A Montanha
Casimiro Cunha
Dentre todas as paisagens, talvez a mais bela e estranha, é aquela que se observa na solidão da montanha.
Dura e estéril muitas vezes, deserta, triste, empedrada, a montanha nos parece a terra amaldiçoada.
Entre as rochas do seu corpo, florescem cardos somente, flores rudes e espinhosas da soledade inclemente.
Seus píncaros elevados, na figura da paisagem, chamam somente a atenção do espírito de coragem.
Comparada ao movimento do vale em relva macia, fornece a impressão penosa da aridez e da agonia.
Entretanto, em todo tempo, é a sua força que encerra o amparo cariciosa aos vales de toda a Terra.
Sem sua dureza agreste, repleta de solidão, as planícies morreriam por falta de proteção.
É ela a mão silenciosa da energia que produz; no seu cume nunca há sombras, seu dia inteiro é de luz.
No mundo, as almas do amor, mais sábias, mais elevadas, são montanhas que parecem estéreis e desprezadas.
Todavia, é o sacrifício, de sua desolação, que sustenta em toda a vida os vales da evolução.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 33, p.34.
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