segunda-feira, março 22, 2021

23-MIGALHAS - Casimiro Cunha

 


23-MIGALHAS

Casimiro Cunha

 

Quem vive nas discussões,


Atendendo uma por um


Muita vez passa na Terra


Sem acender luz alguma.


Navio grande prossiga


Ao mar alto, em desconforto...


Mas navio pequenino


Navegue perto do porto.


Onde toda a gente manda


Sem que ninguém obedeça,


As obras podem ser grandes


Mas sem pés e sem cabeça.


Não desatendas no mundo


À Grande Sabedoria.


O homem faz almanaques


Mas só Deus governa o dia.


Esperas pela bondade


Que flui da Divina Aurora?


Começa por ser bondoso


Hoje mesmo, aqui, agora!...


Aprende a ouvir a verdade


Serena, elevada e pura.


Muito raro é o bom conselho


Sem ressaibos de amargura


Doentes e prisioneiros


Que o sofrimento congela


Encontram dificilmente


Pessoas da parentela.


Entre amar e bem-querer


Há muitas léguas que andar.


Sanguessuga também sente


O bem-querer de sugar.


Quando o céu é todo azul


Muita gente dá lições,


Mas, chegando à tempestade,


Dá gritos e acusações.


Não zombes do irmão que sofre


Amargurado e ferido ;


Entre as sombras do amanhã,


Teu dia é desconhecido.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap.23,p.42-43.

 

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