As Emoções
Joanna de Ângelis
A palavra emoção provém do verbo emovere, que significa
mover ou movimentar, sendo, portanto, qualquer tipo de sentimento que produza
na mente algum tipo de movimentação, que tanto pode ser positiva, negativa ou
mesmo neutra.
O importante na ocorrência do fenômeno da emoção são o seu
propósito e as suas consequências.
Quando se direciona ao bem-estar, à paz, à
alegria de viver e de construir, contribuindo em favor do próximo, temo-la como
positiva ou nobre, porque edificante e realizadora.
No entanto, se inquieta,
estimulando transtorno e ansiedade, conduzindo nossa mente a distúrbios de
qualquer natureza, temo-las negativa ou perturbadora, que necessita de
orientação e equilíbrio.
Os resultados serão analisados pelos efeitos que produzam no
indivíduo e naqueles com os quais convive, estabelecendo harmonia ou gerando
empecilhos.
São as emoções responsáveis pelos crimes hediondos, quando
transtornadas, assim como pelas grandes realizações da humanidade, quando
direcionadas para os objetivos edificantes do ser.
*
No primeiro caso, desfruta-se de alegria de viver e de
produzir o bem, enquanto que, no segundo, proporciona sofrimento e angústia,
desespero e consumpção.
Para um outro objetivo são necessárias ferramentas
específicas, tais como o amor, a bondade, a compaixão, a ira, a cólera, o ódio,
o ressentimento, a desonestidade, que levam ao crime e a todas as urdiduras do
mal.
No primeiro caso, encontramos a nobreza de caráter e dos
sentimentos edificantes, enquanto que, no segundo, constatamos a pequenez
moral, o primarismo em que se detém o ser humano.
As emoções, do ponto de vista psicológico , podem ser
agradáveis ou desagradáveis, estabelecendo identidades, tais como aproximação,
medo, repugnância e rejeição.
O importante no que concerne às emoções é o esforço que deve
ser desenvolvido a fim de que sejam transformadas as nocivas em úteis.
Quando se expressam prejudiciais, o indivíduo tem o dever de
trabalhá-las, porque algo em si mesmo não se encontra saudável nem bem
orientado. Ao invés de dar expansão às suas tempestades interiores, deve
procurar examinar em profundidade a razão pela qual assim se encontra, de
imediato tentando alterar-lhes o direcionamento.
As emoções têm sua origem nas experiências anteriores do
ser, que se permitiu o estabelecimento de paisagens internas de harmonia ou de
conflitos.
Não se deve lutar contra as emoções, mesmo aquelas
denominadas prejudiciais. Antes, cabe o esforço para desviar-se a ocorrência
daquilo que possa significar danos em relação a si mesmo ou a outrem.
Inevitavelmente, o correm momentos em que as emoções nocivas
assomam volumosas.
A indisciplina mental e de comportamento abrem-lhe espaços
para que se expandam.
No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar-se
danos morais, oferece recurso para impedir suas sucessivas consequências
infelizes.
Nem sempre é possível evitar-se ocorrências que desencadeiam
emoções violentas. Pode-se, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o
direcionamento dos seus efeitos.
Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro
em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido.
Irrompe,
automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva,
de revide…
Pode-se, no entanto, evitar que se expanda o sentimento
hostil, administrando-se as reações que produz, mediante o hábito de respeitar
o próximo, de tê-lo em trânsito pelo nível de sua consciência, se em fase
primária ou desenvolvida.
Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e
corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de
raiva.
* * *
Se tomas consciência de ti mesmo, dos valores que te
caracterizam, das possibilidades de que dispões, é possível exerceres um
controle sobre as tuas emoções, evitando que as perniciosas se manifestem ante
qualquer motivação e as edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos
que sempre são prejudiciais.
Quando são cultivadas as reminiscências das emoções danosas,
há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância
desagradável.
Como não se pode nem se deve viver de experiências transatas, o
ideal é diluir-se em novas experiências todas aquelas que causaram dor e
hostilidade.
Isso é possível mediante o cultivo de pensamentos de paz e
de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se
por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição.
Gandhi afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil,
mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento
pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário.
Eis porque a resistência passiva consegue os resultados
excelentes da harmonia.
Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de
momento a não-violência daquele a quem aflige, mas isso não é importante, sendo
valioso para aquele que assim procede, porque não permite que a insânia de fora
alcance o país da sua tranquilidade interior.
A problemática apresenta-se como necessidade de eliminar os
sentimentos negativos, o que não é fácil, tornando-se mais eficiente diluí-los
mediante outros de natureza harmônica e saudável.
Acredita-se que a suspensão da angústia, da ansiedade, da
raiva proporciona felicidade.
Não será com o desaparecimento de um tipo de
emoção que se desfrutará imediatamente de outra.
A questão deve ser colocada de
maneira ma is segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções
perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas
que são saudáveis e prazenteiras.
Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que
gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se
consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva.
Viver por viver é fenômeno biológico, automático; no
entanto, é imprescindível viver-se em paz, bem viver-se, ao invés do
tradicional conceito de viver de bem com tudo e com todos, apoiado em reservas
financeiras e em posições relevantes, sempre transitórias.
Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a
ninguém. Sem dúvida que se trata de um passo avançado, entretanto é
indispensável fazer-se o bem, promover-se o cidadão, a cultura, a sociedade, ao
mesmo tempo elevando-se moralmente.
Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução
moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do
sentimento nobre.
O inverso também ocorre, porquanto o direcionamento negativo,
as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve
contribuem para que o indivíduo permaneça armado, porque sempre se considera
desarmado.
Mediante o cultivo das emoções positivas, aclara-se a
percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto
que a constância das emoções prejudiciais faculta a distorção da óptica em
torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, indisposição e malquerença.
Quando se alcançar o amor altruísta, haverá o sentimento da
real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus.
* * *
Jesus permanece sendo o exemplo máximo do controle das
emoções, não se deixando perturbar jamais por aquelas que são consideradas
perniciosas.
Em todos os Seus passos, o amor e a benevolência, assim como a
compaixão e a misericórdia, estavam presentes, caracterizando o biótipo ideal,
guia e modelo para todos os indivíduos.
Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e
condenado à morte, não teve uma emoção negativa, mantendo-se sereno e
confiante, lecionando em silêncio o testemunho que é pedido a todos quantos se
entregam a Deus e devem servir de modelo à humanidade.
Não se podendo viver sem as emoções, cuidar-se daquelas que
edificam em detrimento das que perturbam, tal é a missão do homem e da mulher
inteligentes na Terra.
Joanna de Ângelis
Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em
09.03.09, no Centro Espírita Caminho da Redenção, Salvador, Bahia
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