Travessias
César Braga Said
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
(F. Brant/ Milton Nascimento)
Tenho muito que viver
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
(F. Brant/ Milton Nascimento)
A vida é repleta de travessias, “momentos-limite”, fases delicadas em que precisamos extrair forças das nossas próprias entranhas.
Forças que ignoramos e julgamos não ter.
Nessas horas, nem sempre é fácil sorrir, enxugar as lágrimas e seguir...
São instantes em que a nossa fé e a nossa resistência são testadas, postas à prova, desafiando a nossa coragem e a perseverança.
Nas travessias saímos de um para outro lugar, vivendo a mudança e a incerteza, a dor e a apreensão, individual e coletivamente, num misto de amargura e de esperança.
Elas nos viram pelo avesso, mas nos apresentam a versões desconhecidas de nós mesmos.
Podem ser curativas de aspectos doentios, conscientes ou não, que conduzimos desde a nossa infância ou de eras remotas.
Muitas vezes geram descobertas surpreendentes, deixando como herança não apenas dor e cicatrizes, mas também desapego, resiliência e sabedoria.
Que consigamos “atravessar” o que for preciso:
Pontes.
Avenidas.
Rios.
Mares.
Atalhos.
Florestas.
Enfermidades...
Sem esquecermos que a mais difícil travessia é a de “nós a nós mesmos”.
Ela está dentro e não fora de nós.
É fazer a cartografia dos nossos espaços internos conhecendo cavernas, vales estreitos, desertos, montanhas altaneiras, enseadas tranquilas, bosques perfumados e até constelações fascinantes.
E quando o cansaço chegar?
Será o momento de fazermos uma pausa dessa jornada nos oásis das amizades verdadeiras, recuperando as energias, abastecendo-nos com esses sentimentos puros e delicados, tecidos com o tempo e a ternura, a fim de prosseguirmos mais plenos até a meta final.
Cezar Braga Said
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