66-O DESPERTADOR
Casimiro Cunha
O relógio é o grande amigo na vida da criatura; acompanha-lhe a viagem desde o berço à sepultura.
Metódico, dedicado, movimentando os ponteiros, marca os risos infantis e os gemidos derradeiros.
Revela oportunidades, mostra a bênção do minuto, indica tempo à semente, como indica tempo ao fruto.
Mas de todos os relógios que atendem cheios de amor é justo salientar o amigo despertador.
Quando alguém dorme ao cansaço, ele vibra, ajuda e vela, ritmando o tique-taque, tem coisas de sentinela.
Na hora esperada e justa, pontual, invariável, chama à luta o companheiro em bulha desagradável.
O seu barulho interrompe o repouso desejado, acorda-se quase à força, levanta-se estremunhado.
Mas, somente ao seu apelo, há lembrança dos serviços, buscando-se incontinenti a zona dos compromissos.
Assim, na vida comum, nas lutas de redenção, todo o tempo é precioso em qualquer situação.
Mas o tempo que nos fere, em provas, serviço e dor, é o melhor de todos eles, é o nosso despertador.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 66 p.67.
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