme sobrevoa nossas cabeças e ninguém sabe ao certo onde irá desabar.


Tal notícia poderia gerar pânico, certamente, a não ser por um único detalhe: o artefato se desintegrará, totalmente, em sua reentrada na atmosfera terrestre, fazendo restar apenas alguns pequenos e inofensivos destroços quando chegar ao chão.


Isso se dá por estarmos muito bem protegidos pela densa atmosfera terrestre que, graças ao atrito que gera na reentrada em velocidade desses objetos, desintegra-os, em altíssimas temperaturas.


O ar vai se tornando mais denso à medida que a altura diminui, isto é, quanto mais perto da crosta, mais denso é o ar, e mais atrito gera.


É esse mesmo fenômeno que nos protege de meteoros e de todo lixo espacial.


A atmosfera densa da Terra desintegra os corpos em sua entrada.


*   *   *


Espiritualmente falando, o planeta Terra também é responsável pela desmaterialização das almas.


Quando na encarnação, estamos submetidos a muitas experiências, a muitas provas, a dores que vão, lentamente, nos desintegrando, isto é, retirando as camadas mais duras, mais rígidas e materiais.


Muitos de nós, para sobreviver e para seguir em frente, precisamos nos desconstruir e começar de novo. 


E a atmosfera espiritual da Terra propicia o campo de experiências para isso.


Renovar as ideias. 


Deixar de pensar como pensávamos. 


Deixar de agir como agíamos. 


Deixar de lado vícios antigos. 


São muitas as formas de nos desintegrarmos em vida para nos reintegrarmos, novamente, nos braços do Criador.


A reentrada na Terra nos expõe a altas temperaturas, que muitas vezes não sabemos se vamos suportar ou não. 


Se olharmos de perto veremos apenas uma grande bola de fogo, um incêndio.


Porém, observando à distância, numa noite escura, cada uma daquelas estrelas cadentes é, na verdade, um astro que está se tornando melhor.


A reencarnação nos proporciona essa reentrada no cenário terrestre.


Uma oportunidade sem igual para nos burilarmos, para nos reconstruirmos, para que retiremos de nós todas as carapaças, todas as estruturas espessas que fomos acumulando, ao longo dos tempos, e que nos mostremos como verdadeiramente somos. 


A essência, Espírito.


*   *   *





Diariamente reentram na atmosfera da Terra milhares de Espíritos, como estrelas cadentes riscando de fogo a cúpula noturna.


Renascemos muitas vezes e cada vez somos menos matéria e mais Espírito. 


Menos dor e mais alegria. 


Menos egoísmo e mais caridade.

Renascemos, também, muitas vezes, dentro da própria encarnação, cada vez que percebemos que retiramos um peso dos ombros ou deixamos de odiar, ou passamos a amar mais.

Desintegrar-se é ser mais doação e menos apego; é ser mais indulgência e menos julgamento; é ser mais perdão e menos mágoa.


Desintegrar-se...


Comecemos...




 Redação do Momento Espírita. Disponível em www.momento.com.br

Tolerância - Emmanuel




Tolerância

Emmanuel


Vive a tolerância na base de todo o progresso efetivo.


As peças de qualquer máquina suportam-se umas às outras para que surja essa ou aquela produção de benefícios determinados.


Todas as bênçãos da Natureza constituem larga sequência de manifestações da abençoada virtude que inspira a verdadeira fraternidade.


Tolerância, porém, não é conceito de Superfície.


É reflexo vivo da compreensão que nasce, límpida, na fonte da alma, plasmando a esperança, a paciência e o perdão com esquecimento de todo o mal.


Pedir que os outros pensem com a nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos caprichos, quando é nossa obrigação adaptar-nos, com dignidade, ao mundo, dentro da firme disposição de ajudá-lo.


A Providência Divina reflete, em toda parte, a tolerância sábia e ativa.


Deus não reclama da semente a produção imediata da espécie a que corresponde.


Dá-lhe tempo para germinar, crescer, florir e frutificar.


Não solicita do regato improvisada integração com o mar que o espera.


Dá-lhe caminhos no solo, ofertando-lhe o tempo necessário à superação da marcha.


Assim também, de alma para alma, é imperioso não tenhamos qualquer atitude de violência.


