Morte das ilusões
Eros
Contemplando o lago onde esplendia majestoso o plenilúnio, o
apressado poeta quis tocá-lo, pois tão próximo estava, que, se adentrando pelas
águas plácidas, arrebentou a magia da beleza irreal.
Quem não abre o coração ao amor, por mais que o receba,
sempre estará sem ele, à semelhança de uma pedra perpetuamente mergulhada no
oceano, porém, seca por dentro.
Zelosamente recolheu os últimos grãos de trigo da seara
depauperada e, desejando perpetuá-los, guardou-os num cofre de mogno adornado
de ouro e rubis.
Embora os tivesse ao alcance das mãos, não os permitiu
morrer, a fim de que se transformassem, no solo generoso, onde se
multiplicariam em bênçãos.
Como efeito, não logrou o pão de que necessitava e os veio a
perder, porque não morrendo, aqueles grãos deixaram de viver.
As ilusões são semelhantes ao reflexo do luar, que se dilui
com facilidade, assim como as exigências externas sem a participação interior
se semelham às pedras, ou o egoísmo que, desejando preservar, destrói a vida.
A realidade ensina que é necessário dissipar as fantasias e
o egocentrismo, a fim de que a felicidade estue no coração do homem.
FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Eros. Do livro Em
algum lugar do futuro, 2.ed, 1987, p. 06.
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