Encontro de Natal
Meimei
Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento
engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção.
Percebes que o céu te chama a partilhar os júbilos da
exaltação do Senhor nas sombras do mundo.
Entretanto, misturada ao regozijo que te acalenta a
esperança, carregas a névoa sutil de recôndita angústia, como se trouxesses no
peito um canteiro de rosas orvalhado de lágrimas!...
É que retratas no espelho da própria emoção o infortúnio de
tantos outros companheiros que foram inutilmente convidados para a consagração
da alegria.
Levantaste no lar a árvore da ventura doméstica, de cujos galhos
pendem os frutos do carinho perfeito, entretanto, não longe, cambaleiam
seguidores de Jesus, suspirando por leve proteção que os resguarde contra o
frio da noite;
banqueteias-te, sob guirlandas festivas, mas, a poucos passos da
própria casa, mães e crianças desprotegidas, aguardando o socorro de Cristo,
enlanguecem de fadiga, e necessidade;
repetes hinos comovedores, tocados pela
serena beleza que dimana dos astros, entretanto, nas vizinhança, cooperadores
humildes do Mestre, choram cansados de penúria e aflição;
abraças os entes
queridos, desfrutando excesso de conforto, contudo, à pequena distância,
esmorecem amigos de Jesus, implorando que lhes dê a benção de uma prece e o
consolo de uma palavra afetuosa, nas grades dos manicômios ou no leito dos
hospitais...
Sim, quando refletes na glória da Manjedoura, sentes, em
verdade, a presença do Cristo no coração!
Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas
não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, através do
eterno amor que se derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo,
enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do
Senhor, a alegria de alguém!...
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Meimei. O Espírito
da Verdade. Espíritos Diversos. FEB.
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