A brutalidade do homem impulsivo e a irritação do enfermo deseducado, tanto quanto a garra no animal e o espinho na roseira, representam indícios naturais da condição evolutiva em que se encontram.


Opor ódio ao ódio é operar a destruição.


O autor de qualquer injúria invoca o mal para si mesmo.


Em vista disso, o mal só é realmente mal para quem o pratica.


Revidá-lo na base de inconsequência em que se expressa é assimilar-lhe o veneno.


É imprescindível tratar a ignorância com o carinho medicamentoso que dispensamos ao tratamento de uma chaga, porquanto golpear a ferida, sem caridade, será o mesmo que converter a moléstia curável num aleijão sem remédio.


A tolerância, por esse motivo, é, acima de tudo, completo esquecimento de todo o mal, com serviço incessante no bem.


Quem com os lábios repete palavras de perdão, de maneira constante, demonstra acalentar a volúpia da mágoa com que se acomoda perdendo tempo.


Perdoar é olvidar a sombra, buscando a luz.


Não é dobrar joelhos ou escalar galerias de superioridade mendaz, teatralizando os impulsos do coração, mas sim persistir no trabalho renovador, criando o bem e a harmonia, pelos quais aqueles que não nos entendam, de pronto, nos observem com diversa interpretação, compreendendo-nos o idioma inarticulado do exemplo.


Oferece-nos o Cristo o modelo da tolerância ideal, em regressando do túmulo ao encontro dos aprendizes desapontados. 


Longe de reportar-se à deserção de Pedro ou à fraqueza de Judas, para dizer com a boca que os desculpava, refere-se ao serviço da redenção, induzindo-os a recomeçar o apostolado do bem eterno.


Tolerar é refletir o entendimento fraterno, e o perdão será sempre profilaxia segura, garantindo, onde estiver, saúde e paz, renovação e segurança.




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.25, p.42-43.

segunda-feira, julho 27, 2015

Humildade - Emmanuel






Humildade

Emmanuel



A humildade, por força divina, reflete-se, luminosa, em todos os domínios da Natureza, os quais expressam, efetivamente, o Trono de Deus, patrocinando o progresso e a renovação.


Magnificente, o Sol, cada dia, oscula a face do pântano sem clamar contra o insulto da lama; a flor, sem alarde, incensa a glória do céu.


Filtrada na aspereza da rocha, a água se revela mais pura, e, em seguida às grandes calamidades, a colcha de erva cobre o campo, a fim de que o homem recomece a lida.


A carência de humildade, que, no fundo, é reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo, surgem na alma humana doentios enquistamentos de sentimento, quais sejam o orgulho e a cobiça, o egoísmo e a vaidade, que se responsabilizam pela discórdia e pela delinquência em todas as direções.


Sem o reflexo da humildade, atributo de Deus no reino do “eu”, a criatura sente-se proprietária exclusiva dos bens que a cercam, despreocupada da sua condição real de espírito em trânsito nos carreiros evolutivos e, apropriando-se da existência em sentido particularista, converte a própria alma em cidadela de ilusão, dentro da qual se recusa ao contato com as realidades fundamentais da vida.


Sob o fascínio de semelhante negação, ergue azorragues de revolta contra todos os que lhe inclinem o espírito ao aproveitamento das horas, já que, sem o clima da humildade, não se desvencilha da trama de sombras a que ainda se vincula, no plano da animalidade que todos deixamos para trás, após a auréola da razão.


Possuída pelo espírito da posse exclusivista, a alma acolhe facilmente o desespero e o ciúme, o despeito e a intemperança, que geram a tensão psíquica, da qual se derivam perigosas síndromes na vida orgânica, a se exprimirem na depressão nervosa e no desequilíbrio emotivo, na ulceração e na disfunção celular, para não nos referirmos aos deploráveis sucessos da experiência cotidiana, em que a ausência da humildade comanda o incentivo à loucura, nos mais dolorosos conflitos passionais.


Quem retrata em si os louros dessa virtude quase desconhecida aceita sem constrangimento a obrigação de trabalhar e servir, a benefício de todos, assimilando, deste modo, a bênção do equilíbrio e substancializando a manifestação das Leis Divinas, que jamais alardeiam as próprias dádivas.
Humildade não é servidão.


 É, sobretudo, independência, liberdade interior que nasce das profundezas do espírito, apoiando-lhe a permanente renovação para o bem.


