quarta-feira, novembro 02, 2022

PARTIDA E CHEGADA - Momento Espírita

 


 

PARTIDA E CHEGADA

 

Momento Espírita

 

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

 

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

 

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

 

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.

 

Terá sumido? Evaporado?

 

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

 

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha, quando estava próximo de nós.

 

Continua tão capaz, quanto antes, de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

 

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.

 

E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro.

 

Assim é a morte.

 

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi.

 

Terá sumido? Evaporado?

 

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

 

O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

 

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

 

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: Já se foi, no mais Além, outro alguém dirá feliz: Já está chegando.

 

Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

 

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

 

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

 

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

 

Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

 

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro, partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.

 

*   *   *

 

Victor Hugo, poeta e romancista francês, que viveu no século XIX, falou da vida e da morte dizendo:

 

A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais brilhante.

 

Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou.

 

Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou.

 

Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte.

 

O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente.


 *


Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais de Victor Marie Hugo, do livro A reencarnação através dos séculos, de Nair Lacerda, ed. Pensamento.

 

FONTE

MOMENTO ESPÍRITA. Disponível em <http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4209>. Acesso 02 NOV 2022.

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