sábado, novembro 21, 2015

Morte das ilusões - Eros





Morte das ilusões

Eros


Contemplando o lago onde esplendia majestoso o plenilúnio, o apressado poeta quis tocá-lo, pois tão próximo estava, que, se adentrando pelas águas plácidas, arrebentou a magia da beleza irreal.


Quem não abre o coração ao amor, por mais que o receba, sempre estará sem ele, à semelhança de uma pedra perpetuamente mergulhada no oceano, porém, seca por dentro.


Zelosamente recolheu os últimos grãos de trigo da seara depauperada e, desejando perpetuá-los, guardou-os num cofre de mogno adornado de ouro e rubis.


Embora os tivesse ao alcance das mãos, não os permitiu morrer, a fim de que se transformassem, no solo generoso, onde se multiplicariam em bênçãos.


Como efeito, não logrou o pão de que necessitava e os veio a perder, porque não morrendo, aqueles grãos deixaram de viver.


As ilusões são semelhantes ao reflexo do luar, que se dilui com facilidade, assim como as exigências externas sem a participação interior se semelham às pedras, ou o egoísmo que, desejando preservar, destrói a vida.


A realidade ensina que é necessário dissipar as fantasias e o egocentrismo, a fim de que a felicidade estue no coração do homem.





FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Eros. Do livro Em algum lugar do futuro, 2.ed, 1987, p. 06.

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