Cultivá-la é avançar para a frente sem prender-se, é projetar o melhor de si mesmo sobre os caminhos do mundo, é olvidar todo o mal e recomeçar alegremente a tarefa do amor, cada dia.


Refletindo-a, do Céu para a Terra, em penhor de redenção e beleza, o Cristo de Deus nasceu na palha da Manjedoura e despediu-se dos homens pelos braços da Cruz.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.24, p.41.


domingo, julho 26, 2015

Auxílio - Emmanuel



Auxílio

Emmanuel


Auxiliar espontaneamente é refletir a Vida Divina por intermédio da vida de nosso “eu”, que se dilata e engrandece, à proporção que nos desdobramos no impulso de auxiliar.


A Eterna Providência é o reservatório do Amor Infinito, em doação permanente, solicitando canais de expressão que o distribuam, aos quais provê com matemática precisão.


É necessário, porém, estejamos de atalaia no celeiro de nós mesmos, a fim de que não impeçamos o eterno dar-se de Nosso Pai, dando incessantemente dos bens de que Ele nos enriquece.


Quem observa os princípios da eletricidade não ignora que o fluxo constante da força, para a consecução dos benefícios que ela produz, reclama um circuito completo.


Se não houvesse pólos positivos e negativos, não disporíamos do favor da luz e do movimento.


Quem conhece igualmente o manancial sabe que a água, para manter-se pura, exige escoadouro.


Toda obstrução, por isso mesmo, significa inércia e enfermidade.


A lei do auxílio permite a solicitação, mas determina a expansão para que a ajuda não desajude.


O sangue que não circula gera a necrose que traduz cadaverização dentro do corpo vivo.


O homem que saiba governar muitos bens reunidos, construindo com eles a base do trabalho e da educação de muitos, é qual represa em lide, no campo social, missionário do progresso que as leis da vida nutrem de esperança e saúde, segurança e alegria; ao passo que o detentor de numerosos bens, sem qualquer serventia para a comunidade, é um sorvedouro em sombra à margem do caminho, usurário infeliz que as mesmas leis da vida cercam de angústia e medo, solidão e secura.


O amparo que recolhemos corresponde ao amparo que dispensamos.


E o amparo que dispensamos está invariavelmente seguido de vastos acréscimos potenciais para a hipótese de nos fazermos mais úteis.


Lembremo-nos de que refletir as bênçãos de Deus no socorro espontâneo ao próximo, sem o tambor da vaidade a estimular-nos o exclusivismo, é atrair os reflexos de Deus para aqueles que nos cercam e que, igualmente em silêncio, se deslocam ao nosso encontro, prestando-nos assistência efetiva.


Ajudar com o sentimento, com a idéia, com a palavra e com a ação, ajudar a todos e melhorar sempre é invocar, em nosso favor, o apoio integral da vida.


Não nos esqueçamos, pois, de que o auxilio que prestamos às criaturas, sem exigência e sem paga, é a nossa rogativa silenciosa ao Socorro Divino, que nos responde, invariável, com a luz da cooperação e do suprimento.





XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.23, p.40.

sábado, julho 25, 2015

Culpa - Emmanuel




Culpa

Emmanuel


Quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma.


E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio.


A feição do ímã, que possui campo magnético específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de si mesma.


É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza invisível nos domínios da afinidade.


Operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência.


Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio desgosto, ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, inicialmente alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros.


É que os reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de imediato, as indisposições alheias, carreando para a acústica de nossa alma todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero que vagueiam na atmosfera psíquica em que respiramos, metamorfoseando- nos em autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou de escândalo, nos quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações de nossas próprias culpas.


É nesse estado negativo que, martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica.


A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores.


Toda deserção do dever a cumprir traz consigo o arrependimento que, alentado no espírito, se faz acompanhar de resultantes atrozes, exigindo, por vezes, demoradas existências de reaprendizado e restauração.


Cair em culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se não desejamos o ingresso inquietante na escola das longas reparações.


É por essa razão que Jesus, não apenas como Mestre Divino mas também como Sábio Médico, nos aconselhou a reconciliação com os nossos adversários, enquanto nos achamos a caminho com eles, ensinando-nos a encontrar a verdadeira felicidade sobre o alicerce do amor puro e do perdão sem limites.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.22, p.39.