Entendimento
Emmanuel
O cultivador do campo não prescinde do arado com que sulcará
o corpo da gleba.
O estatuário recorrerá ao buril para afeiçoar o mármore à
idéia criadora que lhe inflama a cabeça.
A criatura interessada na produção de reflexos mentais
protetores de sua senda não dispensará o entendimento por alicerce do trabalho
renovador.
Entendimento que simbolize fraternidade operante.
Simpatia que se converta em fulcro de força atrativa,
exteriorizando-nos a melhor parte, para que a melhor parte dos outros se
exteriorize ao nosso encontro.
Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que
emitimos de nós, em regime de circuito natural.
Categorizamo-nos bons ou maus, conforme o uso de nossos
sentimentos e pensamentos, que, no fundo, constituem cargas de energia
eletromagnética, com as quais ferimos ou acalentamos, ajudamos ou
prejudicamos, vitalizamos ou destruímos, e que voltam, invariavelmente, a nós mesmos,
impregnadas dos recursos felizes ou infelizes com que lhes marcamos a rota.
Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para
com os outros, criamos por atividade reflexa o desalento e a intemperança,
a crueldade e a secura para nós mesmos, e, quando generosos e compreensivos,
prestimosos e úteis para com aqueles que nos cercam, criamos,
conseqüentemente, a alegria e a tranqüilidade, a segurança e o bom ânimo para
nós próprios.
Responde-nos a vida em todas as coisas e em todas as
criaturas, segundo a natureza de nosso chamamento.
Até o ingresso na Consciência Cósmica, todos os seres se
distinguem pela face de luz com que se alteiam para os cimos da evolução e
pela face de sombra pela qual ainda sofrem a influência da retaguarda.
A própria posição vulgar do homem na Terra vale por símbolo
dessa condição específica.
Por cima o fulgor pleno do Sol, por
baixo a escuridade do abismo.
Todos recolhemos do Pai Celeste os estímulos ao futuro e
todos padecemos os reflexos do passado a se nos projetarem sobre a
existência.
Desatando, assim, as algemas do mal que nós mesmos forjamos
em detrimento de nossas almas, há que buscar o bem, senti-lo,
mentalizá-lo e plasmá-lo com todos os potenciais de realização ao nosso
alcance.
Para começar, precisaremos separar o criminoso da
criminalidade, como o lavrador que estabelece diferença entre o verme e a
plantação, para abolir o domínio do primeiro e enriquecer a utilidade da segunda.
E
assim como o trabalhador rural extingue a praga, salvando a lavoura, é
necessário que o nosso entendimento improvise meios de auxiliar o companheiro
que caiu sob o guante da delinqüência, sem alentá-la.
Apequenar-se para ajudar, sem perder altura, é assegurar a
melhoria de todos, acentuando a própria sublimação.
Entretanto, só o culto infatigável do entendimento pode
garantir-nos o equilíbrio indispensável no serviço de autoburilamento em
que devemos empenhar os nossos melhores sonhos, de vez que apenas o amor
puro é capaz de criar em nossa mente a energia da luz divina, a
expandir-se de nós em reflexos de protetora renovação.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento
e Vida, cap.10, p.17-18.
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