Colo
Cezar Braga Said
Dorme agora
É só o vento lá fora
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
(Legião Urbana)
Há momentos na vida em que tudo o que precisamos é de um
colo.
Pode ser de amigo, avô ou avó, um irmão, pai ou mãe.
O que importa é que seja acolhedor que nos receba sem
inquéritos, julgamentos e preconceitos.
Que esteja disponível e tenha espaço para recostarmos a
cabeça e podermos chorar, sorrir ou tão somente silenciar.
Um colo assim é quase um útero gestando uma criança desejada
e aguardada com muito amor.
*
A terra receptiva oferece colo para a chuva.
O mar embala o céu no reflexo das suas águas.
Um colo é sempre um abrigo nos dias de frio, tempestade ou
calor intenso.
É uma proteção segura quando o medo se insinua e tenta nos
dominar.
É fonte de água pura quando estamos sedentos e também pão
saboroso, assado com carinho para aplacar a fome voraz.
É a sombra amiga e generosa da árvore frondosa
protegendo-nos do sol escaldante.
Um colo funciona como um oásis no deserto, onde podemos nos
revigorar para o prosseguimento da jornada.
Mas é preciso cuidado para não ficarmos dependentes dele a
ponto de não termos coragem e autonomia para seguir, deixando-o para trás.
Neste caso, o colo vira uma prisão e perde sua finalidade de amparo, suporte
provisório.
Tão importante quanto receber colo é oferecer um a quem
necessita.
É abrir os braços e o coração e receber, apoiar, amar.
Um colo verdadeiro e genuíno quando é oferecido, é uma das
mais lindas e delicadas expressões do amor. Amor que se renova e engrandece
quanto mais se oferece e se partilha.
Mas ajude as pessoas a caminharem com as próprias pernas,
pensarem com a própria cabeça, sentirem com o próprio coração, assumindo,
portanto, o protagonismo de suas próprias vidas.
Ofereça colo!
Receba colo!
Seja também seu próprio colo!
Cezar Braga Said
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