sábado, março 03, 2018

Homenagem a Minha Mãe





O que devo à minha mãe

Momento Espírita


 Contemplando uma criança que dorme, tranquila, no berço, descobrimos o quão frágil é o ser humano e o quanto deve a uma mulher chamada mãe.


Quem quer que olhe para o próprio umbigo há de recordar da estreita ligação para com sua mãe que, durante nove meses, o alimentou, agasalhou, abrigou e protegeu em seu ventre.


E as primeiras noções de vida todos as recebemos de nossa mãe. 


Foi ela quem nos apontou o jardim e nos fez descobrir a borboleta colorida, a flor e o espinho, a chuva e o sol, a beleza do arco-íris.


Enquanto nós seguíamos as formigas do jardim, no seu ir e vir de carregadeiras incansáveis, foi ela quem nos falou da persistência e do trabalho.


Enquanto nos apontava a aranha, tecendo a sua teia, após o vento forte a ter destruído mais de uma vez, foi nossa mãe quem nos falou da paciência e dos milagres que ela produz.


E quando, nas primeiras brincadeiras, alguém nos derrubava, era sempre ela quem nos lecionava o perdão.


Quando começamos a perceber as diferenças entre crianças e adultos, velhos e moços, foi nossa mãe quem nos segredou aos ouvidos os valores do respeito e da consideração.


Na infância ela consertou nossos brinquedos, costurou a roupa nova para a boneca que havia sido esquecida na chuva.


Na adolescência, mais de uma vez consertou-nos o coração despedaçado pelos primeiros pequenos reveses no namoro.


Nosso primeiro sorriso foi a imitação do seu e foi ela quem nos ensinou a utilizá-lo para quebrar o gelo, ou para iniciar um pedido de desculpas.


Enquanto pequenos, ela nos fez sempre sentir protegidos e amados. 


Quando a curiosidade nos fez estender o dedo em direção ao besouro e ele grudou ali, foi para ela que corremos, em busca do socorro.


Quando o cãozinho pulou e nos fez cair, lambendo-nos o rosto, em manifestação de carinho, apavorando-nos, foi ela quem nos tomou nos braços, sossegou e depois nos ensinou que, por vezes, as criaturas não sabem expressar muito bem seu afeto e que as devemos ensinar.


Foi ela quem nos desvendou o segredo das cores, dos números e das letras, mesmo antes de adentrarmos os bancos escolares. 


E tudo de maneira informal, como uma doce brincadeira que nos permitia aprender, sem cansar.


Incentivando-nos à pesquisa, quantas vezes ela nos permitiu incursões de aventura em seu armário e suas gavetas, deixando-nos descobrir tesouros maravilhosos, entre bijuterias, colares, anéis, lenços e tantas outras coisas miúdas, que eram todo nosso encantamento.


Seus livros foram os primeiros que nos enriqueceram o intelecto. 


Livros usados, marcados a caneta, lápis ou pedacinhos de papel. 


Livros cheios de anotações que nos ensinaram como se devia ler, anotando, perguntando, pesquisando.


As músicas de sua predileção foram as que nos embalaram a infância, junto com as canções da sua voz que nos acalmavam nas noites de chuva forte, raios e trovões.


E, mais do que tudo, porque desde o primeiro instante detectou que somos um Espírito imortal, plantou com imenso carinho a lição do amor em nós.


Seu intuito era que o que quer que nos tornássemos a serviço do mundo, soubéssemos que, acima de tudo, onde quer que estejamos, o que quer que façamos, o ser a quem devemos sempre servir é nosso irmão em humanidade.



Redação do Momento Espírita. Disponível em www.momento.com.br






Almas perfumadas

Ana Cláudia Saldanha Jácomo


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. 


De sol quando acorda. 


De flor quando ri. 


Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. 


Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. 


Lambuzando o queixo de sorvete. 


Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. 


O tempo é outro. 


E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.


*

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. 


De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. 


Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. 


Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. 


Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. 


Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.


 *

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. 


Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. 


Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. 


Recebendo um buquê de carinhos. 


Abraçando um filhote de urso panda. 


Tocando com os olhos os olhos da paz. 


Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

*

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. 


Do brinquedo que a gente não largava. 


Do acalanto que o silêncio canta. 


De passeio no jardim. 


Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. 


Corre em outras veias. 


Pulsa em outro lugar. 


Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. 


E a gente ri grande que nem menino arteiro.


*

Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. 


Minha avó era alguém assim. 


Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. 


A minha, foi uma delas. 


E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. 


E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.










Concordamos com a autora de que  algumas almas são perfumadas, porque hoje sabemos que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. 



Minha mãe  era alguém assim. 


Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. 


A minha, foi uma delas. 


E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. 


E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de mãe,  para nos falar de amor.



Nesta data em que estaria comemorando mais um aniversário natalício, pedimos a Deus que as nossas vibrações de carinho, de amor, de gratidão cheguem até ela não só nesta data mas em todas os demais dias.


Mãe, receba o nosso buque de carinhos ...


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