O Cipó
Casimiro Cunha
Sobre a árvore frondosa que mostra calma infinita, abraçada ao tronco forte lá se vai o parasita.
Não atinge o cerne, a seiva, mas buscando a copa, as flores, enrodilha-se, teimoso, nas cascas exteriores.
Agarrado tenazmente, vai subindo vagaroso, alcançando o cume verde do arbusto generoso.
Aboletados nos cimos do castelo de verdura, o cipó audacioso aparenta grande altura.
Deita flores opulentas de expressão parasitária, avassalando a nobreza da árvore centenária.
Recebe os beijos do sol, embala-se na ternura da carícia perfumosa, da brisa mais alta e pura.
Mas, vem o dia em que o Pai, na lei de renovação, chama o tronco nobre e velho as bênçãos da mutação.
É aí que o cipó vaidoso demonstra o que não parece, voltando ao pó do chão duro, para as zonas que merece.
Quanta gente brilha ao alto, e, no fundo, inspira dó?
Há milhões de criaturas vivendo como o cipó.
Jamais olvides a lei de trabalho e obrigação, não queira mostrar-te ao alto à custa do teu irmão.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 64, p.65.
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