domingo, março 03, 2024

André Luiz e a glândula pineal: antecipação de informações científicas - Dr.Jorge Cecílio Daher Júnior





André Luiz e a glândula pineal: antecipação de informações científicas

Dr.Jorge Cecílio Daher Júnior
endocrinologista@gmail.com


Numerosas crenças e culturas descrevem a importância da glândula pineal e seu papel como mediadora da consciência. 


Místicos, filósofos, pensadores, figuras religiosas, tanto do Oriente quanto do Ocidente, associaram a pineal à capacidade de transcendência. 


Descartes considerou-a a porta da alma (SMITH, 1998), outros enxergaram a pineal como o local onde se escondia a “pedra da loucura” (CARDINALI, 2014).

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O Espiritismo abordou o papel da glândula pineal através de livros escritos por Francisco Cândido Xavier, notadamente Missionários da luz, publicado em 1945 (XAVIER, 2015).

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Tratando da glândula pineal, também chamada epífise, André Luiz antecipou-se a algumas descobertas científicas, em período que variou de poucos anos a algumas décadas.

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Assim, o objetivo deste texto é relatar as informações de André Luiz, as quais podemos certamente considerar como antecipações de achados científicos. 


O autor espiritual utilizou em seus relatos linguagem coloquial, sem qualquer pretensão dos recursos da linguagem científica, todavia, fez descrições sobre a pineal com a segurança de quem tem pleno conhecimento e não como quem faz especulações. 


Em apenas dois capítulos trouxe volume impressionante de informações sobre a pineal e seu hormônio, em número superior ao  escrito pela ciência da época (www.pubmed.org,2015).

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Descrição do hormônio da pineal


De acordo com André Luiz, a pineal “segrega hormônios psiquícos”. 


Esse conhecimento, em 1945, era uma especulação científica. 


A melatonina, hormônio da pineal, somente foi isolada em 1958, por Lerner e colaboradores. (LERNER et al., 1958.)

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Saúde mental


André Luiz trata a pineal como a glândula da vida mental. 


Citado por André Luiz, Alexandre descreve a atividade e função da pineal sobre a vida mental com as seguintes palavras:

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– Não se trata de órgão morto, segundo velhas suposições – prosseguiu ele. 


– É a glândula da vida mental. (XAVIER, 2015.)

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Os conhecimentos científicos atuais relacionam atividade da pineal com estados de humor e a utilização da melatonina como tratamento da depressão, bem como a prevenção do mal de Alzheimer tem sido objeto de pesquisas ((KALMAN e KALMAN, 2009; QUERA SALVA et al., 2011; QUERA SALVA e HARTLEY, 2012; COMAI e GOBBI, 2013; DE BERARDIS et al., 2013; WU et al., 2013).




Pineal e função endócrina

Relata André Luiz, ainda em Missionários da luz (ibid.) que “a glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endócrino”.

As evidências científicas sugerem que a glândula pineal exerce papel de integradora do sistema neuroendócrino (hormônios e neuropeptideos que atuam no cérebro) (CARDINALI et al., 1979).


Pineal e consciência

André Luiz descreve a consciência do ser encarnado como a manifestação resultante da interação entre Espírito e cérebro, mediada pelo perispírito, ou corpo espiritual, conforme compreendemos com a leitura do livro No mundo maior, publicado em 1948 (XAVIER, 2013).

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Nesta obra, o cérebro é descrito como a interação de três compartimentos distintos, representados pelo cérebro inicial, cérebro motor e lobos frontais. A consciência e o fluxo da consciência se manifestam utilizando os recursos cerebrais das três áreas.


Uma interface entre a mente e o cérebro aparece como proposta sustentada por Eccles (1995) que considera o cérebro estrutura capaz de fazer a ligação entre a consciência (chamada pelo autor de mente autoconsciente) e a realidade exterior, ou mundo físico.

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Em Evolução em dois mundos, publicado em 1958, a relação entre pineal e consciência é descrita pelo autor com função de […] tradução e seleção dos estados mentais diversos, nos mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do discernimento […]. (XAVIER, 2014.)

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Estudos sobre meditação, que utilizaram a técnica de Ressonância Magnética Funcional (fRMI) para pesquisar possível papel da glândula pineal, evidenciaram atividade glandular durante a meditação (LIOU et al., 2005, 2006, 2007, 2010), confirmando uma das funções antecipadas por André Luiz em Evolução em dois mundos.

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As outras funções relacionando pineal e consciência parecem encontrar ressonância no conhecimento do papel da ordenação temporal sobre a memória, que é uma das atribuições importantes da consciência. 

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Armazenamos as recordações de forma ordenada temporalmente e a região cerebral conhecida como hipocampo, que envolve diversas estruturas interligadas, é ativada toda vez que fazemos evocação da memória. 


A pineal, através de seu hormônio melatonina, tem papel fundamental na ordenação temporal dos fatos e ocorre ativação da glândula toda vez em que há evocação de memória (GORFINE e ZISAPEL, 2007).


Conclusão

André Luiz antecipou-se à Ciência trazendo informações sobre a glândula pineal. Não temos elementos para considerá-lo um “revelador” da Ciência, entretanto, as informações trazidas pelo Espírito, através de Chico Xavier, somente puderam ser avaliadas (e confirmadas) mais de quatro décadas após a publicação de Missionários da luz.




REFERÊNCIAS:

CARDINALI, D. P. Cincuenta años con la piedra de la locura: apuntes autobiográficos de un científico argentino. 2014.

CARDINALI, D. P. et al. [Neurohumoral control of the pineal gland. A model for the study of neuroendocrine integrative processes]. Acta Physiologica Latino Americana, ARGENTINA, v. 29, n. 6, p. 291-304, 1979. ISSN 0001-6764. Disponível em: .

COMAI, S.; GOBBI, G. Unveiling the role of melatonin MT receptors in sleep, anxiety and other neuropsychiatric diseases: a novel target in psychopharmacology. J Psychiatry Neurosci, v. 38, n. 5, p. 130009, Aug 27 2013. ISSN 1488-2434 (Electronic) 1180-4882 (Linking).

DE BERARDIS, D. et al. The melatonergic system in mood and anxiety disorders and the role of agomelatine: implications for clinical practice. Int J Mol Sci, v. 14, n. 6, p. 12458-83, 2013. ISSN 1422-0067 (Electronic) 1422-0067 (Linking).

ECCLES, J. C. A evolução do cérebro. Lisboa: Instituto Piaget: 1995. 424 ISBN 9789729295928.

GORFINE, T.; ZISAPEL, N. Melatonin and the human hippocampus, a time dependent interplay. J Pineal Res, v. 43, n. 1, p. 80-6, Aug 2007. ISSN 0742- 3098 (Print) 0742-3098 (Linking).

KALMAN, J.; KALMAN, S. [Depression as chronobiological illness]. Neuropsychopharmacol Hung, v. 11, n. 2, p. 69- -81, Jun 2009. ISSN 1419-8711 (Print) 1419-8711 (Linking).

LERNER, A. et al. Isolation of melatonin, the pineal gland factor that lightens melanocytes. Journal of the American Chemical Society, v. 80, n. 10, p. 2587-2587, 1958. ISSN 0002-7863.

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XAVIER, F. C. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 27. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014. cap. 9, p. 68.

____. No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013

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Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)
Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE)
http://www.ipepe.com.br/indexp.html

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Fonte

ESPIRITUALIDADES. Disponível em <https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/D_autores/DAHER_Jorge_tit_Andre_Luiz_e_a_glandula_pineal.htm>. Acesso: 02 Mar 2024.

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