O Barbicacho
Casimiro Cunha
Por vezes, na atividade das viagens, do transporte, o animal em disparada promete desastre e morte.
Por mais que sustenha a rédea e colabore o cocheiro, em tudo, paira a ameaça de rumo ao despenhadeiro.
Trabalhos imprescindíveis sofreriam dilação, se o condutor não agisse com firmeza e precisão.
Antecipando o terror da descida, abismo abaixo, o montador ou o cocheiro recorrem ao barbicacho.
Reage o animal teimoso, rebela-se e pinoteia, mas tudo cessa de pronto, na apertura da correia.
Se busca saltar de novo sob fúria mais violenta, eis que lhe vaza a boca espuma sanguinolenta.
De queixo posto no entrave, qualquer coice dado a esmo, se pode ofender os outros, dói muito mais nele mesmo.
Em pouco tempo o rebelde, agora sem mais descanso, trabalha tranquilamente humilde, bondoso e manso.
Assim, também muita gente em falsa compreensão, ao invés de trabalhar, faz queixa e reclamação.
Contudo, à beira do abismo, antes da queda ao mais baixo, recebem os linguarudos as bênçãos de um barbicacho.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 57 ,p.58.
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