O canto do sabiá – Redação do Momento Espírita

O canto do sabiá 

                                 

Ele chega no alto do muro, todas as manhãs.

Exceção daquelas de chuva torrencial.

Nesses dias, somente aparece quando a chuva se vai.

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Ele se posta exatamente na direção da janela do escritório onde trabalho.

Anda um pouco de um lado a outro.

Parece olhar para mim.

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Na verdade, tenho certeza que me olha.

E então, solta seu canto.

É o meu companheiro sabiá.

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Não vem a esse local porque o alimento, considerando que é no meio do jardim, do outro lado da casa, que coloco a ração diária para ele e todos os pássaros que queiram.

A maioria deles, habitando a árvore em frente à casa, há bastante tempo.

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Ou seja, desde que o pequeno arbusto se transformou em uma árvore alta, cheia de galhos e folhas.

Árvore que tenho o cuidado de zelar toda vez que os funcionários da Prefeitura vêm realizar a poda.

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Supervisiono o serviço, não permitindo que cortem galhos em excesso, em especial aqueles em que estão construídos os preciosos ninhos.

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Não sei se o sabiá sabe disso tudo.

Nunca contei nada a ele.

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Mas quando ele vem cantar em frente à minha janela, eu o cumprimento: Oi, amiguinho, já chegou? 

Qual a sinfonia para hoje?

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E depois dele alegrar o meu coração, parte voando.

Sei que não o verei mais até o dia seguinte.

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Alguns dirão que tudo isso é coincidência.

Nada demais.

Talvez o sabiá goste daquele pedaço de muro por algum motivo.

Eu, sinceramente, acredito que se trata de gratidão de uma ave que se alimenta todos os dias, em meu jardim.

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Mais do que isso, eu vejo a manifestação Divina nesse pequenino ser.

É Deus que me diz, com o seu canto, que sou Seu filho, uma pessoa importante nesta Terra.

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Por isso, ergo minha prece em gratidão e trabalho com o coração mais alegre, a mente mais desperta, os dedos mais ágeis.

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Quantos de nós recebemos, todos os dias, dádivas semelhantes e não nos damos conta? 

Que tal começarmos a prestar atenção?

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Deus tem maneiras simplesmente criativas de nos alcançar: na brisa que brinca em nossos cabelos, na chuva que cai, permitindo que a terra exale aquele seu perfume peculiar de quem recebeu uma dádiva e agradece.

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Ou talvez através de uma ave que cante em nossa janela ou nas proximidades.

Deus a tudo preside e nada esquece.

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Prestemos mais atenção ao nosso entorno e descobriremos, todos os dias, inúmeros motivos para sermos gratos ao Pai que nos ama e manifesta isso de multiplicadas maneiras.

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No ruído longínquo do mar, na paisagem solitária, nas águas que murmuram, no sono das florestas, na altivez das montanhas, Deus assinala a Sua presença.

Na poesia das flores, nas calmas noites estreladas, no brilho da lua, podemos perceber a excelência do Autor Divino.

Para a alma sensível, tudo respira e transpira Deus, o que levou o salmista Davi a escrever que os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

Cerremos os olhos, paremos um pouco e nos permitamos sentir o suave toque de Deus em nossa alma, agora, enquanto morrem os acordes musicais.

Redação do Momento Espírita, com transcrição de Salmos de Davi, cap.

19, vers.1.Disponível em www.momento.com.br