No
tumulto que assola em toda parte no planeta terrestre, desequilibrando o
comportamento humano, parece não haver espaço para a harmonia, tampouco
segurança para a vivência espiritual que dignifica e tranquiliza o Espírito.
As
distrações confraternizam com as tragédias e os sorrisos misturam-se às
lágrimas, numa paisagem de ilusão e dor, que empurram suas vítimas para o
desencanto, a saturação, empobrecimento moral, o vazio existencial.
Multiplicam-se,
assustadoramente, os agentes da hipnose do consumismo, em fuga espetacular da
realidade, transformando-se em mecanismos impotentes para preencher as lacunas
da alma sedenta de paz.
Ignorando-se
como adquirir a harmonia íntima, a avalanche dos prazeres apresenta-se como a
melhor maneira de desfrutar-se das horas que se vive, não conseguindo, porém,
proporcionar bem-estar, por causa da sua fugacidade.
O
número incontável de pessoas que não possui, porque desconhece, o sentido
profundo da reencarnação, encanta-se com essas fantasias que logo são
substituídas por outras, ansiosas e instáveis, que desaparecem na voragem dos
conflitos em que sucumbem, sem consciência do que lhes acontece.
Os
espetáculos de gozo imediato e fugidio apresentam-se, sempre, multiplicados,
atraindo aficionados, que se tornam vítimas do seu fascínio, logo transformado
em solidão e mentira.
Os
deuses da economia alertam e aprisionam os apaixonados pelo ter e pelo poder
nos seus cofres e máquinas de ações e de títulos, entusiasmando-os a ponto de
se escravizarem aos jogos das bolsas e negócios variáveis que propõem, segundo
eles, a felicidade.
Firmam
o conceito de que aqueles que são aquinhoados com a fortuna desfrutam da
plenitude porque podem adquirir tudo quanto emociona.
Paraísos
de indescritível beleza são-lhes oferecidos para os períodos de férias ou as
permanentes férias com a ausência dos sentimentos elevados.
Olvidam
que dinheiro nenhum consegue apagar a culpa no imo, oferecer afeto real e de
profundidade.
Somente
quando a razão abraça a emoção, em perfeita identidade de propósitos, é que o
ser pode experimentar plenitude que não tem as aparências das satisfações
fisiológicas e das apresentações exteriores em que o orgulho e a presunção
destacam-se na sociedade.
O
homem e a mulher necessitam de ideais engrandecedores para nutrir-se e crescer
interiormente.
As
aspirações meramente materiais, as que promovem o exterior, assim que
conseguidas perdem o sentido e os abandonam sem consideração.
É
nesse sentido que o Evangelho faz falta à sociedade moderna.
A
Sua mensagem de ternura e amor, repassada de misericórdia, possui o condão
mágico de alterar o significado de todas as existências.
A
ingenuidade inserta na sabedoria dos Seus ensinamentos é um poema de atualidade
em todos os tempos, que comove, propicia equilíbrio e restaura a compreensão em
torno dos deveres que a todos cabe desempenhar.
Porque
elegeu os infelizes, ergueu-os do caos em que se encontravam ao planalto da
dignidade libertadora, fez-se o mais desafiador exemplo de bondade que o mundo
conheceu, e tornou-se modelo para incontáveis discípulos fascinados pelo Seu
exemplo, que tentaram repetir a incomparável façanha da compaixão e da
caridade.
Revolucionou
as convicções, nas quais predominavam o ódio e a vingança, e estabeleceu que o
amor e o perdão constituem os elementos, únicos, aliás, p ara a completude
individual e coletiva.
Utilizou-se
de palavras simples para explicar os dramas complexos, assim como de imagens do
cotidiano para elucidar os enigmas dos comportamentos em desvalor, que
predominavam, e ninguém jamais falou conforme Ele o fez, emoldurando as
palavras com as ações candentes da compreensão do sofrimento humano.
Ninguém
valorizou a pobreza e os testemunhos de dor como instrumentos de elevação
moral, como Ele o fez.
Nestes
dias de complexas angústias, não são diferentes as aflições que necessitam da
presença e do socorro de Jesus.
Pode-se
afirmar que são mais afligentes, em razão das circunstâncias culturais e
comportamentos alienantes, dos desafios e dos impositivos enfrentados, dos
interesses em jogo, sob o domínio do ego.
Todos
esses fatores, porém, têm as suas raízes no cerne do Espírito, resultado do seu
atraso moral dos atos reprocháveis, do descaso pelos valores dignificantes que
devem servir de roteiro seguro para a evolução.
Ante
a ausência dos afetos que lenificam as aflições morais, dos desastres
resultantes dos vícios e prisões emocionais, a figura inolvidável do Rabi faz
muita falta aos deambulantes carnais.
Incontáveis
mulheres equivocadas e criaturas endemoniadas encontram-se necessitadas do Seu
amparo, cuja grandeza enfrentou a hipocrisia vigente em imorredouros
testemunhos de afetividade.
Ricos,
como Zaqueu, e miseráveis como todos aqueles que Lhe buscaram o auxílio
enxameiam e movimentam-se sem norte ante a indiferença dos poderosos, não menos
atormentados.
Quanta
saudade de Jesus!
*
Refugia-te no Amigo que não teve amigos e deixa que Ele te conduza.
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